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Dez bandas indie islandesas que precisa de ouvir

É um enigma: como é que um país com 350.000 habitantes consegue gerar uma selecção de futebol e uma constelação de bandas de fazer inveja?

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Talvez o clima ajude a explicar a proliferação de bandas islandesas: sendo inóspito, ou até mesmo agreste, durante a maior parte do ano, faz as pessoas ficarem em casa a ler ou ouvir música... ou a fazer música. O facto de ocupar o sexto lugar no ranking de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas também pode contribuir para elucidar o enigma. Uma vez que a área metropolitana de Reikjavík, concentra 2/3 da população da ilha, é inevitável que a maioria das bandas tenha nascido na capital ou nela tenha fixado a base de operações.

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Dez bandas indie islandesas que precisa de ouvir

Sugarcubes

Início: 1986

Foi com os Sugarcubes que o mundo primeiro deu pela existência do vulcão de talento que é a Islândia. O single “Ammaeli” (“aniversário”, em islandês) foi lançado a 21 de Novembro de 1986, o dia de aniversário de Björk Gudmundsdóttir, a principal voz do grupo, que então se chamava Sykurmolarnir (“cubos de açúcar”). Em Agosto de 1987, a versão cantada em inglês do single, “Birthday”, foi lançada internacionalmente, já sob o nome de Sugarcubes, conquistando a Europa e os EUA e preparando o terreno para o sucesso do primeiro álbum, Life’s Too Good (1988). Os Sugarcubes eram, à minúscula escala islandesa, um “super-grupo”, uma vez que os seus membros já tinham experiência noutras formações, e praticavam uma declinação festiva e luminosa do post-rock dos 80s. Lançaram mais dois álbuns, Here Today, Tomorrow Next Week! (1989) e Stick Around for Joy (1992), e dissolveram-se em 1992.

[“Birthday”]

Björk

Início: 1993

Antes de formar os Sugarcubes, a pixie endiabrada que dá pelo nome de Björk Gudmundsdóttir (n.1965) já gravara um álbum em nome próprio aos 11 anos (!) e, aos 14 anos, entrara para os Exodus (que tinha como baixista Skúli Sverrisson, que viria a tornar-se nome cimeiro do jazz de vanguarda), passando depois para os Tappi Tíkarrass (combinando influências de Siouxsie and the Banshees e The Cure). Com o fim dos Sugarcubes, mudou-se para Londres e iniciou carreira a solo, usando apenas o nome próprio, dada a compreensível dificuldade do mundo não islandês em pronunciar Gudmundsdóttir. Estreou-se em 1993 com um álbum cujo título, Debut, era pouco imaginativo (e pouco verdadeiro), ao contrário do seu conteúdo, que oferecia uma refrescante aliança de pop, música de dança e electrónica. Os álbuns seguintes, meticulosamente arranjados e produzidos por nomes cimeiros do meio musical e com vasta lista de músicos convidados, foram incorporando influências variadas de música industrial, trip hop, músicas do mundo e elaborados arranjos orquestrais e vocais. Post (1995), Homogenic (1997), Vespertine (2001) ou Medúlla (2004) são obras-primas indispensáveis em qualquer discoteca.

[“Army of Me”, do álbum Post]

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Sigur Rós

Início: 1994

Von, o primeiro álbum dos Sigur Rós, vendeu 313 exemplares na Islândia nos 12 meses após o seu lançamento, em 1997, e não despertou maior interesse no resto do mundo. No segundo álbum, Ágaetis Byrjun (1999), as paisagens sonoras austeras e rarefeitas ganharam animação e densidade e o disco subiu ao top islandês – com algum atraso, acabou por chegar aos mercados britânico e norte-americano e receber calorosos elogios. O resto do mundo começava a perceber que os Sugarcubes e Björk não eram “acidentes” e que o pedregoso e gélido terreno da Islândia era particularmente favorável à música.

Ao contrário dos Sugarcubes e de Björk, os Sigur Rós mantiveram-se, essencialmente, fiéis à sua língua materna ou ao que designam como “vonlenska” (ou “hopelandic”), uma linguagem inventada e sem sentido – só em “All Alright”, do álbum Med Sud i Eyrum Vid Spilum Endalaust (2008), recorreram ao inglês pela primeira vez, o que não seria uma escolha sensata para quem tenha a ambição de conquistar o sucesso planetário. Mas a verdade é que na música dos Sigur Rós as palavras não desempenham um papel crucial, sendo as vozes (quase sempre em falsete) apenas mais um elemento na majestosa tapeçaria sonora que funde post-rock e música de câmara minimal.

[“Hoppípolla” (que significa “saltar dentro de charcos”), do álbum Takk... (2005)]

Múm

Início: 1997

Os Múm, que se estrearam em 2000 com o álbum Yesterday Was Dramatic, Today Is OK, foram a quarta banda islandesa a obter alguma projecção internacional e confirmavam que a música vinda daquela ilha isolada no meio do Atlântico Norte tinha uma particular propensão para não se conformar aos cânones da pop. A banda, que começou como quarteto e depois foi crescendo até ao formato de octeto (a que se somam convidados pontuais) combina instrumentos acústicos (guitarras, harpa, xilofone, sopros, cordas) e electrónica (por vezes “suja” e “rugosa”) numa atmosfera de conto de fadas, em que o tom ingénuo e pueril oculta um aturado trabalho de pesquisa e arranjos e inquietações existenciais.

[“The Ballad of the Broken Birdies Records”, do álbum Yesterday Was Dramatic, Today Is OK]

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Seabear

Início: 2003

Nasceram como projecto a solo de Sindri Már Sigfússon e foram crescendo até se fixarem num total de sete elementos. Têm dois álbuns editados, The Ghost That Carried Us Away (2007) e We Built a Fire (2010), preenchidos com uma folk onírica e intimista, colorida por um instrumentário alargado, com cordas e sopros.

[“I’ll Build You a Fire”, do álbum We Built a Fire]

Mammút

Início: 2004

As Mammút começaram em 2003 como trio feminino sob o nome de ROK e só ganharam o nome definitivo no ano seguinte, quando recrutaram um baixista e um baterista para a formação. Nos três primeiros álbuns – Mammút (2006), Karkari (2008) e Komdu Til Mín Svarta Systir (2013) – Katrína Mogensen cantou em islandês e só no opus 4, Kinder Versions, cantado em inglês e editado pela editora britânica Bella Union, o grupo alcançou a (merecida) projecção internacional.

[“What’s Your Secret?”, do álbum Kinder Versions]

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Feldberg

Início: 2009

O duo Einar Tönsberg e Rósa Birgitta Ísfeld, que se apresenta sob o nome de Feldberg, estreou-se em 2009 com o álbum Don’t Be a Stranger, que causou suficiente sensação na Islândia (“Dreamin’” foi eleita canção do ano nos Prémios Musicais Islandeses) para que fosse editado no Japão e no Reino Unido, mas, ainda que “Dreamin’” tenha sido usada como banda sonora a bordo dos aviões da Icelandair, a carreira do grupo não levantou voo e não surgiu ainda um sucessor de Don’t Be a Stranger, apenas um single em 2010 e outro em 2015.

[“Dreamin’”, do álbum Don’t Be a Stranger]

Of Monsters and Men

Início: 2010

A repartição das responsabilidades vocais por uma dupla masculina/feminina, as canções que começam com uma voz e uma guitarra acústica e acabam numa exaltação sinfónica à beira da apoplexia, as melodias arrebatadoras, os coros épicos e até a forma como se apresentam ao vivo, com o quinteto base reforçado por quatro músicos, que se desdobram por um instrumentário que inclui acordeão, trompete e trombone, torna inevitável a comparação entre os Of Monsters and Men e os canadianos Arcade Fire dos primeiros tempos. Os islandeses estrearam-se com o excelente My Head Is an Animal (2011), seguido pelo um pouco menos inspirado Beneath the Skin (2015).

[“Little Talks”, do álbum My Head Is an Animal]

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Samaris

Início: 2011

O trio Samaris – voz, clarinete e electrónica – venceu, como outros nomes desta lista, o concurso anual de bandas islandesas e obteve um contrato com a editora londrina One Little Indian – que também lançou os Sugarcubes e Björk – e foi para ela que gravaram três álbuns de originais, Samaris (2013), Silkidrangar (2014) e Black Lights (2016).

[“Wanted 2 Say”, do álbum Black Lights]

Bagdad Brothers

Início: 2017

Bjarni Daníel (voz e guitarra) e Sigurpáll Viggó (guitarra) não são irmãos (embora sejam amigos desde a infância), têm base em Reikjavík e não em Bagdad e é escusado buscar vestígios de tradições iraquianas na sua música, que faz lembrar uma versão açucarada dos Kings of Convenience (a voz de Daníel pode mesmo ser demasiado melosa para muitos ouvidos). Depois de tocarem juntos em várias bandas, entenderam que a atmosfera musical islandesa era demasiado sombria e decidiram enveredar, sob o nome de Bagdad Brothers, por uma via mais soalheira e distendida; estrearam-se em 2017 com o álbum Jazz Kid’s Summer Project, seguido em Fevereiro de 2019 pelo EP Sorry.

[“Carlos í Mölinni”, do álbum Jazz Kid’s Summer Project]

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