Berny chama ao Alentejo a sua “África roubada”, logo ela que nasceu em Moçambique, filha de pais portugueses, e que viveu vários anos na África do Sul. Compraram este terreno em 2008 e desde então têm feito crescer o alojamento mesmo à beira da casa onde vivem com a filha de 14 anos, Gisela, que volta e meia aparece com um bolo que acabou de fazer. Também andam por lá dois cães – um possante leão da Rodésia e uma pequena franjinhas – que formam o the odd couple [o casal bizarro], diz Glenn enquanto nos conduz nos 20 minutos que separam a estação de Santa Clara-Sabóia e o Paraíso Escondido.
O paraíso é um sítio onde qualquer previsão meteorológica é gloriosa: depois de uma chuvada há qualquer coisa de renovador no cheiro da terra molhada, dos eucaliptos e dos pinheiros; o nevoeiro opaco é tudo o que se vê da parede panorâmica do quarto; nos bungalows elevados sobre estacas numa descida acentuada ouve-se a chuva bater no telhado de madeira -– estamos para ali abandonados com tanta paisagem à volta que parece que não há mais nada em lado nenhum. Berny e Glenn tinham o sonho de receber hóspedes num sítio mergulhado na natureza, onde se pudesse cair no relaxamento. Healing, diz-se em inglês, é o mote deste Paraíso Escondido, em São Teotónio.