Entra-se para a enorme sala/ cozinha com lareira suspensa e vê-se logo em frente o alpendre, a piscina exterior e campo a perder de vista. Depois do primeiro “uau” (foram muitos) com a decoração, minimalista e apostada em peças de madeira clara, descobrem-se os quartos. São três, todos com casa de banho, um deles uma suíte com escritório e vista para as traseiras, outro com duas camas individuais e um terceiro com cama de casal. Partilham entre si não só a estética apurada mas também o chão de ladrilhos da olaria de São Pedro do Corval, em Évora, as mantas de Monsaraz e os tapetes de lã de ovelha inspirados nos capotes dos pastores. É uma casa de família, para famílias, e está disponível para ser reservada na íntegra a partir de 345€ por noite, com pequeno-almoço).
Os 30 anos costumam coincidir com uma certa inquietação com a vida que, para nós que vivemos na cidade, nos começa a morder os calcanhares e a espicaçar a vontade de largar tudo e ir para o campo. Aos 20 não sentíamos nada disto. Aos 20 estávamos mais preocupados em arranjar sustento fixo e a encaixar a ideia de que afinal não nascemos para mudar o mundo e a sobreviver à desilusão. Aos 40, se tudo correr bem, já estaremos em paz com a rotina dos dias e, na melhor das hipóteses, já seremos felizes arrendatários de meia centena de metros quadrados em Lisboa e orgulhosos proprietários de uma casinha na planície que fomos vendo nascer da ruína. Existe também a hipótese de sermos péssimos em futurologia e de esta antecipação cronológica ser só um daqueles devaneios que fica por concretizar. Como tantos ao longo dos anos. Não obstante, podem tirar-nos o sonho mas nunca tirar o sonho de nós. E este de ter uma casa no Alentejo embora não nos comande, pode muito bem ser uma constante da vida e é por ele que suspiramos quando abrimos a porta do Monte do Freixo Poente.
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