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dos restaurantes estão em risco de fechar, segundo um inquérito recente da PRO.VAR aos seus associados. Numa consulta anterior, esta percentagem estava nos 55%.
Um dia depois do protesto no Porto em que se registaram confrontos entre manifestantes e agentes da polícia, a 13 de Novembro, o Governo divulgou um documento em que sintetiza todos os apoios estatais até então aprovados pelo sector. São apenas nove páginas, apresentadas de viva voz pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, nas quais o executivo começa por pôr água na fervura, comparando as perdas no sector da restauração e similares (aqui expurgado do alojamento), que se estimam em 1860 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano – ou seja, uma quebra de 31% na facturação –, com as de outros sectores. Embora o impacto na economia seja necessariamente distinto para cada uma destas quebras, agências de viagens (-74%), hotéis (-64%), animação turística (-60%), comércio a retalho de bebidas (-40%), comércio a retalho de calçado (-39%), ourivesarias (-35%) e ginásios (-35%) estão em pior situação, segundo o Governo.
Mas vamos concentrar-nos nas medidas nacionais para os restaurantes, que além da diminuição da procura pelos seus serviços de sala em dias normais terá mais seis dias de redução significativa de horário de trabalho – os fins-de-semana de 28 e 29 de Novembro e de 5 e 6 de Dezembro, e ainda os feriados de 1 e 8 de Dezembro, nos quais têm de encerrar às 13.00 em 127 concelhos do país (incluindo Lisboa e Porto). Nesses dias, o negócio ficará sobretudo dependente do take-away e das entregas ao domicílio. Nas vésperas dos feriados, ainda poderão funcionar ao almoço, mas têm de fechar às 15.00, perdendo o jantar.
As medidas estão divididas em duas fases. A primeira contempla a “manutenção do emprego” (o lay-off simplificado; o Apoio à Retoma Progressiva, que permite uma redução temporária do período normal de trabalho, prevendo a reposição faseada da remuneração dos trabalhadores; e a isenção na TSU) e o programa Adaptar (para adaptar os estabelecimentos às novas regras), duas parcelas que somam um apoio de 298 milhões de euros. Acresce, ainda nesta primeira fase, a disponibilização de linhas de crédito no valor de 580 milhões de euros (uma parcela que equivale a mais de metade dos valores envolvidos nestes apoios, e a única que não é a fundo perdido).
Numa segunda fase, estão contabilizados 200 milhões de euros através do programa Apoiar.pt, para micro e pequenas empresas com quebras de facturação superiores a 25% em termos homólogos, mais 25 milhões como suplemento destinado a compensar 20% das perdas registadas nos fins-de-semanas de maior confinamento. Esta última medida foi recebida com perplexidade pelo sector, por ser tão austera. O ministro da Economia salientou, no entanto, na apresentação desta súmula, que a esses 20% têm de ser somadas as outras medidas em vigor – como os apoios à manutenção do emprego, por exemplo –, que disse fazerem disparar essa percentagem.
A ideia era demonstrar que o Governo está em campo, a tentar segurar o sector da restauração. Ainda assim, o documento apresentado por Siza Vieira não era tão exaustivo quanto poderia ser. Há mais apoios em vigor. A AHRESP enumera-os e detém-se com algum detalhe em cada um deles, que passam ainda pelas moratórias no pagamento de rendas e pela suspensão das denúncias de contratos de arrendamento efectuadas pelos senhorios. Poderia ir mais longe, focando os apoios que os municípios disponibilizaram durante a pandemia. Em Lisboa, por exemplo, a Câmara comparticipará a fundo perdido a criação ou a adaptação de esplanadas para o Inverno, isentando estes espaços de pagarem taxas de ocupação de espaço público no primeiro semestre de 2021; abdicará das rendas de quem funciona em espaços municipais, pagando até 8000€ aos negócios com quebras de facturação acima dos 25%. Já a câmara do Porto pretende isentar este e outros sectores de taxas municipais, e vai reduzir para metade as rendas dos que operam em prédios municipais.
É pouco, dizem os responsáveis da restauração. E a AHRESP, a maior representante do sector, tem uma lista de reivindicações que gostaria de ver atendida.
dos restaurantes estão em risco de fechar, segundo um inquérito recente da PRO.VAR aos seus associados. Numa consulta anterior, esta percentagem estava nos 55%.
dos restaurantes estão a registar perdas superiores a 50% da faturação homóloga, de acordo com o mesmo inquérito da PRO.VAR.
dos restaurantes estão num subconjunto com números ainda mais dramáticos, outra vez segundo a PRO.VAR: estão a braços com perdas superiores a 90% da facturação.
é o número de contágios pelo novo coronavírus que ocorreram em restaurantes, indicou um dirigente do PCP após a reunião que decorreu no Infarmed, a 19 de Novembro, entre responsáveis políticos, entidades de saúde e especialistas. Um valor tão reduzido que levou a AHRESP a pedir um alívio das medidas impostas ao sector. No entanto, é difícil afirmar com certeza que 2% seja um valor acertado, visto não se ter conseguido determinar a origem de mais de 80% dos contágios.
é o número aproximado de pessoas que, de acordo com a Pordata, trabalhavam em 2019 em empresas de alojamento, restauração e similares. Uma ligeira queda face a 2018 (de menos cerca de 7700 empregos), ano em que este indicador teve o seu pico.
Em Setembro, o número de trabalhadores do sector estava neste patamar, informou o INE nas Estatísticas do Emprego relativas ao terceiro trimestre de 2020 (Julho-Setembro).
O número de empregos que se perderam neste sector durante o terceiro trimestre de 2020, segundo o INE, face ao mesmo período do ano passado.
A média mensal da remuneração bruta total, calculada pelo INE para Setembro, de quem trabalhava em alojamento, restauração ou similares. O que representa uma subida de 3,3% face ao mesmo mês de 2019.
empresas de alojamento, restauração e similares. Eram quantas existiam em 2019, diz a Pordata. Em 1990, eram cerca de 40 mil e a tendência destes 30 anos é de clara subida.
Número de empresas do sector encerradas em 2018, segundo a Pordata. Um valor alto, em particular numa altura de maior dinamismo económico, que compara com 2009 (13.092) e 2012 (13.634), respectivamente o primeiro ano em que a crise internacional se fez sentir em Portugal e o ano da maior recessão que o país havia registado até então em democracia.
Apesar de tudo, o sector viu serem constituídas quase 400 novas empresas em Setembro passado, de acordo com o INE. No mesmo mês, foram dissolvidas 137. O saldo é positivo.
Sem clientes e muitas vezes de portas fechadas, chefs e proprietários contam como estão a enfrentar a crise. Sentem-se desamparados, frustrados. Alguns vão ficar pelo caminho.
Novos serviços, “irmãos mais novos”, restaurantes virtuais e mesmo casas a arriscar e a decidir estrear-se durante uma pandemia. Não falto proactividade ao sector.
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