Em Julho receberam os primeiros hóspedes e, desde então, a quinta tem crescido: ganhou quatro “tendas-sino” com capacidade para três pessoas, uma caravana com cozinha e wc independente, uma área de refeição, uma cozinha aberta, um forno onde se coze a pizza night (um rodízio de pizzas semanal), casas de banho secas (ao invés de água a descarga é feita com serradura ou terra – e não, não cheiram mal), duches aquecidos por painéis solares e uma horta invejável que não pára de crescer. É nela que o casal planta curgetes, pimentos, cenoura (“A rama engana, por vezes puxo e sai uma cenoura pequenina e gordinha”, ri Ana), alfaces, acelgas, mostarda, ervas aromáticas, fruta e flores comestíveis – “Que são mais fáceis de tratar do que as alfaces e ficam muito bem em saladas”, explica Ben. Por perto, anda sempre a Malhada, uma cadela de sete anos que o casal adoptou em Janeiro, enquanto que na entrada da propriedade fica o galinheiro com quatro poedeiras. “Andamos a ver se compramos um cavalo e um burro”, explica Ana, que se mudou há um ano e meio para o Vale. “Quando cheguei mal se viam as framboesas no meio das silvas. Agora está tudo à vista”, diz com orgulho. Quando lhes perguntámos se se sentiam isolados a resposta saiu segura: “Não conseguimos ir tantas vezes ao cinema ou a um concerto como queríamos, mas acabamos por estar demasiado ocupados com o trabalho na quinta. Além disso, viajamos algumas vezes por ano a Lisboa e a Londres para vermos a família.”
Em podendo, era clonar o Ben e a Ana. Bricolagem, jardinagem, canalização, electricidade, energia solar, permacultura, astronomia ou culinária – são poucos os assuntos que não dominam. Quando não sabem, lêem, perguntam ou pesquisam na internet. Foi nesta última que Ben deu com um terreno no Vale, perto de Arcos de Valdevez, numa altura em que vivia aborrecido na Holanda e procurava um novo sítio para morar. Um amigo sugeriu-lhe Portugal, por ter cá o pai a morar há vinte anos. Ben pegou no carro e pôs-se a caminho. Entrou pelo Norte, vindo de Espanha, e não desceu muito (na verdade, desceu pouco desde então, pois nunca foi ao Algarve, por exemplo, mas está a fazer por isso). Estava em Novembro de 2011 quando comprou o terreno, e em Janeiro de 2012 montou literalmente a tenda na área onde fica actualmente a Quinta do Figo Verde. O irmão veio ajudá-lo durante um ano e, juntos, começaram a limpar o mato e a dar forma ao que é hoje um turismo rural sustentável.