Oficina dos Violinos & Cia
© João SaramagoMiguel Mateus é dono da Oficina dos Violinos & Cia
© João Saramago

No ateliê de... Oficina dos Violinos & Cia

Bem-vindo ao mundo encantado dos violinos, onde há arcos, cordas e crinas de cavalo. Num ateliê na Baixa, Miguel Mateus dá música a quem passa.

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A paixão de Miguel Mateus pelos violinos nasceu quando tinha apenas sete anos. O pai tinha estado na Guerra do Ultramar e lá ajudou um homem, chamado Philip Spitzer, que estava a passar uma fase difícil e precisava de roupa. Quando o pai de Miguel regressou a Portugal, no fim da guerra, recebeu um convite do alemão para ir até à sua casa em Lisboa. Spitzer queria recompensá-lo pela ajuda. Quando lá chegaram, perceberam que este era um homem rico e Spitzer não tardou a dizer a Miguel para escolher o que quisesse. “Numa sala cheia de peças de arte, eu agarrei-me ao violino”, conta o artesão.

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No ateliê de... Oficina dos Violinos & Cia

Foi amor à primeira vista. A partir daí foi impossível separar o violino deste homem. Aprendeu a tocar na igreja que frequentava na altura e, anos mais tarde, quando começou a trabalhar, tinha aulas às escondidas. Um dia, o violino necessitava de reparação, mas não havia ninguém que fizesse esse trabalho. Foi aprendendo sozinho com a ajuda de alguns luthiers (nome dado a quem constrói violinos), com quem comunicava por fax. “Quando comecei a repará-lo senti exactamente o mesmo tipo de emoções de quando tive o primeiro contacto com o violino” conta.

Sem formação em Portugal e sem apoio familiar, Miguel não desistiu e continuou a treinar até que conseguiu um estágio.

Em 2013 abriu a sua própria oficina de violinos. Na parte da frente encontra uma pequena loja que vende violinos vindos da Inglaterra e da Alemanha, cordas e outros acessórios. Mas também os alugam. Atrás fica o ateliê e é lá que a magia acontece. O luthier conta com uma pequena equipa composta pela mulher Filipa, especialista em arcos; a assistente Sara, que os ajuda em tudo o que for preciso; a administrativa Carla; e, claro, Cremona, uma cadela Branco Alemão que lhes faz companhia todos os dias e que recebeu o nome da cidade italiana onde moram alguns dos violinos mais famosos do mundo: os Stradivarius.

Rua da Torrinha, 228F. 22 092 1641. Ter-Sex 10.00 às 13.00 / 14.30 às 19.00. Sáb 10.00 às 13.00 / 15.00 às 18.00

No ateliê de... Oficina dos Violinos & Cia

CD

“Ouço quase sempre Mozart. Às vezes a minha mulher e a minha assistente até me escondem as peças”, ri Miguel Mateus. “A minha favorita é a Sinfonia Concertante para violino e viola de Mozart. Mas também gosto dos concertos para violino, que ouço com grande regularidade.”

Viola de arco

“Foi a primeira que construí. É de 2008 e não a quero vender. É para uso da casa e, às vezes, é tocada por alguns amigos porque os instrumentos foram feitos para serem usados e não para estarem pendurados numa parede. Diz-me muito porque foi fruto de muito trabalho e de muitas asneiras.”

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Caudas de cavalo

“São utilizadas para os arcos. Temos brancas, pretas e castanhas. Normalmente mandamos vir da Mongólia ou da Sibéria. São melhores por causa do pasto e do clima. As caudas são muito importantes porque vão ser cortadas em fios, vão ser penteadas, e vão ser utilizadas para fazer nós muito específicos e difíceis.”

Violino

“Este violino é um dos meus favoritos e fui eu que o construí. Vai para o Royal College of Music, em Londres. É muito difícil dizer adeus a um instrumento assim.”

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Violino antigo

“Tenho aqui um violino que está à espera de reparação. Tem um lugar especial no meu coração porque comprei-o numa fase muito difícil da minha vida, quando ainda era muito novo. Já foi restaurado e usado, e agora precisa de uma reparação profunda. Não é valioso, mas é um objecto que me acompanha há alguns anos.”

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