1. Vadiar à mesa no Alma Nómada
Depois de anos a ganhar calo no Loco de Alexandre Silva, na Bica do Sapato de António Bóia, no Feitoria de João Rodrigues ou no Belcanto de José Avillez, Ricardo Leite fixou-se agora em Porto Côvo para assumir o seu primeiro espaço como chef executivo. Aqui procura criar uma cozinha com assinatura, atenta à sazonalidade e inflexível com a qualidade do produto, comprometida com a ideia de tornar a vila do sudoeste numa referência gastronómica – a avaliar pelo passa-palavra, vai no bom caminho. O peixe vem lota de Sines, os frescos das quintas da região, o borrego é alentejano, a vaca é minhota (60 a 90 dias de maturação), a inspiração vem de toda a parte, e o resultado é uma carta sofisticada mas a prometer conforto. É o próprio Ricardo que nos aponta dois pratos exemplares desse equilíbrio. Um, o bacalhau de cura prolongada. “Tem cura de 18 meses, inacreditável, quase quintuplica quando é demolhado”, entusiasma-se o chef. A demolha pode levar sete dias, depois o bicho há-de ser mergulhado em leite de amêndoa, feito aqui mesmo na casa, servido com caviar, pil pil (picante típico basco), crocante de batata, ervas do mar e ar de aneto (25€). No outro extremo, o arroz de carabineiro em forno a lenha para duas pessoas (60€). “Um arroz à antiga, à moda do Norte”, explica este transmontano: “crocante por cima, húmido e macio por baixo, leva um óleo de carabineiro que faço com as cabeças e tem uma potência de sabor incrível. Um prato rústico, todo de conforto”. Não estranhe se um destes dias Porto Côvo fique conhecido como a vila onde é possível avistar uma estrela Michelin dentro de um parque de campismo.
Costa do Vizir Monte Branco. 96 575 4882. Todos os dias até às 22.30. A partir de 40€/pax