Trailer de Bicicleta de Montanha
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Nove canções para ouvir enquanto pedala

O automóvel foi e continua a ser um dos temas centrais da pop-rock. Mas não faltam também canções sobre bicicletas.

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O título desta lista é meramente alegórico, pois a Time Out não pretende que os seus leitores se envolvam em acidentes de trânsito. As canções que se seguem, embora tendo a bicicleta como assunto, serão desfrutadas com maior segurança se as nádegas do ouvinte estiverem assentes em algo mais estável do que o selim de uma bicicleta e se os ouvidos e os olhos não tiverem de estar concentrados nas manobras de veículos, peões e canídeos. Quem faça mesmo questão de ouvir enquanto pedala poderá recorrer a uma daquelas bicicletas estacionárias dos ginásios.

RecomendadoDez canções para ouvir ao volante

Nove canções para ouvir enquanto pedala

“Daisy Bell (Bicycle Built For Two)”, por Nat King Cole

A canção foi composta em 1892 por Henry Dacre (1857-1922), um britânico que acabara de mudar-se para os EUA, levando consigo a sua bicicleta. Logrou um sucesso instantâneo, e embora Dacre tivesse composto várias outras canções que se tornaram populares, acabou por ficar conhecido como o autor de “Daisy Bell”.

Nat King Cole repescou a canção, em 1963, para Those Lazy-Hazy-Crazy Days of Summer, um álbum orquestrado por Ralph Carmichael que celebra as coisas que podem fazer-se nos dias e noites quentes de Verão.

[Versão de Nat King Cole]

Mas já alguém se lembrara de “Daisy Bell” no ano anterior e em circunstâncias peculiares: quando os Bell Labs quiseram testar as capacidades de síntese de voz do computador IBM 704, recorreram a “Daisy Bell”.

[Versão tocada e cantada pelo IBM 704, em 1962]

Quis o acaso que nesse dia Arthur C. Clarke estivesse de visita aos Bell Labs e assistisse à estreia mundial de um computador no canto – alguns anos depois aproveitaria a ideia para o argumento de 2001: Odisseia no Espaço, escrito em parceria com o realizador Stanley Kubrick.

[Momento de 2001: Odisseia no Espaço (1968) em que o computador HAL canta “Daisy Bell”]

“Bike”, dos Pink Floyd

Estes não são os Pink Floyd que todos conhecem e que tiveram uma carreira que só terminou em 2014 e venderam 250 milhões de discos. Esta era a ideia original dos Pink Floyd, que só nos legou o álbum The Piper at the Gates of Dawn e foi, essencialmente, um fruto da mente fervilhante do cantor e guitarrista Syd Barrett. Os Pink Floyd pós-Barrett converteram-se, a partir do início dos anos 70, numa banda cada vez mais sorumbática, cinzenta, grandiloquente, calculista e avara de ideias. Os Pink Floyd de “Bike” são lunáticos, coloridos, despretensiosos, ingénuos e generosos. Contudo, se esta canção lhe der vontade de andar de bicicleta, convém que não o faça sob a influência das substâncias que parecem ter alimentado a inspiração de Barrett.

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“Broken Bicycles”, de Tom Waits

Esta é uma canção ao arrepio do tom positivo usualmente associado às canções sobre velocípedes, evocativa de uma relação que passou, mas cuja memória nunca se apagará. Faz parte da banda sonora de Tom Waits para o filme One From the Heart, de Francis Ford Coppola, editada em 1982.

“Tour de France”, dos Kraftwerk

Não é imediata a associação entre bicicletas e os Kraftwerk, banda que parece mais inclinada para usar comboios (que homenagearam em “Trans-Europe Express”, do sexto álbum, de 1977) e auto-estradas (que deram nome ao seu quarto álbum, Autobahn, de 1974) e cuja postura parece desdenhar qualquer actividade que faça transpirar. Porém, no início dos anos 80 alguns dos membros da banda estavam a descobrir as alegrias de pedalar e conceberam esta homenagem à mais célebre prova velocipédica do mundo.

“Tour de France” destinava-se a fazer parte de Techno Pop, um álbum que nunca viu a luz do dia, pelo que acabou por ser lançada como single em 1983. Ressurgiu, numa nova versão, em 2003 no álbum Tour de France Soundtracks, que foi o primeiro da banda em 17 anos e deveria ter assinalado o primeiro centenário do Tour de France. O single com a nova versão de “Tour de France” saiu em Junho, mas o álbum, recheado de títulos alusivos à prova, como “Chrono”, “Vitamin”, “Aéro Dynamik” ou “Titanium” (não ficaria mal também um “Doping”), atrasou-se e só saiu depois do evento, em Agosto.

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“Bicycle Song”, dos Red Hot Chili Peppers

Os Red Hot Chili Peppers também não são banda que se associe a bicicletas, pois são de Los Angeles, terra de auto-estradas, onde o automóvel reina sem contestação. A haver afinidades, será quiçá pela farmacopeia que faz girar o desporto velocipédico... “Bicycle Song” não faz parte dos álbuns originais da banda, é uma faixa-bónus gravada em 2004 e incluída na edição iTunes de By the Way (2002), o oitavo álbum da banda, e mostra esta na sua vertente mais pop – há um momento do refrão em que não andam longe de The Smiths. “Como posso ter-me esquecido de mencionar a bicicleta?”, pergunta Anthony Kiedis, mas a letra não fornece pistas para o papel desempenhado pelo velocípede neste seu encontro com “a única rapariga que me tocou de verdade”.

“Cycling Is Fun”, das Shonen Knife

Nem toda a gente vai concordar com as Shonen Knife quando dizem que andar bicicleta é divertido. Mas é preciso ter um coração de pedra ou ser duro de ouvido para negar que Cycling Is Fun é divertidíssima. Uma música solar sobre o simples prazer de pedalar com quem nos quer bem, que deve tanto às Shangri-Las como aos Ramones. A faixa foi incluída originalmente em Let's Knife (1992), o primeiro disco da histórica banda japonesa com o selo de uma multinacional e cantado integralmente em inglês, e continua a ouvir-se ocasionalmente nos seus concertos.

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“Riding Bikes”, dos Shellac

“Riding Bikes” recorda episódios da infância, passeios de bicicleta e um vandalismo pueril e sem maldade. A canção faz parte de Dude Incredible (2014), o quinto e mais recente álbum dos Shellac, banda de indie rock liderada pelo lendário produtor Steve Albini, que aqui assume a voz e a guitarra.

“Lauren”, dos Men I Trust

Há quem gaste fortunas em fazer videoclips espaventosos – o modelo continua para muitos a ser o sobrevalorizado “Thriller”, de Michael Jackson, realizado por John Landis – mas para fazer videoclips fascinantes basta uma rapariga, uma bicicleta e um vestido fresco e de cor adequada. E, é claro, música que rola sem atrito, criada por esta banda surgida em 2014 em Montreal, Canadá, e cujo teclista, Dragos Chiriac, é também o realizador do teledisco.

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“Yellow Bike”, de Pedro The Lion

Depois de quase dez anos de solidão, David Bazan recuperou o nome Pedro The Lion, com o qual editou alguns dos seus melhores discos entre finais dos 90s e o início da década seguinte, juntou uma pequena banda e deu-nos o álbum indie Phoenix, em 2019. O primeiro single, com direito a teledisco, foi esta “Yellow Bike”. A canção começa por recordar a bicicleta amarela do título, mas Bazan não tarda em estabelecer um paralelismo entre a liberdade e solidão dos passeios de bicicleta da sua infância e a solidão dos anos que passou na estrada sozinho, a tocar.

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O reino misterioso do sono nunca deixou de atrair os compositores de canções e, entre muitas escolhas possíveis, há neste lote gente conhecida como os Beatles, os Smiths e os Smashing Pumpkins. Estas oito substâncias hipnóticas podem ser tomadas sem receita médica, mas há que ter em atenção que alguns poderão produzir, nas almas mais sensíveis e quando consumidos repetidamente, efeitos secundários imprevisíveis. O importante é reter que as canções de embalar, apesar de talvez terem sido as primeiras criações musicais do homo sapiens, não são um género esgotado. A prova está aqui.

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