É o restaurante de quem gosta de comer bem e não é por acaso. Hoje, não há quem não fale da sazonalidade, dos produtores e da sustentabilidade, mas há seis anos já era isso que movia o chef no Prado. À carta, juntou agora um menu de degustação.
Chef ou cozinheira?
Cozinheira.
Actividade favorita quando não estás a cozinhar?
Tenho várias. Gosto muito de estudar e ir para algum sítio, tipo mato mesmo.
O melhor prato tipicamente português?
Chanfana. Acho que é dos melhores pratos que eu já comi aqui. Tanto é que quando estive em Piódão e conheci a chanfana pela primeira vez, estive três dias a comer só chanfana para perceber qual é que era a melhor.
Livro de cozinha favorito?
The New Wildcrafted Cuisine, do Pascal Baudar.
Se tiveres amigos de fora em Lisboa, onde é que os levas a jantar?
Ramiro ou Velho Eurico, mas acho que o Ramiro é muito especial. É dos lugares onde mais gosto de ir. Eu tenho medo de andar de avião e toda a vez que vou viajar eu vou no Ramiro para me consolar e preparar. Assim, se eu morrer, tive uma boa última refeição.
Se só pudesses fazer uma refeição por dia, qual é que seria?
Não sei, gosto muito de borrego.
O que é que não suportas comer?
Não há nada que eu não goste de comer, mas de bebida não suporto café com açúcar.
Para quem é que gostarias de cozinhar?
Para a chef Nancy Silverton.
E o que é que prepararias?
Eu acho que faria um borrego com uma espécie de esparregado de urtigas, um prato que eu criei e sou super-fã.
O melhor restaurante em Lisboa para um encontro romântico?O
Prado. E não sendo em Lisboa, o Tua Madre, em Évora. Além de gostar muito da cozinha, Évora tem o seu charme e o restaurante é super-acolhedor.
Qual foi o prato que mais dores de cabeça te deu?
Sem dúvida o shawarma de aipo e tahine que fiz no Chefs on Fire. Estive mais de seis meses a trabalhar sobre isso. Foi uma coisa que me fez chorar, rir…
Programa de culinária favorito?
Adoro ver um canal no YouTube que é sobre cozinhas fine dining e serviço de chef.
Palavrão favorito quando se entorna o caldo?
Puta que pariu.
O que é que nunca pode faltar no frigorífico?
Eu sei que é cliché, mas manteiga. Ou melhor, banha de porco. Não consigo fazer um arroz sem banha de porco. A banha de porco me representa mais.
Qual foi a coisa mais estranha que já comeste e onde?
Já comi bichos estranhos tipo jacaré, capivara… No Brasil, há coisas assim. Mas não foi tão estranho quanto o rim de vaca que comi em Lyon. Sabia a xixi. Isso foi muito estranho. Nunca bebi xixi, mas só o cheiro...
E qual foi a coisa mais surpreendente?
Teta de vaca, no mesmo sítio. Um extremo. O rim não prestava, a teta era óptima.
A melhor bebida enquanto cozinhas?
Gosto muito de uma bebida que sempre tomo em casa que é o Marianito. É uma bebida basca. Quando estive a estudar lá, tomava diversas vezes e é das coisas que sempre tenho em casa. É feito com campari, vermute e gin, depois se coloca laranja, azeitonas...
Condimento favorito?
Pimenta, todos os tipos.
Qual foi o primeiro prato que serviste?
Que eu me lembre foi um polvo com batata a murro e levava pimentos e uma farofa de castanha.
Qual é a pergunta que mais te fazem sobre comida?
No momento, tudo o que seja relacionado com fermentações, técnicas. Mas também perguntam muito: chef, está do jeito que gosta? É isso?
Onde jantas quando estás de folga?
Tenho ido muito à Adega Solar Minhoto, em Alvalade. Quando me quero confortar, é lá que vou.
Um sítio para comer bom e barato?
Adega Solar Minhoto.
O que comes ao pequeno-almoço?
Depende. Pão, manteiga, uma tapioca, ovos mexidos.
Qual é que seria a tua última refeição?
De certeza, o frango da minha avó. É das coisas que eu mais amo nessa vida.
O que levas para um jantar para o qual foste convidada?
Boa companhia, eu [risos]. Sorriso no rosto, boa disposição. Depende, gosto muito de levar algum produto que eu goste, que eu conheci. Pode ser um enchido, um queijo, ou até pode ser uma sobremesa.
Melhor região de vinhos em Portugal?
Eu gosto muito da Bairrada, acho que tem surpreendido muito nos últimos tempos e é um perfil de vinho que eu gosto muito. Mas é muito complicado dizer qual é a melhor região, há tantas coisas que têm surpreendido.
*Este artigo foi originalmente publicado na edição Inverno2023/24 da revista Time Out Lisboa