Partida
Vá lá, não se atrase. O Comboio Histórico parte às 15.28, e vale a pena chegar um pouco antes para ter um cheirinho de como se prepara a máquina. “Antes da viagem fazemos uma manutenção preventiva”, refere Agostinho Ferreira. “O processo é simples, mas é preciso ter boa visão. Passa muito por observar sintomas. Parafusos que possam estar desapertados, lubrificar constantemente, ter atenção a possíveis fugas na caldeira... Isto é tudo muito bonito, mas é preciso ter cuidado.”
Maquinistas e mecânicos trabalham em equipa. O colega de cabine do maquinista, Adelino Marques, aproveita os minutos antes do tiro de partida para lubrificar o comboio de forma manual, ponto por ponto. “O que eu gosto mais nisto é a condução, porque é tudo mecânico, não há nada de electrónicas. Tecnologia para mim já é um bocado avançado... eu ainda sou antiquado”, diz.
Os passageiros vão-se juntando no exterior do comboio. Começa o rodopio de fotografias; bebe-se o vinho do Porto que é oferecido no momento do check-in, juntamente com uma garrafa de água e rebuçados típicos da Régua; dá-se uns passinhos de dança ao som de um grupo de música e cantares tradicionais da região (em tempos pré-Covid, a animação acontecia dentro do comboio). Entretanto, os silvos da locomotiva, cada vez mais insistentes, servem de sinal para o arranque da viagem.