Song to a Seagull, de Joni Mitchell
A canadiana Joni Mitchell andava há quatro anos a tocar em bares, cafés, clubes e, na falta de melhor alternativa, na rua, primeiro no Ontario e depois em Detroit, para onde se mudou quando se casou, aos 21 anos, com Chuck Mitchell, um cantor folk do Michigan. O casamento, que fora decidido 36 horas após ambos de se terem conhecido, não durou muito e Mitchell decidiu tentar a sorte em Nova Iorque. Algumas canções compostas por si tornaram-se sucessos na voz de outros cantores – “Both Sides Now” e “Michael From Mountains”, por Judy Collins, por exemplo – mas Mitchell continuou na sombra até que David Crosby a ouviu num clube na Florida e ficou tão impressionado que conseguiu não só convencer a Reprise a gravar-lhe o álbum de estreia como a fazê-lo de uma forma despojada – voz e guitarra ou piano –, sem os arranjos farfalhudos usuais nos discos folk da época, colocando em evidência a sua voz cristalina e expressiva e o apuro do seu songwriting.
O álbum Song to a Seagull, também conhecido como Joni Mitchell, mal conseguiu erguer-se acima do lugar 200 do Top, mas estava dado o primeiro passo numa carreira que levaria a cantora canadiana a ser reconhecida como uma das mais importantes vozes dos anos 70.