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Dez canções para ouvir à luz das estrelas

Das décadas de 70 e 80 até aos dias de hoje, não faltam pérolas sobre as estrelas, algumas tão boas que nos conseguem até levar ao céu.

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É verdade que a poluição luminosa tem vindo a arruinar o espectáculo do céu nocturno, mas nem por isso este deixou de ser uma forte inspiração para os escritores de canções pop. Das décadas de 70 e 80 até aos dias de hoje, não faltam pérolas sobre as estrelas, algumas tão boas que nos conseguem até levar ao céu. No dia em que, provavelmente, vai andar de cabeça no ar a olhar para as estrelas à procura do eclipse total da lua, o maior do século XXI, deixamos-lhe uma banda sonora para acompanhar. São dez canções para ouvir à luz das estrelas.

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10 canções para ouvir à luz das estrelas

“Stars Are Stars”, dos Echo and the Bunnymen

A viragem dos anos 70-80 foi um período crucial da história da música e entre os álbuns que anunciaram uma nova era esteve a estreia dos Echo and the Bunnymen, Crocodiles (1980): espectral, despojado, expressionista, angustiado, com um entrelaçamento de guitarras tributário dos Television, uma sofisticação invulgar nas bandas de post-punk e um vocalista (Ian McCulloch) de autoridade inquestionável e soberbo sentido dramático. “Stars Are Stars” sintetiza bem o imaginário torturado e nocturno da banda. “O céu parece cheio/ Quando estás no berço/ A chuva cairá/ E arrastará os teus sonhos/ As estrelas são as estrelas/ E o seu brilho é duro”.

“By Starlight”, dos Smashing Pumpkins

Como acontecia em Siamese Dream (1993), também o álbum Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995) desemboca, após todo o torvelinho de angst e fúria, em duas canções em tom apaziguado. Mas enquanto “Luna”, de Siamese Dream (ver 10 canções para ouvir ao luar), é uma declaração de amor eterno sob a luz da lua, em “By Starlight” as juras de amor fazem-se à luz das estrelas. Porém, ao fitar os olhos do seu amor, Billy Corgan vislumbra neles o reflexo da sua tristeza e solidão: olhos mortos, vazios como o mar. Ele, que sabe que também a sua vida tem sido vazia e falsa, pergunta-se se também ela será de ver nos seus olhos o vazio e a falsidade. Tanta doçura e tanta amargura numa mesma canção...

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“Stars”, dos Hum

Poucas bandas souberam combinar melodias vocais melancólicas e magoadas com riffs de guitarra demolidores e rolos compressores de bateria como os Smashing Pumpkins. Entre os seus rivais nesta espinhosa arte estavam os Hum, um quarteto formado na mesma altura (os Hum em 1989, os Pumpkins em 1989) e no mesmo estado (Illinois: os Hum em Champaign, os Smashing Pumpkins em Chicago) e com o mesmo fascínio por um som de guitarra maciço e rugoso, pelo psicadelismo e pelo imaginário da ficção científica, como atesta o título do segundo álbum dos Hum, You’d Prefer an Astronaut, de 1995.

Porém, os Hum estiveram longe de desfrutar do sucesso dos Pumpkins e o seu momento de maior visibilidade foi com a canção “Stars”: “Ela julga ter perdido o comboio para Marte/ E está lá fora a contar estrelas”.

“Desired Constellation”, de Björk

“Uma mão cheia de estrelas/ Lanço-os como dados (repetidamente)/ Sobre a mesa (repetidamente)/ Agito-as como dados/ E atiro-as sobre a mesa repetidamente (repetidamente)/ Até que a constelação desejada apareça”.

A canção, que faz parte de Medúlla (2004), o quinto álbum da islandesa Björk, é feita só de voz, cintilações electrónicas, crepitar de insectos nocturnos e o remoer de uma consciência pouca tranquila: “É complicado quando sentes que alguém/ Cometeu um pecado por ti/ Sentes-te em terreno movediço quando o teu sentido de justiça/ Resmoneia e te pergunta/ ‘Que vais fazer para reparar este erro?’”.

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“Bright Stars Burning”, dos Hey Marseilles

É uma canção sobre uma relação amorosa a desfazer-se, mas em que a personagem que canta continua a depositar fé: “Os céus de Verão não têm o mesmo esplendor/ O frio do Inverno não embotará a dor/ [...] Ao fim de todos estes anos/ Continuas a viver aqui/ Apesar de todas as razões em contrário/ [...] Sob o brilho ardente das estrelas, escolheremos o nosso próprio desenlace”.

Num teste de olhos vendados, poderia ser atribuída a Death Cab For Cutie – o mesmo tipo de linhas melódicas, a mesma sofisticação dos arranjos – e não seria, em termos geográficos, um tiro muito longe do alvo, pois ambas as bandas são do estado de Washington, os Death Cab For Cutie de Bellingham, os Hey Marseilles de Seattle. Faz parte do segundo álbum da banda, Lines We Trace (2013).

“Stars”, de Angel Olsen

Após alguns anos a fazer coros na banda de Will Oldham, Angel Olsen revelou ao mundo que possuía uma voz própria com Half Way Home (2012), que passou despercebido, e Burn Your Fire For No Witness (2014), que foi cumulado de (merecidos) elogios. “Stars” faz parte do segundo álbum e é a expressão intensa de alguém que ambiciona ter/ser “a voz de tudo”, para cantar os animais, a Terra e as estrelas – uma ambição de abraçar o universo que surge como resposta a uma relação amorosa sufocante: “Acho que tu gostas de me ver perder a cabeça/ Tratas-me como uma criança, deixas-me furiosa e cega/ Sinto tanta coisa ao mesmo tempo, que podia gritar”.

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“Pleiades”, dos Lite

As Plêiades são um aglomerado de estrelas a 444 anos-luz da Terra, também conhecido como Sete Irmãs ou sete-estrelo, por possuir sete estrelas visíveis a olho nu (seis, segundo outros critérios e outras culturas). O número de Plêiades é porém muito maior: quando assestou nelas o seu telescópio rudimentar, Galileu contou 36, mas na verdade serão à volta de meio milhar. O fulgor do seu brilho azulado não deixou indiferentes nenhum povo do planeta, dos aborígenes australianos aos gregos antigos (que lhes deram o nome por que hoje são conhecidas).

“Pleiades” faz parte de Installation (2013), o quarto álbum dos Lite (sexto se contarmos com dois mini-álbuns), um quarteto de math rock de Tóquio. No Japão, as Plêiades começaram por ser designadas por Mutsuraboshi (que significa “seis estrelas”) e são hoje designadas por Subaru (se conferir o logotipo da marca de automóveis homónima, lá encontrará as seis estrelas).

“Under Cold Blue Stars”, de Josh Rouse

As canções de Under Cold Blue Stars (2002), o terceiro álbum de Rouse, são vagamente unidas por um conceito: a vida de um músico originário na América profunda (como Rouse, que nasceu em Oshkosh, no Nebraska), em início de carreira, dividido entre os sonhos de jovem – fazer da música a sua vida – e as responsabilidades de adulto – ter de prover ao sustento da família. Apesar da sua aparência cool e descontraída e do registo soul-funk macio e aéreo, a letra da canção que dá título ao álbum espelha bem essa tensão: “Sob as estrelas frias e azuis, vagueias pelo pátio/ É o que acontece aos sonhos quando a vida se torna difícil e a criança vive dentro de ti”.

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“Oh, My Stars”, de Nina Nastasia

“Oh, estrelas minhas/ Deveis tê-lo visto/ Do céu caiu/ Um bocado de gelo/ Sobre o passeio/ Onde poisam os pombos/ Num instante/ Todos desapareceram”. É uma história enigmática contada/cantada sobre um fundo minimal, cujo torpor é quebrado por imprevisíveis ruídos metálicos (uma alusão ao gelo caído do céu?).

A canção faz parte de The Blackened Air (2002), o segundo álbum de Nina Nastasia, que teve a particularidade de ter sido gravado ao vivo em estúdio por mestre Steve Albini.

“Maps and Constellations”, dos Stars As Lights

As estrelas estão presentes também no título do álbum, Constellations (2016), e no nome da banda, que, na verdade se resume a um único elemento, o finlandês Lauri Paavolainen, que não só é autor da música como toca todos os instrumentos e assegura todas as fases da produção do disco (gravação, mistura, mastering). Os Stars As Lights filiam-se na vertente mais melancólica e ambiental do post-rock e têm parentesco chegado com os americanos If These Trees Could Talk.

Concertos em Lisboa

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Por toda a cidade há concertos. Há bandas de rock e suas derivações, artistas populares de diferentes proveniências, metais leves e pesados, música portuguesa e estrangeira, inevitavelmente americana mas não só. Há concertos para todos os gostos e carteiras, é o que queremos dizer. Só que nem todos são iguais. Alguns valem mais a pena do que o resto, uns são potenciais surpresas enquanto outros são valores mais ou menos seguros, e por isso toda a informação ajuda. Siga as nossas sugestões dos melhores concertos em Lisboa esta semana. 

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Em igrejas barrocas profusamente decoradas com talha dourada e no espaço despido de antigas fábricas. Em grandes auditórios e em bares tão pequenos que os músicos ocupam metade do espaço disponível. Por um saxofonista solitário e pelos cem músicos de uma orquestra sinfónica. Por músicos que há mais de meio século pisam os mais prestigiados palcos do mundo e miúdos que ainda andam na escola. Visando recriar com máxima fidelidade as sonoridades de tempos passados ou apostando na miscigenação, desfazendo barreiras, sobrepondo épocas e baralhando geografias. Com música minuciosamente ensaiada ou criada no momento por músicos que se encontram pela primeira vez. Há concertos de jazz e música clássica em Lisboa para todos os gostos e circunstâncias e esta selecção reflecte essa variedade. 

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