Há cadeiras, camas de rede e almofadas espalhadas que convidam a estar. E o verbo não é escolhido ao acaso, que foi mesmo o que nós fizemos, estar, sem planos, sem horas. Na rua, como nos quartos, espaçosos e confortáveis, com todas as mordomias.
“O que mais gosto de ouvir das pessoas é que chegam aqui e desligam, que estão dias sem tocar no telemóvel”, diz-nos Filipa Castelão, que idealizou a Colina dos Piscos com o seu pai, Jorge Castelão, ambos arquitectos.
A casa passava mais tempo vazia do que ocupada e daí surgiu a ideia de lhe dar vida como um turismo rural de charme. “Foi reabilitada pensando sempre na hotelaria, mas com um fim primeiríssimo para a família”, conta Filipa, explicando que o pai não adorou logo a ideia. “Durante os últimos anos esta casa era uma sede da família. Passávamos aqui o Natal, a Páscoa.... Há uma ligação emocional. Ainda me custou chegar aqui e ver a casa ocupada por pessoas, mas rapidamente me adaptei à ideia e agora é um gosto partilhar tudo isto”, reconhece Jorge.
“Uma coisa clara para nós é que queríamos estar próximos das pessoas, queríamos criar uma sensação de familiaridade.” E é assim mesmo que nos fazem sentir, como parte da sua família. Para isso muito conta Nadine Oliveira. Jorge e Filipa vivem e trabalham em Lisboa e é Nadine quem aqui está todos os dias a tomar conta da Colina. Se este lugar é especial é muito também por sua causa.
Uma das muitas tarefas de Nadine é a preparação do pequeno-almoço, com a ajuda de Lurdes. E ela pensa em cada detalhe, da fruta apanhada na horta à apresentação na mesa, para fazer de cada pequeno-almoço uma experiência memorável. E quer saber o melhor? Não tem hora marcada. Basta avisar Nadine quando tenciona sair do quarto e a magia acontece. “Se as pessoas querem acordar mais tarde, acordam mais tarde. Não faz sentido pôr despertador para tomar o pequeno-almoço”, aponta Filipa. “É como esta história de entrar depois do almoço e sair antes do almoço, não faz sentido. Ao fim de semana é um desperdício. Toda a vida senti isso”, conta Jorge.
Pai e filha acham que há ainda muita coisa para fazer, muito espaço para explorar. Mas não se aflija: “O que quer façamos aqui, o sossego nunca se perderá. Sabemos que queremos fazer as coisas com qualidade e por isso vamo-nos adaptando à vontade das pessoas.” É por isso que lá para o Verão de 2018 há de nascer aqui uma piscina. “O lago é muito bonito, mas parece não convencer toda a gente”. E Jorge e Filipa querem que toda a gente saia daqui convencida. Mais que isso, obviamente, com vontade de regressar.