Vijay Iyer
©Jimmy KatzVijay Iyer
©Jimmy Katz

Melhores discos do ano 2017: Jazz

Tubistas noruegueses em excursão pelo Curdistão, saxofonistas canadianos disfarçados de gorila... foi assim o jazz em 2017

Publicidade

O público é escasso – excepto para esse pegajoso ludíbrio que é o smooth jazz – e os media só falam dele para chorar lágrimas de crocodilo pelo desaparecimento de alguma velha glória dos anos 50, mas o jazz está mais vivo do que nunca e os lançamentos de discos crescem em número e diversidade. Há muito que os EUA perderam o estatuto de super-potência indiscutível e são apenas um protagonista entre outros num mundo multipolar (em que a Escandinávia, o Canadá ou a Suíça também têm voz) e de fronteiras cada vez mais irrelevantes.

Melhores Discos do ano 2017: Jazz

Tim Berne’s Snakeoil: Incidentals (ECM/Distrijazz)

Ao quinto álbum, o quinteto Snakeoil, do saxofonista Tim Berne, atingiu um entrosamento perfeito. As suas faixas desenrolam-se lentamente, revelando uma paisagem sonora rica em eventos e em permanente mutação.

[“Incidentals Contact”, uma das composições do álbum Incidentals, em versão ao vivo registada no centro de artes Roulette, Nova Iorque, 2013]

Gorilla Mask: Iron Lung (Clean Feed)

O trio do saxofonista canadiano Peter van Huffel é um exemplo de como a agressividade, quando orientada pela inteligência e condimentada pela subversão, pode gerar música formidável.

[“Chained”]

Publicidade

Daniel Herskedal: The Roc (Edition Records/Karonte)

Uma improvável aliança de tuba, viola, violoncelo, piano e percussão esbate fronteiras entre jazz e tradições do Médio Oriente, num disco que ombreia com os melhores de Abou-Khalil e García-Fons.

Vijay Iyer Sextet: Far from over (ECM/Distrijazz)

O pianista adicionou três sopradores de elite ao seu trio, alimentou o sexteto com composições complexas e irrequietas e logrou o seu melhor disco na ECM.

Publicidade

Dave Liebman & Joe Lovano: Compassion: The Music of John Coltrane (Resonance/Distrijazz)

Uma variante do super-grupo Saxophone Summit realizou uma gravação para a BBC em 2007 para assinalar o 40.º aniversário da morte de Coltrane. O registo, inédito, foi agora lançado por uma editora especializada em “trabalho arqueológico”.

Marius Neset & London Sinfonietta: Snowmelt (ACT/Karonte)

A aliança do saxofonista norueguês Marius Neset com um trio de jazz de alta voltagem e a London Sinfonietta traz sofisticação e um colorido deslumbrante sem comprometer a espontaneidade do jazz.

Publicidade

Aaron Parks: Find the Way (ECM/Distrijazz)

No seu 2.º disco na ECM, o pianista aliou-se aos veteranos Ben Street (contrabaixo) e Billy Hart (bateria) para gerar música diáfana e imponderável.

[“Isle of Everything” e “Hold Music” (uma das composições de Find the Way), em versões ao vivo no Jimmy Glass Jazz Bar, 2017 (com qualidade de som muito longe da ideal)]

Aki Rissanen: Another North (Edition Records/Karonte)

O título é justificado, pois o 2.º CD do trio do pianista finlandês contraria a imagem corrente do jazz nórdico, depurado, planante e contemplativo; em vez disso há ritmos quebrados e uma incessante turbulência.

Publicidade

Colin Vallon: Danse (ECM/Distrijazz)

Mais um disco magistral do trio do pianista suíço, que prossegue a exploração de um lirismo depurado e fluido. É uma dança em sonhos, que nunca chega a tocar com os pés no chão.

[“Tsunami”]

John Zorn/Brian Marsella Trio: The Book of Angels vol.31: Buer (Tzadik)

Brian Marsella (piano), Trevor Dunn (contrabaixo) e Kenny Wollesen (bateria) injectam vigor renovado nas composições de sabor klezmer de Zorn. Um dos CDs mais azougados desta longa saga.

[“Parymel”]

Best of 2017

  • Cinemas
Os melhores filmes de 2017
Os melhores filmes de 2017

Cada final de ano, na altura dos habituais balanços, e no que ao cinema diz respeito, chegamos sempre à mesma conclusão. Começámos pouco optimistas em relação à qualidade dos filmes que íamos ver; e acabámos com a satisfação de que vimos suficientes bons filmes para elaborar uma lista com os dez melhores, e ainda ficam de fora uns quantos que também lá cabiam perfeitamente. 

  • Filmes
O ano de 2017 assistiu à estreia de vários filmes portugueses com muita qualidade. Na ficção, como Fátima, de João Canijo, São Jorge, de Marco Martins, ou Fábrica de Nada, de Pedro Pinho. E no campo do documentário, onde se destacaram Ama-San, de Cláudia Varejão, e Nos Interstícios da Realidade ou o Cinema de António de Macedo, de João Monteiro.
Publicidade
  • Música
A música portuguesa vive dias bons. Com bandas e artistas a falarem a sua língua e a produzirem canções que reflectem o país e o presente. Do indie rock português das Pega Monstro e Putas Bêbadas às batidas afromecânicas de Nídia e DJ Lycox, passando pela folk lisboeta de Éme e Luís Severo, o hip-hop de Slow J e os Orelha Negra ou o fado de Camané. Estes foram os melhores discos do ano.
Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade