Há festivais e festivais. E depois há o MIL – Lisbon International Music Network, cuja terceira edição se realiza entre quarta e quinta-feira em vários pontos da cidade. Durante a noite, é um festival de música e há concertos espalhados por dez clubes e salas de concertos do Cais do Sodré – B.Leza, Estúdio Time Out, Lisboa Rio, Lounge, Musicbox, Roterdão, Sabotage, Titanic Sur Mer, Tokyo, Viking. De dia, é uma convenção e há workshops, conversas, apresentações e muitas oportunidades para fazer e trocar contactos no Palacete dos Marqueses de Pombal.
A organização sabe que os públicos do festival e da convenção não são exactamente iguais. E isso não é um problema. “Para o público geral, o MIL é um festival onde se vai descobrir aquilo que vai ser grande daqui a dois ou três anos. Que ainda pode estar numa fase embrionária, e mesmo assim uma pessoa ouve e percebe que é do caraças”, diz o programador Pedro Azevedo, que juntamente com o resto da equipa do Musicbox idealiza e organiza o MIL desde 2017. “São mais de 70 artistas, de todos os géneros, e a maior parte das pessoas conhece menos de metade, mas é impossível não descobrir aqui algo de que vai gostar.”
“Para o público profissional, o MIL é [uma convenção e] um festival que tem como arma principal a ligação com a América do Sul, e o Brasil em particular, e futuramente vai começar a olhar para a Ásia”, continua o organizador. Há a tentação de comparar isto a uma espécie de Web Summit da música, no entanto Pedro Azevedo prefere mencionar eventos estrangeiros semelhantes, como o Eurosonic ou o SIM São Paulo. “Isto funciona muito como uma mostra de importação e exportação. Tal como queremos mandar lá para fora portugueses, também trazemos artistas estrangeiros.”
Como o MIL fala para vários públicos, há vários tipos de bilhetes. Para os profissionais da indústria musical e outros interessados estão à venda ingressos de 70 euros que dão acesso a uma base de dados com contactos de personalidades e empresas do sector, além de garantirem a entrada nas conferências e em todas as actuações. Quem só quiser ouvir música pode pagar 20 euros por um passe que dá livre-trânsito para os concertos de quinta e sexta-feira; ou gastar 30 euros para, além dos concertos de quinta e sexta, entrar na festa de abertura de quarta-feira, no B.Leza, e receber um saco de pano de recordação.
Quando se pergunta à organização o que há de novo nesta edição, a resposta é que "há mais artistas e mais profissionais presentes.” Ou seja, a ideia central continua a ser a mesma: dar a ouvir música nova ao público nacional e exportar a música portuguesa e lusófona para o mundo. Porém, a dimensão e ambição são cada vez maiores. Se mesmo assim tivéssemos de destacar uma novidade, seria o olhar cada vez mais atento para o Brasil, com concertos de muitos artistas de lá e uma séries de conversas e discussões sobre o presente e o futuro da música brasileira. De resto, é o costume. Debates interessantes, concertos surpreendentes. Uma festa.