Pestana Porto - A Brasileira
©Flor Salgueiro
©Flor Salgueiro

Porto sentido na Brasileira

A Brasileira está de volta e o Porto recebeu-a com a lágrima no canto do olho. Regressámos ao lugar onde já fomos felizes e passámos pela torra no novo Pestana Porto – A Brasileira.

Renata Lima Lobo
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A imagem padrão do ecrã gigante do quarto é a Ribeira vista do céu, a alma da cidade Invicta. E é no Porto que estamos. Num quinto andar com cheiro a canela. E numa casa que deu um cheirinho novo a Portugal.

Pestana Porto – A Brasileira

Desde 2013 que não se sentia o aroma a café no edifício que viu A Brasileira nascer em 1903, dois anos antes da inauguração da casa irmã em Lisboa. Agora a mítica cafetaria abriu finalmente e a história regressa a casa, graças a uma parceria entre a OPPA – A Brasileira, do empresário António Oliveira (esse mesmo, o antigo jogador de futebol e seleccionador nacional), e o Grupo de Dionísio Pestana. O resultado foi a abertura do Pestana Porto – A Brasileira, o novo hotel do grupo sob a égide da marca Pestana Collection Hotels, a mesma do Pestana Palácio do Freixo e Pestana Vintage, na Ribeira.

Aqui está cada grão no seu galho: o hotel, o restaurante e a cafetaria-cocktail bar, que acaba por ser a carta de apresentação de toda a unidade e onde é claro o equilíbrio entre quem está só de passagem e quem regressa ao lugar onde já foi feliz.

Durante o dia, a Brasileira é a velha amiga de sempre. O pavimento e os candeeiros foram mantidos e as cadeiras são réplicas das que aqui existiam. Outro elemento que arranca sorrisos dos clientes são as placas em latão que dão o aviso: “Por favor, não cuspam no chão”. É que o fundador, Adriano Telles, serviu pela primeira vez em Portugal café à chávena, oferecido a quem comprasse um saquinho de café para levar para casa. Havia quem não gostasse do sabor mais intenso e, instintivamente (vamos acreditar nisto), cuspia o café para o chão.

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Mas o café d’A Brasileira, importado de uma fazenda brasileira, lá está, rapidamente se tornou famoso, à boleia do slogan “O Melhor Café é o da Brasileira”. Hoje volta-se a apostar num bom café graças a uma parceria com a marca portuguesa Vernazza, especializada em café artesanal torrado em Portugal e também vindo do Brasil, de uma fazenda em Minas Gerais próxima do local de onde eram originalmente importados os grãos de café d’A Brasileira. Um café encorpado, com notas de cacau e caramelo e de acidez suave. Mas, apesar de vir do Brasil, pedir um carioca nesta casa é uma heresia. Ou “água suja” como descreve Gianpiero Zignoni, luso-italiano e um dos sócios da Vernazza.

Na cafetaria, que a partir das 19.00 se transforma em cocktail-bar com curadoria musical do DJ Rui Trintaeum e novo jogo de luzes, é também servido o bolo 4 de Maio, o único que existia na primeira vida d’A Brasileira, sem açúcar e com ameixa, damasco e frutos secos, recriado pelo chef Rui Martins, também responsável pelo restaurante A Brasileira. Aí, na porta ao lado (mas com ligação pelo interior), a aposta é na cozinha tradicional portuguesa com toques de modernidade bastante divertidos. É o caso da entrada de tártaro de atum com massa de azevias crocantes (12€) ou o prato de bacalhau à Brás com batata confitada e uma espuminha que remete para um cappuccino (12€).

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E depois há o hotel cujo lobby mantém a escadaria, um restauro da obra do arquitecto Januário Godinho (também co-autor do Palácio da Justiça de Lisboa). O hotel tem 89 quartos e suítes ao longo de seis pisos temáticos inspirados em especiarias importadas para Portugal nos séculos XV e XVI: uma experiência sensorial entre café, chá, cacau, pimenta, canela e anis, produtos que pode conhecer melhor, entre a origem e curiosidades, com a ajuda de painéis interactivos instalados ao pé dos elevadores. O café marcará também presença em cada piso, onde brevemente serão instaladas estações de café, com instruções emolduradas para que se possa armar em barista amador e estar de pestana aberta sob demanda. Há ginásio, claro, salas de reuniões e um acolhedor pátio francês com um jardim vertical quase a perder de vista em altura, um bom espaço para experimentar, porque não, o Mister Blaque, um licor caseiro de café 100% arábica com notas de laranja, baunilha e canela. Nota final? Cinco estrelas. 

GPS

Para comer

A simpáticas distâncias a pé consegue provar alguns dos melhores petiscos do Porto. Antes de mais, não pode sair da Invicta sem se atirar a uma francesinha. O sítio mais consensual para os portuenses é mesmo o Café Santiago (Rua Passos Manuel, 226. Seg-Sáb 11.00-23.00), mas se a sua paciência não for amiga das filas, há sempre a Casa Guedes a dois passos (Praça dos Poveiros, 130. Seg-Sáb 09.00-22.30), onde se vendem deliciosas sandes de pernil, com ou sem queijo da Serra.

Já o pão é da Padaria Paulista, na Batalha. E é junto da Praça da Batalha que encontra o Snack-Bar Gazela (Travessa Cimo de Vila, 4. Seg-Sex 12.00-22.30, Sáb 12.00-17.00), onde se servem os famosos cachorrinhos há mais de 50 anos, com pão estaladiço pincelado com manteiga e molho picante a aconchegar a salsicha e a linguiça e com queijo derretido a ligar tudo.

Para fazer

Há apenas uma rua que separa o Pestana Porto - A Brasileira do Teatro Sá da Bandeira. Atravessando-a entra numa das mais emblemáticas salas da cidade, erguida em meados do século XIX. Seja qual for o espectáculo, vale a pena conhecer a sala principal (Rua de Sá da Bandeira, 108).

Para beber literalmente à Porto, é subir a rua e entrar na Fábrica de Cervejas Portuense (Rua de Sá da Bandeira, 210. Ter-Qui 10.00-00, Sex-Sáb 10.00-02.00), a casa da cerveja Nortada, onde pode experimentar o néctar ou levá-lo para casa.

Outros planos de fuga

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  • Hotéis de luxo

Antes de fazer check-in na Fortaleza do Guincho esteja seguro de quantos minutos são precisos para que os seus ovos quentes fiquem no ponto ideal. Ao pequeno-almoço – para muitos o ponto alto da experiência de um hotel – confrontaram-nos com esta pergunta e uma mera descrição da gema líquida não chegou. 

  • Viagens

Dissemos a um amigo que íamos dormir ao Sublime Comporta. A resposta dele, que terá sido qualquer coisa como “mais um que o comum dos mortais não conhecerá”, deixou-nos a pensar. E tudo porque o comum dos mortais devia, pelo menos uma vez na vida, aqui ficar. Seja numa data especial ou apenas para fugir à rotina de sempre. Se é para cometer uma extravagância, que seja aqui.

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  • Hotéis de charme

O pote estava lá. Estava lá, à espera que Brites Pires e a família o encontrassem. Ficaria na casa recuperada, para decoração, decidiram em conjunto em 2010, muito antes de saber que aquele terreno de 10 hectares seria mais do que um voltar às raízes. Hoje, o pote está no escurinho da adega do Monte da Estrela – e é lá dentro que se produzem  artesanalmente 600 litros de vinho por ano, o mesmo que os hóspedes podem experimentar nas provas (acompanhado de pão alentejano e azeite, linguiça da Safara, queijo fresco de cabra e conversas sem horas para acabar com os proprietários), nos jantares vínicos, ou no terraço das estrelas, construído propositadamente para observar o céu escuro.

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