O panorama político internacional dá sinais inquietantes e o Jazz em Agosto não podia ficar-lhe indiferente. A sua programação sempre privilegiou o lado mais desalinhado e irreverente do jazz, mas este ano decidiu partir para a confrontação – no sentido civilizado do termo – e preparou um cartaz dominado pelo “jazz de combate”.
Dado o contexto da sua origem, o jazz sempre conteve um veio de insubmissão, embora esta tenha ficado esquecida por as elites o terem domesticado e convertido em música de fundo para degustar whiskeys irlandeses de 12 anos – como, há muitos anos, foi abruptamente exposto por Vini Reily, numa das suas primeiras visitas a Portugal, “o jazz era a música dos negros pobres, agora é a música dos brancos ricos”. A maior parte do jazz que vai ouvir-se em Agosto próximo na Fundação Gulbenkian não ambiciona servir de aveludado pano de fundo a discussões sobre os méritos e deméritos dos blended whiskeys face aos single malts, mas sim mudar o mundo.
[todos os concertos na Fundação Gulbenkian (pequeno auditório e anfiteatro ao ar livre), durante o mês de Agosto]