“La Nuit Est Sur la Ville”, de Françoise Hardy
Ano: 1964
A noite cai sobre a cidade e ela dá por si a pensar naquele de quem está afastada. Antes estava confiante no amor, mas agora descobre-se frágil, hesitante. O que é certo é que, longe dele, ela se enfada. Na outra cidade, o que fará ele? Dormirá só e despreocupado ou passará, como ela, a noite em claro, sondando o seu coração?
“La Nuit Est Sur la Ville” faz parte de Mon Amie la Rose, o terceiro álbum de Françoise Hardy, cantora hoje muito esquecida, mas que nos anos 60 foi a figura cimeira da pop francesa, um ícone da moda e o objecto de muitos sonhos húmidos. Segundo Malcolm McLaren, ela encarnava a rapariga que Lennon, McCartney, Brian Jones e Mick Jagger sonhavam ter como namorada. Hardy declararia mais tarde: “Não tinha interesse em Dylan como homem, apenas como artista. Jagger era diferente, era alguém por quem poderia apaixonar-me. Infelizmente, na altura [c. 1963-66] ele estava com Chrissie Shrimpton”.
Haverá quem desvalorize as suas canções dos seus primeiros álbuns como “ligeiras”, mas foram elogiadas, ao tempo, por Dylan e Jagger, e, no final da década, Hardy faria uma inflexão em direcção à “seriedade”, ao cantar canções de Leonard Cohen e convencer Serge Gaisnbourg a escrever-lhe as letras para o álbum homónimo de 1968.