Itália foi a superpotência musical dos séculos XVII e XVIII, exportando estilos, formatos, compositores, instrumentistas e cantores para lugares (então) tão remotos quanto Lisboa, Dublin e São Petersburgo. Mas foi com o Romantismo que a Itália – o país, com as suas cidades, património artístico e arquitectónico, cultura, costumes, gentes e paisagem – passou também a ocupar um lugar de relevo no imaginário dos compositores um pouco por toda a Europa. No século XVII, surgiu o hábito, entre os aristocratas da Europa do Norte, de, pelo menos uma vez na vida, empreender uma viagem pela Península Itálica, a fim de contactar in loco com os vestígios das culturas da Antiguidade Clássica e do Renascimento. Esta prática recebeu a designação de Grand Tour e tornou-se numa espécie de “prova de passagem” à idade adulta dos filhos das famílias aristocráticas.
Johann Wolfgang von Goethe deu decisivo contributo para implantar Itália no imaginário dos criadores românticos: em 1786, aos 37 anos, empreendeu uma viagem por Itália que se estendeu até 1787, e da qual deu conta no livro Italienische Reise (Viagem a Itália), redigido com base nos diários e cadernos de notas que manteve durante a viagem e que foi publicado em 1816-17, com grande sucesso. Mas antes dessa edição já a Itália pulsava nos seus poemas, entre os quais o célebre “Mignon”, onde pergunta: “Conheces a terra onde crescem os limoeiros,/ Entre folhas escuras resplandecem as douradas laranjas,/ Uma suave brisa sopra do puro azul do céu,/ A murta queda-se silente o loureiro ergue-se ao alto?”.
Recomendado: Sete canções românticas que precisa de ouvir