a equipa do City of All
Fotografia: Inês FélixRicardo Gomes Martins, Cristina Lopes e Nuno Saraiva
Fotografia: Inês Félix

City of All: a nova marca de azulejos tradicionais, ilustrados por Nuno Saraiva

A marca quer acabar com a piroseira reinante nos souvenirs da cidade. Apresentamos-lhe esta nova marca de BD e ilustração pintada em azulejo tradicional.

Renata Lima Lobo
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“O imaginário gráfico da cidade está mal entregue” desabafa Nuno Saraiva, referindo-se à quantidade de souvenirs de má qualidade e pouco inovadores que se encontram por aí. Mas Lisboa hoje é uma cidade diferente, do mundo, moderna, empreendedora, turística. Para o melhor e para o pior. E City of All não só é uma nova marca da cidade, como poderá marcá-la de uma forma especial. Nuno Saraiva e Ricardo Gomes Martins criaram esta nova marca de azulejos que quer começar tudo de novo. A revolução começa no facto de este ser o primeiro projecto comercial exclusivamente português de BD e ilustração pintadas à mão em azulejo tradicional. E continua no sarcasmo e ironia que caracterizam as ilustrações de Nuno Saraiva e que aqui mostram uma Lisboa contemporânea, entre o Santo António a andar de segway e uma peixeira que vai tirando selfies. Até um novo logotipo de Lisboa foi criado em azulejo, só que no lugar da barca está um gigante cruzeiro, com um corvo de cada lado. O próprio logotipo faz uma sátira: o último L está a cair, o que resultaria num City of AL. E vimos tudo a entrar e a sair do forno.

A magia acontece na Oficina Santa Rufina, um espaço que mora na colina do Castelo há cerca de cinco décadas, mas que é mais famoso entre quem nos visita. Poucos portugueses tocam à campainha da oficina hoje liderada pela artesã e desenhadora Cristina Lopes, nascida na Mouraria e formanda de Querubim Lapa na António Arroio. Começou a trabalhar nesta oficina com apenas 19 anos, conhece bem os cantos à casa e os cantos de todo o tipo de azulejos. Neste projecto é Cristina que os pinta à mão, que os põe e tira do forno (também à mão, mas não é para meninos), que dá o aval aos azulejos tradicionais e semi-industriais (para haver opções para mais carteiras), onde vai seguindo o traço de Nuno Saraiva com mestria. Sempre sob a bênção de Santa Rufina, a padroeira da cerâmica, pois claro.

Nuno e Cristina são artistas, mas foi Ricardo que juntou todas as peças do puzzle. Antigo consultor na área da informática, um dia fartou-se “de não ter vida própria”, despediu-se e foi parar à Junta de Freguesia de Santa Maria Maior como técnico na área do empreendedorismo social. Foi nestas aventuras que acabou por conhecer Cristina. E quando chegou a altura de com Nuno escolher um parceiro de topo, que tratasse a técnica azulejar por tu, a escolha foi bastante óbvia.

Antes de se atirarem ao conceito final, os dois sócios fizeram uma peritagem pela Baixa de Lisboa para concluírem que as propostas de lembranças da cidade são pouco convidativas e de fraca qualidade. “Falta mensagem, conteúdo narrativo. Não basta desenhar um eléctrico amarelo ou um Camões com a coroa de louros”, defende Nuno Saraiva, que para o City of All, além das oito primeiras figuras avulsas (todas numeradas), também desenhou uma BD. O tema para a primeira história da “Colecção - Ouro Sobre Azul” é o fado, um conjunto de quatro azulejos feito exclusivamente em azulejo tradicional que versa sobre a Sedução, o Ciúme, a Morte e a Saudade. Uma edição limitada, numerada e assinada e uma peça mais premium vendida numa bela embalagem de madeira da autoria da designer portuense Madalena Martins.

Para já, a City of All irá arrancar apenas como loja online, mas no futuro poderá estar presente em algumas lojas escolhidas a dedo pelos fundadores da marca. E no futuro pedir histórias a outras cidades. Mas essa já é outra BD.

A marca é oficialmente lançada pelas 19.00 de 13 de Dezembro, na Ginjinha de Alfama (Rua de São Pedro, 12), mas já pode ir espreitando a loja em www.cityofall.com.

Mais azulejos em Lisboa

  • Coisas para fazer

Os primeiros azulejos hispano-mouriscos foram importados de Sevilha por volta de 1503. Não demoraram muito tempo a ser produzidos em Lisboa e são hoje (e desde há muito tempo, na verdade) um dos cartões de apresentação da cidade. Os criativos da cidade vão trazendo esta arte para o século XXI, e assim, em Lisboa, podemos saltitar entre quadradinhos de outros tempos e contemporâneos.

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