O culto e a cultura sempre ligados. Pelo menos é nessa premissa que assenta a nova grande exposição do Palácio Nacional da Ajuda, à qual fomos ajudar a tirar o pó ainda antes de tudo estar arrumado e pronto para ser visitado. “Na Rota das Catedrais” inaugura na terça, dia 26, abre ao público na quinta, dia 28, e por lá fica todo o Verão, até 30 de Setembro.
Ainda a pisar o chão plastificado da Galeria D. Luís – intervencionada pela arquitecta Paula Araújo da Silva –, Marco Daniel Duarte, director do museu do Santuário de Fátima e comissário da exposição, guia-nos por algumas das peças que já delimitam os núcleos expositivos. “Queremos pôr os visitantes a olhar para o património das catedrais como lugares onde se define muita da identidade local e nacional”, explica. “Dificilmente voltaremos a ter no mesmo espaço estas peças reunidas, e umas ao pé das outras conseguimos elaborar uma história complexa sobre as catedrais em Portugal.”
O projecto Rota das Catedrais começou em 2009, com um acordo de cooperação entre o Ministério da Cultura e a Conferência Episcopal Portuguesa, e culmina agora nesta reunião de arte sacra, onde se encontram peças do século XVII – a mais antiga vem da Sé de Lisboa – ou uma Pietá de 2012, a mais recente. “Esta exposição mostra várias vertentes artísticas, da prata à madeira, dos metais aos têxteis, e juntamos vários tipos de património que falam da mesma realidade”, afirma Marco, que com a sua equipa reuniu nesta exposição mais de 100 peças únicas. “No fundo, as catedrais são mais que um local de culto, são um local onde se junta toda a comunidade e isso está bem patente aqui.”
Da Catedral de Braga à de Faro, há peças de todo o país. E sendo “quase impossível fazer uma escolha das melhores”, o comissário optou por dar destaque a algumas das mais adoradas pela comunidade local – e que quebram com as figuras sagradas que se vê normalmente.