“The Beatles and The Stones”, de The House of Love
Figuras: The Beatles (1960-70) e The Rolling Stones (1962-?)
Por vezes esquecemo-nos de como a “youth culture” é um fenómeno muito recente e que foi na década de 1960 que se operaram mudanças dramáticas que autonomizaram a “cultura jovem” e a puseram em colisão com o establishment. A música pop desempenhou papel decisivo nessa mudança de comportamentos e mentalidades – a que não será excessivo chamar “revolução” – e os Beatles e os Stones, as bandas mais populares dessa década junto dos jovens, foram nela actores principais. Já em 1967, no poema “Annus Mirabilis”, Philip Larkin reconhecia o papel desempenhado pela pop na evolução das convenções sexuais, com os célebres versos “Sexual intercourse began/ In nineteen sixty-three/ Between the end of the ‘Chatterley’ ban/ And the Beatles’ first LP”.
[“Revolution”, pelos Beatles, ao vivo, em 1968, nos Twickenham Film Studios]
Mais de duas décadas passadas sobre os eventos, os londrinos House of Love, lançaram esta canção sobre o que terá sido ser adolescente na década de 60 (algo que eles eram novos demais para terem experimentado). “The Beatles and the Stones” faz referência à contestação à Guerra do Vietname, mas também sugere que a música pop também acabou por promover o individualismo e a solidão – “made it good to be alone”. A canção, cujo single chegou ao lugar 36 do top britânico, faz parte do segundo álbum da banda, The House of Love (1990), por vezes designado por “Butterfly” para o distinguir do primeiro, com o mesmo título, de 1988. Os House of Love, apesar da sua sonoridade enraizada no pós-punk britânico dos 80s, tinha influências de Beatles e a banda incluiu uma cover de “It’s All Too Much” no EP Feel (1992).