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©OKeefe Music Foundation
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Oito canções metálicas por músicos de palmo e meio

Nos modernos concursos de jovens talentos – herdeiros do famigerado Zecchino d’Oro – o repertório costuma ser açucarado e colorido, mas os verdadeiros interesses musicais dos miúdos são outros – e bem mais tenebrosos

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Oito canções metálicas por músicos de palmo e meio

“Forty Six & 2”, dos Tool

A canção faz parte de Aenima (1996), o segundo álbum dos Tool. A complexidade do prog metal que praticam leva a que os seus discos sejam de feitura laboriosa, o que explica, em parte, que só tenham lançado quatro em 28 anos de existência (a dispersão do vocalista Maynard James Keenan pelos projectos A Perfect Circle e Puscifer e as disputas legais com a editora Volcano explicam outra parte).

A O’Keefe Music Foundation é uma instituição sem fins lucrativos cuja finalidade é fomentar o gosto pela música e pelo trabalho em equipa em crianças e adolescentes, facultando-lhes instrumentos de qualidade, orientação e a possibilidade de gravar gratuitamente, num estúdio profissional, as canções de que mais gostam, Esta versão de “Forty Six & 2”, como a maior parte das canções desta lista, faz parte das iniciativas da fundação. Os únicos adultos que intervêm no processo são os que se ocupam dos microfones e das mesas de mistura, a execução está inteiramente confiada à garotada.

“Cowboys From Hell”, dos Pantera

Os Pantera, fundados em Arlington, no Texas em 1981, começaram por andar pelo lado do glam metal e evoluíram progressivamente para uma sonoridade mais vigorosa. O seu quinto álbum, Cowboys From Hell, de 1990, é um ponto de viragem na sua carreira: o seu som, de grande agressividade e vigor rítmico, foi muito bem recebido pelo público e pela crítica especializada, convertendo os Pantera num dos mais influentes grupos do metal dos anos 90. Para reproduzir a sonoridade maciça da canção que dá título ao álbum Cowboys From Hell, esta versão da O’Keefe Music Foundation recorre a quatro guitarras.

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“Pull Me Under”, dos Dream Theater

É preciso destemor para atacar uma canção dos Dream Theater, banda de proa do prog metal, conhecida pelo alto nível de virtuosismo técnico dos seus membros, que figuram regularmente no top das votações para “melhores instrumentistas” das revistas da especialidade. “Pull Me Under” provém de Images and Words (1992), o seu segundo álbum, e é aqui interpretado por músicos dos 10 aos 18 anos, com o apoio da O’Keefe Music Foundation.

“My Curse”, dos Killswitch Engage

Na críptica taxonomia metálica, os americanos Killswitch Engage são arrolados no metalcore, género a que lhes é atribuída a paternidade e que será uma “evolução” do som dos Metallica e dos Slayer. “My Curse” está incluído no alinhamento de As Daylight Dies (2006), o seu quarto álbum.

O miúdo que toca guitarra com uma capa pelos ombros emula o seu “homólogo” Adam Dutkiewicz, dos Killswitch Engage, que, entre outros adereços bizarros, se apresenta por vezes com uma capa vampiresca. Os Killswitch Engage têm uma postura em palco circense e pueril, pelo que o desempenho dos catraios da O’Keefe Music Foundation é bem mais digno e, no que diz respeito às vozes, mais conseguido.

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“Schism”, dos Tool

“Schism” é uma das canções fortes de Lateralus (2001), o terceiro álbum dos Tool. A idade média dos intérpretes desta versão por alunos da School of Rock é superior à da maioria dos videoclips da O’Keefe Music Foundation, mas isso pode explicar-se pela intimidante complexidade rítmica de “Schism”, que recorre a métricas não-ortodoxas e que estão em constante mutação ao longo dos 6’45 da canção.

“Can’t Speak”, dos Danzig

Após ter fundado e liderado os Misfits (1977-83), tidos como pioneiros do horror punk, o vocalista Glenn Danzig criou os Samhain (1983-87), que, em 1987 assumiram o nome de Danzig, e ainda se mantêm no activo, contando com 11 álbuns de originais no currículo. Os Misfits regressaram à vida sem o seu criador em 1985, após enredadas disputas judiciais entre Glenn Danzig e os outros membros sobre quem tinha direito a usar o nome Misfits e que Glenn Danzig perdeu, o que deve ter pesado na decisão de dar à sua nova banda o seu próprio nome.

O imaginário dos filmes de terror está bem presente nos Danzig, que, como quase todas as bandas de gothic metal, são tão estereotipados e enfáticos no seu culto pelo negrume, pelo sangue e pela morte que é impossível levá-los a sério. O que esta versão de “Can’t Speak”, canção incluída no álbum Danzig 4 (1994), tem de particularmente meritório é que, em vez de tentar reproduzir tão fielmente quanto possível o original (como acontece com a maioria dos casos nesta lista), o liberta do peso e dos clichés tétricos. Um triunfo da O’Keefe Music Foundation sobre Glenn Danzig e o seu terror de opereta.

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“Sober”, dos Tool

Os Tool parecem estar entre as bandas favoritas da petizada norte-americana, a julgar pelas covers que se encontram no YouTube. “Sober” provém de Undertow (1993), o álbum de estreia da banda e reflecte sobre o estado de intoxicação de que alguns artistas parecem necessitar para criar.

Espera-se que a letra não seja para levar a sério, já que nenhum dos intérpretes desta sessão da O’Keefe Music Foundation tem idade legal para beber álcool. Seja como for, esta versão omite a primeira variante do refrão, que inclui a palavra “fucking”.

“Tooth and Claw”, dos Animals as Leaders

Os Animals as Leaders praticam uma síntese de math metal e prog rock, de formidável complexidade e de arestas afiadas. Na banda, as baquetas estão confiadas, desde 2012, a Matt Garstka, um dos mais aclamados bateristas da nova geração e foi com Garstka que a banda gravou o seu terceiro álbum, The Joy of Motion (2014), que inclui a faixa “Tooth and Claw”. As dificuldades não parecem intimidar Joh Kotoda, de 13 anos, aluno da Wright Drum School, em Gold Coast, na Austrália.

(nota: ao contrário das canções anteriores, em que todos os instrumentos e vozes são executados pelos catraios, aqui Kotoda toca bateria sobre a gravação dos Animals as Leaders)

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  • Música

Há músicos que mantêm a relevância no pop-rock bem para lá da meia-idade, mas são raros. Na verdade, a estatística mostra que é frequente que os discos mais válidos das bandas sejam gravados quando os seus membros estão a meio da sua terceira década de vida – e alguns nem atingem a quarta década, pois não faltam exemplos de músicos que saíram de cena, quase sempre por overdose, suicídio ou problemas de saúde imputáveis ao consumo de drogas, antes de fazerem 30 anos (até se fala do “Clube dos 27” para designar os muitos nomes famosos que faleceram com esta idade). 

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