A autorreferência é um mecanismo relativamente banal na arte. Por exemplo, poemas que se queixam de como as palavras não lhes bastam para dizerem tudo o que precisam dizer, é mato. Nos textos cantados é especialmente frequente encontrar esse tipo de truque estilístico, em particular em canções que se põem a falar sobre canções de amor para, de forma mais ou menos discreta, fingirem que não são elas próprias canções de amor, bajoujas e piegas como todas as canções de amor devem ser.
Janeiro é altura de balanços, de mudanças e promessas de melhoramento pessoal que não tardam muito a ser quebradas. Talvez por isso, ou por causa do frio que se costuma sentir, os concertos não abundam – a agenda ainda vai encher-se um pouco mais, de semana para semana, mas não muito. O que não quer dizer que não haja quem se esforce para nos fazer sair de casa. Gente boa como Gisela João, os Best Youth, LINA_ ou Sallim. E, claro, as parelhas do ciclo Conta-me uma canção.
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