Poncha, Madeira
© Gabriell Vieira
© Gabriell Vieira

Os melhores sítios para sair à noite na Madeira

Seja poncha, cocktails de autor ou as espirituosas do costume, traçamos-lhe um roteiro com os melhores sítios para sair à noite na Madeira.

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A dinâmica da noite na Madeira tem uma característica particular, acontece maioritariamente em dois ambientes distintos: nos bares de rua e nos bares de hotel, acabando invariavelmente numa das muitas discotecas do Funchal. E do mesmo modo que se sabe quase sempre onde vai acontecer o último copo, há também que saber que o primeiro da noite será a famosa poncha, a bebida criada por pescadores para aquecer noites frias. Entretanto, e por motivos que envolvem a saúde do fígado, rapidamente se percebeu que uma noite inteira regada a aguardente podia ser contraproducente, pelo que locais e turistas começaram a explorar formas mais ligeiras (e menos imprevisíveis) para aproveitar a noite. Daí apareceram os bares de cocktails e os bares de hotel abertos ao público, no mesmo registo dos estabelecimentos de rua, com a grande vantagem de a maior parte oferecer vista para o mar.

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Cinco sítios para beber poncha

Em época alta, nesta casa na Quinta Grande, em Câmara de Lobos, vendem-se em média 200 a 500 ponchas por fim-de-semana. A bebida acompanha bem com uns tremoços temperados e amendoins. Está de portas abertas há mais de 70 anos e mantém a decoração, com armários de loiças antigas, notas de escudos e fotografias autografadas pelas muitas celebridades portuguesas que por aqui já passaram.

Independentemente da hora a que passar pela Taberna da Poncha, na Serra D’Água, entre e peça um copo de poncha – conselho de madeirense que garante que qualquer hora é boa para beber. Pelo caminho não estranhe as cascas de amendoim espalhadas no chão, é mesmo assim que funciona esta taberna, uma das mais conhecidas na ilha, com cartões de visita a adornar as paredes. É feita na hora e mexida mesmo à sua frente.

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A poncha regional e a à pescador são as mais populares da Venda do Sócio, no Caniço, casa com mais de 50 anos que decora as prateleiras carregadinhas de boas pingas e espirituosas com cachecóis de equipas de futebol nacionais, internacionais ou de clubes regionais. Tem “dentinhos”, o nome das travessas de petiscos, para ir acompanhando a poncha.

Fica no coração da zona velha do Funchal e recria o ambiente das antigas vendas, apesar de ser um dos bares mais modernos, com mais cocktails, música e DJs sempre a garantir uma noite animada. Há metros de poncha, que é como quem diz tabuleiros cheios de pequenos copos da bebida prontos para irem para uma mesa cheia, e depois é só deitar abaixo. Tem as ponchas clássicas e de fruta, de maracujá e tangerina.

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É um ponto de referência na ilha, em plena serra, pelo que quer esteja a vir do nascer do sol no Pico do Areeiro ou a descer do pôr-do-sol, é bom sítio para parar e aquecer (lá em cima é fresco). A poncha é servida no bar, no hall do restaurante. É feita no momento e bem fresquinha. Se for mais ao final da tarde, é um bom sítio para ficar para jantar e provar uma canjinha na caneca, sopas de trigo, caldo verde servido em pão caseiro ou açorda.

Sabia que…

A origem da poncha remonta ao século XVI, altura em que os descobridores transportavam limão para prevenir o escorbuto. O fruto era transportado em aguardente e melaço de cana produzidos na Madeira. Há várias versões, mas as mais tradicionais são a poncha à pescador, com aguardente de cana-de-açúcar (o rum madeirense), limão e açúcar, e a regional, à qual é acrescentada laranja. Em todas há um denominador comum na confecção e os madeirenses garantem que é essencial: o pau de poncha, feito em madeira e também conhecido como “caralhinho” ou “mexelote”. Uma espécie de varinha mágica artesanal que mistura e macera todos os ingredientes. Diz quem sabe que a Bimby não faz igual. Vá a vendas (era aqui que, antigamente, se vendiam os produtos avulso), tabernas e pequenos bares – em todos, o preço da bebida varia entre os 1,50€ e os 2,50€.

Cinco sítios para beber cocktails

Há uma hora específica do dia, cerca de uma hora antes de o sol se pôr, em que o cenário se pinta de vários tons de azul e laranja e o paredão em frente ao mar começa a ser ocupado por gente de todas as idades com copos na mão, em jeito de brinde de agradecimento por mais um dia no paraíso. O Maktub, além da localização privilegiada, na ponta sul da ilha, mais precisamente no Paúl do Mar, podia ser só mais um bar de praia, dado as cores garridas com que está decorado, os cocktails exóticos que serve e o ambiente informal, mas não, apresenta-se como um refúgio familiar onde se promove o convívio, a partilha de ideias e conhecimento e, sobretudo, a boa onda. A banda sonora, apostada no Reggae e em beats dançáveis, combina na perfeição com o cocktail estrela da casa, o mojito, que aqui se assume como par ideal para acompanhar aquele que é anunciado como “o melhor pôr-do-sol da Madeira”. Semanalmente há espectáculos de música ao vivo que quase sempre resultam numa festa animada.

  • Bares de hotéis

Assim de repente, e sem desmérito para os restantes varandins sobre o mar que populam o Funchal, o Cloud Bar está na corrida pelo título de sítio mais cool da cidade, não só pelo ambiente cosmopolita que se explica pela tríade piscina, bar e vista de mar, mas também pela extensa da carta de cocktails, que aqui seguem o fio condutor da onda tropical com combinações exóticas apresentadas com elegância e muita criatividade. Aproveitando o cenário magnífico oferecido por este rooftop do hotel Next, sugere-se, entre as inúmeras propostas de bebidas, começar por um New Dawn, uma espécie de embaixador dos sabores da ilha, com gin, licor de maracujá, melão e pepino macerado, clara de ovo e xarope de açúcar infusionado em canela e limão. Perfeito para ir bebericando à beira da piscina ou na varanda que se estende até ao mar. Espreite a carta de comidas, com várias opções frescas, entre bowls, sandes bem recheadas e saladas.

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  • Frutos do mar

Talvez estejamos a ser demasiado optimistas ao querer encaixar a sangria na categoria de cocktail. Tecnicamente não o será, mas também não andará muito longe disso, especialmente quando resulta de uma receita trabalhada durante anos até atingir a perfeição. É o que acontece com a sangria de O Ideal, um restaurante de petiscos de mar muito bem cotado, com uma esplanada simpática a ocupar uma esquina da rua e com vista para o mar. A copo ou em jarro, a sangria de maracujá é um dos must-haves da casa, logo depois de um copo de poncha regional.

  • Bares de hotéis

Ninguém disse que os cocktails eram exclusivos da noite, pois não? Ainda bem. Nesse caso, vá directo ao terraço do Sé Boutique Hotel, no Funchal, e aproveite o brunch para se aventurar numa manhã sem pressas, alegrada pelos cocktails de autor de Rui Caré. Os amantes de gin vão gostar de saber que aqui o assunto é levado tão a sério que não há fruto tradicional da ilha que não esteja contemplado nas sugestões, tanto como os imperdíveis mojito, pisco sour e cosmopolitan. Se entretanto estiver numa de experimentar algo novo, vá directamente ao bar e peça para ser surpreendido. Não prometemos que, depois disto, saia do bar tal e qual como entrou, mas seguramente sairá mais satisfeito. E um bocadinho mais bem-disposto.

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  • Compras
  • Designer

Não falar de Nini Andrade Silva é como rejeitar o contributo da designer no posicionamento da Madeira como agente de cultura e inovação. No Centro de Design, elevado numa rocha ao largo do Porto do Funchal, este edifício ultramoderno promove o encontro da arte com a tradição, a gastronomia e a cultura popular. É também neste jogo de influências que nasceu um restaurante selecto, com um bar com esplanada panorâmica mesmo em cima do mar, e onde vale a pena passar para conhecer algumas das criações mais emblemáticas da designer e ficar para um fim de tarde entre amigos. Sem grandes loucuras, a carta de cocktails é bem representativa dos produtos da ilha e, por isso, não é de espantar que os cocktails mais pedidos não variem muito além do Madeira Tónico e do Madeira Sour, que, se dúvidas houvesse, existem para lembrar a versatilidade do vinho tradicional da ilha.

Sabia que...

Um questionário rápido aos funchalenses após alguns cocktails permite concluir que o melhor sítio para dançar é no Vespas Club: uma senhora discoteca com contornos de cidade grande, ou seja três pistas (Vespas, Jam e Marginal) que convidam a mexer o corpinho entre diferentes ritmos e batidas. A ditar as regras do clubbing da ilha há mais de 40 anos, as Vespas orgulham-se de ser palco das melhores festas eletrónicas da cidade, tanto quanto de concertos com grandes nomes da música nacional e internacional - os Xutos já aqui passaram.

Três bebidas que vai querer experimentar

Rum 970

É a única sugestão que não combina ingredientes que testam a ressaca. Destilado em alambiques do Engenho do Norte, deixado a estagiar durante seis anos em cascos de carvalho, o Rum Agrícola da Madeira 970 é uma referência na ilha desde a década em que começou a ser produzido, a de 1970. Tem um tom âmbar escuro e um grau alcoólico que digere rapidamente qualquer refeição farta, 40%. Bebe-se em todos os bons restaurantes da região.

Pé de Cabra

Originária de Câmara de Lobos, é outra bebida que testa a resistência estomacal ao levar vinho seco (ou vinho Madeira seco), cerveja preta, açúcar, chocolate em pó e casca de limão – tudo bem misturado pelo mexelote, o pau com que se prepara a poncha (na ilha ouvirá outro nome, daqueles que levam bolinha vermelha). Beba no bar com o mesmo nome – Pé de Cabra. (Caminho da Ribeira dos Socorridos, 5, Funchal)

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Chame pela Nikita

O nome vem de um clássico de 1985 de Elton John, mas a composição vem da cabeça de um funcionário do Farol Verde (Rua Nossa Sra. da Conceição, 11. 29 164 3987) sem medo das dores de estômago: gelado de ananás, cerveja, vinho branco, açúcar e mel. Tudo numa caneca de cerveja pequena com uma palhinha que nos chega espetada e direita como se puxada por um fio-de-prumo invisível. Pode bebê-la noutros bares da ilha, como no Number 2 (Rua de D. Carlos I), no centro do Funchal, onde também se serve uma poncha feita à maneira tradicional, com aguardente.

Sabia que…

Para estômagos fortes e espíritos aventureiros, há misturas estranhas que sabem melhor numa ilha do Atlântico. À primeira vista, combinam bebidas imisturáveis, a lembrar uma aula de físico-química na qual se põem à prova reagentes que podem explodir. Mas, na verdade, as combinações insólitas tornam-se bebidas obrigatórias de quem visita o arquipélago. Algumas misturam cerveja e vinho, noutras combina-se cerveja com chocolate em pó.

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  • Coisas para fazer

A Madeira é o destino certo para qualquer altura do ano, seja amante de mergulho, de caminhada, de se estender numa espreguiçadeira sem fazer nenhum ou de ficar à mesa horas sem fim a comer iguarias. Nesta lista encontrará planos mais turísticos e outros menos, porque há coisas que tem mesmo de fazer numa primeira ida à ilha da Madeira, como sentir a adrenalina de descer os carrinhos de cesto empurrados pelos carreiros do monte, provar maracujás no Mercado dos Lavradores ou acordar de madrugada para ver nascer o sol num lugar idílico da ilha (também vale a pena o pôr do sol).

Há algumas iguarias obrigatórias quando for de viagem à Madeira. Bolo do caco barrado com manteiga ou lapas e caramujos são algumas delas, óptimas como entrada. Mas no que toca a pratos principais, não vai encontrar nada tão famoso como a espetada (que nos desculpem os amigos vegetarianos e vegan). A espetada típica madeirense é feita com carne de vaca tenra, louro, sal e alho, em pau de loureiro. Os tempos mudaram e agora é servida habitualmente num espeto de metal. Mas não se preocupe porque mantém-se o sabor e sucos, ainda mais realçados com a manteiga posta no espeto já na mesa, que escorre pelos quadrados de carne.

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  • Coisas para fazer
  • Caminhadas e passeios

Uma pequena lição logo de início, porque o provável é não saber o que é uma levada e nós não estamos aqui para julgar, apenas para o encaminhar no sentido certo. As levadas são pequenos canais de irrigação feitos em pedra que servem para redireccionar as águas de uma zona para outra. A sua origem remonta ao século XV, altura em que tinham como função levar e distribuir a água das zonas mais chuvosas do norte pelas zonas mais a sul. Isto significa que, durante um passeio destes, vai poder entrar natureza adentro, seguindo um trilho que acompanha a levada.

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