Bad Gyal
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Bad Gyal: “As mulheres sempre se sentiram empoderadas pelo reggaeton”

Entrevista a Bad Gyal, uma das principais vozes da música urbana catalã. E uma das estrelas do Jameson Urban Routes

Luís Filipe Rodrigues
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Bad Gyal é um nome cada vez mais sonante da música urbana latina. E o maior nome confirmado para o festival Jameson Urban Routes, que arranca esta terça-feira no Musicbox e se prolonga até sábado 26.

A cantora catalã de 22 anos, que se move entre o reggaeton, o trap e o dancehall, apresentou-se ao mundo em 2016 e encontra-se em altas. Assinou há uns meses pelos selos Interscope e Aftercluv, da Universal, e está a trabalhar no primeiro álbum, depois de um par de mixtapes e uma sucessão de singles que pegaram fogo online. Actua na madrugada de sexta 25 para 26, no Cais do Sodré, e os bilhetes para o concerto estão quase esgotados – se é que não esgotaram entretanto.

 

As tuas canções oscilam entre o reggaeton, o dancehall e o trap latino. Às vezes, ouvimos isto tudo na mesmo faixa. Como é que defines o teu som?

Diria apenas que faço música de dança. Música para a discoteca.

Dantes, o reggaeton era mal visto. Mas hoje os maiores nomes do género actuam em festivais como o Primavera ou o Sónar, e são elogiados em jornais e sites de referência. O que mudou?

O reggaeton sempre foi um género popular. É verdade que estava mal visto, mas eu e as minhas amigas ouvíamos muita música de Porto Rico, muito reggaeton, com 12 anos, na escola. Quem não gostava daquilo eram os nossos pais.

Mas não sentes que houve uma mudança na maneira como o género é visto?

Claro que houve. Só queria deixar claro que já tinha havido uma geração que sentiu e viveu muito o reggaeton. A diferença é que agora qualquer tipo de pessoa, de público, ouve este género de música. Isso acontece, em parte, porque o reggaeton que ouvíamos quando eu era mais nova é muito diferente do que está na moda agora.

Entre outras coisas, agora, tens mais mulheres a darem cartas no reggaeton, um género historicamente machista, e a subverterem as suas convenções.

Mas as mulheres sempre gostaram e se sentiram motivadas pelo reggaeton. Empoderadas, mesmo. É claro que havia e há machismo, mas a maneira como as pessoas são influenciadas e interpretam a música varia muito. E não te esqueças que estas mulheres que hoje fazem um reggaeton diferente, e com outra atitude, foram muito influenciadas ¬
pelos homens que vieram antes.

O teu pai, Eduard Farelo, é actor. Crescer numa família ligada ao mundo das artes influenciou-te de alguma forma?

Acho que o meu pai me influenciou, mas não directamente. Talvez tenha herdado a veia artística dele, mas segui um caminho completamente diferente. Nunca considerei ser actriz, nem entrar no mundo dele. A música sempre foi a minha paixão.

Assinaste este ano por uma grande editora, a Interscope. Ao mesmo tempo, a Rosalía tem um sucesso internacional considerável. Nunca se tinha assistido a nada assim, com esta repercussão global, na pop catalã. Porquê agora?

É muito difícil comparar o que eu faço com o que a Rosalía faz. Os nossos percursos foram muito diferentes. Ela começou logo a trabalhar com uma grande editora. Parece-me que tinha uma noção clara do que queria fazer, uma estratégia. E conseguiu concretizar os seus planos porque ela é muito boa naquilo que faz. O meu caso não tem nada a ver. Comecei a fazer música em casa, sem saber muito bem o que estava a fazer. E fui crescendo organicamente até chegar aqui. Tenho ambições, e ainda quero chegar mais longe, mas nada disto foi planeado.

Vamos então concentrar-nos em ti. Como é que assinares por uma multinacional mudou a tua maneira de trabalhar, se é que mudou alguma coisa?

O facto de estar numa grande editora abre-me portas e dá-me a possibilidade de trabalhar com produtores óptimos nos Estados Unidos. E por enquanto continuam a dar-me muita liberdade criativa. Ninguém me diz que tenho de fazer isto ou aquilo. Só faço o que quero.

Tens medo de perder essa liberdade?

Não me parece que as coisas vão mudar. Eu tinha muito medo disso antes de assinar o contrato. Mas, honestamente, também foi por isso que demorei tanto tempo a dar este salto. Porque queria garantir a minha independência e liberdade.

E para quando o primeiro álbum?

Estou a trabalhar nisso. Com calma.

Conversa afinada

  • Música

Noah Lennox, vulgo Panda Bear, é um dos mais influentes músicos independentes deste século. A viver em Lisboa há mais de uma década, foi responsável por discos seminais como Person Pitch, de 2007, ou Merriweather Post Pavillion (2009), dos Animal Collective, mas isso não lhe subiu à cabeça. Falámos sobre o novo álbum, Buoys.

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