Mãe – Lurdes, Filha – Marlene Vieira (Zunzum)
Simples, mas deliciosos, os “coquinhos” estão entre as memórias de infância mais felizes da chef Marlene Vieira. Quando, de vez em quando, a mãe os preparava para o lanche ou ao domingo à tarde, todos se deliciavam com aqueles doces de gema, açúcar e coco ralado em forminhas de queque. Ainda hoje é assim: Lurdes até já ensinou os netos como se faz. Doceira de mão cheia – “É muito boa a fazer sobremesas, se calhar melhor do que eu!”, confessa a filha –, Lurdes era uma cozinheira afamada. Além de ter talhos, fazia muitos eventos, como casamentos ou baptizados. Mas não foi na cozinha de casa que a chef descobriu a sua vocação: eram as cozinhas profissionais, de restaurantes, “aquela adrenalina, aquela irritação” que a apaixonavam. “Nunca cozinhei com a minha mãe em pequena.”
E agora, Lurdes e Marlene cozinham juntas? “Agora há essa partilha. As mães e as avós fazem as coisas de forma mais intuitiva, por isso não percebem quando algo falha. Hoje, quando estou com a minha mãe na cozinha, vou explicando tudo. Por exemplo: cozer demasiado o bacalhau é um erro muito comum – e a minha mãe já percebeu porque se deve cozer menos.”
Lurdes pode não ter sido a responsável por Marlene Vieira ter seguido o caminho da gastronomia, mas está presente em muitas das suas receitas. “A vitela assada à moda de Lafões e o arroz de tomate, malandrinho, que sirvo com as pataniscas de bacalhau no Time Out Market são inspirados nas receitas da minha mãe. Também tenho muita vontade de pôr na carta os rissóis dela, porque toda a Marlene Vieira gente devia conhecê-los. São os melhores do mundo. Sem exagero. Mas não consigo fazer tão bons, ninguém consegue”, descreve de água na boca. Era essa receita que queríamos que partilhasse connosco para celebrar o Dia da Mãe à mesa. “Não posso, não posso, senão ela mata-me.” Marlene partilha então a de arroz de cabidela – um prato que “sempre marcou a minha mãe e a minha família”. E que continua a juntar todos de volta do tacho quando a chef do Zunzum Gastrobar (Terminal de Cruzeiros de Lisboa) regressa ao Norte.
Por Vera Moura
Receita de Arroz de Cabidela da D. Ludes
Ingredientes para 6 pessoas
1 frango caseiro ou do campo
Sangue do frango
Sal grosso q.b.
2 cebolas
4 dentes de alho
2 folhas de louro
100 ml de azeite extra virgem
300 ml de vinho tinto
100 g de presunto
500 g de arroz carolino
Vinagre de vinho tinto q.b.
Pimenta preta q.b
1 molho pequeno de salsa
Preparação
Cortar o frango em pedaços. Temperar com sal e o vinho (deixar marinar por duas horas).
Picar a cebola e o alho finamente e colocar num tacho, adicionar o azeite e o louro. Deixar refogar sem queimar, juntar o frango escorrido, deixar alourar o frango. Juntar o presunto em cubos, refrescar com o vinho tinto. Tapar o tacho e baixar o fogo, deixar cozinhar durante 15 minutos.
Adicionar água até cobrir o frango, tapar e deixar cozinhar até o frango ficar tenro.
Retirar o frango do tacho e reservar.
Adicionar o arroz ao caldo, mexer. Deixar cozer o arroz em lume médio durante 15 minutos mexendo sempre.
Adicionar novamente o frango cozinhado.
Numa tigela à parte, juntar a salsa picada ao sangue, pimenta preta e vinagre.
Envolver este sangue no arroz e deixar levantar fervura, retificar temperos a acrescentar o que necessitar (sal, vinagre ou pimenta).
Servir imediatamente.