Antes de fazer furor além-fronteiras, quando conquistou o programa televisivo Top Chef, em França, a luso-francesa Louise Bourrat já dava nas vistas em Lisboa. Louise é, desde 2018, a responsável pela cozinha do restaurante BouBou’s, no Príncipe Real.
Chef ou cozinheira?
Cozinheira.
Actividade favorita quando não está a cozinhar?
Estar com a família.
O melhor prato tipicamente português?
Choco frito ou polvo à lagareiro. Adoro.
Livro de cozinha favorito?
Não é muito conhecido, mas chama-se Comida prehispánica de México e fala da comida antes da chegada dos espanhóis.
Se tiver amigos de fora em Lisboa, onde é que os leva a jantar?
Floresta da Estefânia, de comida portuguesa.
Se só pudesse fazer uma refeição por dia, qual é que seria?
Tacos. Como todos os dias e ainda não me fartei.
O que é que não suporta comer?
Farinheira. Consigo comer, mas o sabor faz-me alguma confusão.
Para quem gostaria de cozinhar?
Há uns comediantes que quando fazem tours pelo mundo procuram comida mexicana. O Gabriel Iglesias, por exemplo, seria muito bom. Sabe comer muito bem e eu gosto de alimentar as pessoas que querem ser alimentadas.
O que é que prepararia?
Um pozole, porque é o maior êxito, e, claro, tacos.
O melhor restaurante em Lisboa para um encontro romântico?
Não somos pessoas [Sandra e o marido] de ir a restaurantes. Não conhecemos muito esse mundo por protecção ao nosso filho, que é autista. Faz-nos muita confusão se ele não estiver contente e se estiver stressado.
Qual foi o prato que mais dores de cabeça lhe deu?
Barbacoa, muito típico no Centro Este do México. Para preparar a carne tem de se fazer um furo no chão, aquece-se com pedras e depois deixa-se aí 12 horas. É um problema [risos].
Programa de culinária favorito?
Quando era miúda via um programa chamado Cocinando con Chepina Peralta. Aprendi muitas receitas.
Palavrão favorito quando se entorna o caldo?
Mierda.
Sobremesa predilecta?
Gosto muito dos tamales doces [massa de milho cozida a vapor em folha de banana e recheada] e das conchas mexicanas [um pão doce].
Colher de pau ou de borracha?
Eu gosto mais de pau, mas como agora já não é permitido não usamos.
O que é que nunca pode faltar no frigorífico?
Tortilhas.
Qual foi a coisa mais estranha que já comeu e onde?
Não me lembro do nome, mas foi no Japão. Era um feijão podre, um espectáculo para eles, mas para nós que não estamos habituados...
E qual foi a coisa mais surpreendente?
O choco frito. Não esperava que aquela textura e aquela combinação fosse tão boa, mas tenho de levar molhos picantes. [risos]
A melhor bebida enquanto cozinha?
Água de jamaica [uma bebida com hibisco] é a minha bebida favorita.
Condimento favorito?
Alho. Tudo leva alho.
O que é que faz se só tiver dois ovos?
Ovos divorciados [um prato típico do pequeno-almoço mexicano].
Qual foi o primeiro prato que serviu?
Foram enchiladas mexicanas. Arrisquei muito porque é um prato que exige algum nível de expertise que eu na altura não tinha, mas ficou bem.
Qual é a pergunta que mais lhe fazem sobre comida?
Se temos picantes mais picantes. E temos, mas não para todos. [risos]
Onde janta quando está de folga?
Temos uma marisqueira perto de casa a que já vamos há muitos anos e já estão habituados a que o meu filho se comporte de forma diferente. Chama-se Ponto Verde, no Seixal.
Petisco favorito?
Chicharroncitos [uma espécie de torresmos] com molhos picantes, lima… Os snacks têm sempre de ser picantes. Às vezes também compramos tremoços para casa e antes de servir adicionamos um molho picante e deixamos marinar umas horas.
Um sítio para comer bom e barato?
Refúgio dos Sabores [os vizinhos do Potzalia no Multicentro], tradicional português. Cozinham muito bem e são muito amigáveis.
O que come ao pequeno-almoço?
Café, sumo de laranja, bolachas e quase sempre fazemos verduras e ovos mexidos ou tostas... Para nós, os mexicanos, o pequeno-almoço não é pequeno, porque depois o almoço é só às 15.00 e o jantar é uma coisa leve.
Qual seria a sua última refeição?
Tacos de carnitas.
O que leva para um jantar para o qual foi convidada?
Quesadillas e guacamole.
Melhor região de vinhos em Portugal?
Gosto mais do Douro. Não bebo porque tenho alergia ao vinho, mas consigo provar um bocadinho.
*Este artigo foi originalmente publicado na edição Primavera 2023 da revista Time Out Lisboa