Rui Silvestre é o escolhido para substituir Martín Berasategui e Filipe Carvalho no Fifty Seconds. “É um desafio com 120 metros de altura.” Em entrevista à Time Out, garante contudo que “não é questão para ter medo”.
Cinquenta segundos – o tempo da viagem de elevador – é quanto basta para perceber que o Fifty Seconds mudou. Não que o restaurante tenha realmente mudado, mas entre as caras conhecidas são muitas as novas. No ar, sente-se a energia de um novo ciclo, encabeçado por Rui Silvestre, que vindo do Vistas, no Algarve, ocupou o lugar de Martín Berasategui e Filipe Carvalho. Como tinha prometido, o chef está bem presente na sala. Ora recebe quem chega, ora finaliza algum prato ou acompanha o serviço. Talvez não vá ser sempre assim, mas por agora Rui Silvestre quer garantir que o arranque do restaurante, na sua segunda semana de portas (re)abertas, não descarrila nem desilude – e as expectativas são muitas.
Quem já esteve no Fifty Seconds, que em Fevereiro viu a sua estrela Michelin renovada, ao contrário do Vistas, que com a saída de Rui Silvestre perdeu a distinção, continuará a sentir o conforto de ter Rui Monteiro como chefe de sala e Marc Pinto como escanção, mas reparará também que há novas pessoas a fazer daquela a sua casa, como é o caso de José Marta, que subiu do Algarve para Lisboa para estar ao lado do chef.
O menu é apenas um e tem como nome uma data: 1497, o ano da partida da expedição de Vasco da Gama, em direcção à Índia. Quando falou com a Time Out, duas semanas antes de abrir o restaurante, Rui Silvestre já antevia o caminho: “A parte da junção das especiarias com os produtos do mar vai continuar. A maior parte do menu é inspirada no mar, ainda por cima agora tenho esta vista... E depois até há àquela parte gira em que sou conhecido pela utilização das especiarias e estou na Torre Vasco da Gama”.
Em 14 momentos (235€), a identidade de Rui Silvestre, mais afastada da linha clássica do chef espanhol que lhe antecedeu, está bem marcada. E são dois os pairings pensados por Marc: o normal (160€), digamos assim, e outro mais exclusivo (450€) a apontar para o nicho de pessoas que procuram garrafas mais difíceis de encontrar.
O serviço mantém-se atento e certeiro, como sempre aconteceu, presente sem nunca se impor. Ora é a casa de banho que é limpa de cada vez que é usada, ora aparece alguém discretamente com uma bandeja com diferentes óculos disponíveis para quem mostrou dificuldade a ler o menu. São os detalhes que distinguem, agora ainda mais evidentes quando o protagonismo é propositadamente dado a quem serve.