O que é afinal um "alfacinha de gema"? São aqueles cidadãos, metade hortaliça, metade ovo, nascidos e criados entre as sete colinas e tidos como os Verdadeiros Lisboetas. Sabe como distingui-los entre a multidão? Nós damos um ajuda.
Já aqui lhe falámos sobre como identificar um verdadeiro lisboeta. Identificando o sujeito, está na hora de saber como evitar enervá-lo - ou não. De buracos no chão ao preço exorbitante das casas, há muito que enerve os alfacinhas. Atente na nossa lista:
1. Gruas a tapar a vista
“Anda comigo ver as vistas ao miradouro”, diz um incauto cidadão que não põe os pés num miradouro de Lisboa há pelo menos um ano. Sim, vai ver as vistas, o castelo, o Tejo ou a Baixa Pombalina e aprender o jogo do “quantas gruas consegues contar”. Depois sempre pode apurar as suas habilidades no Photoshop a apagar gruas da fotografia. Mas isto somos nós a olhar para o copo meio cheio.
2. Turistas que andam no passeio lado a lado e não em fila
Como se já não bastassem as fintas que temos de fazer para andar a velocidade de cruzeiro nos passeios de Lisboa, porque temos sempre muitas coisas para fazer, ainda temos de arriscar a nossa própria integridade física ao ter de pisar o alcatrão ou paralelepípedos das ruas para não separar famílias inteiras de turistas que gostam de se passear, lado a lado, ombro a ombro, mano a mano.
3. Locais a cuspir para o chão
É verdade, ainda acontece. E é daquelas modas que já devia ter passado. Quem não assiste a uma cena destas pelo menos uma vez por semana? “Obrigada por este momento”, pensa ironicamente um lisboeta quando vê outro cidadão a livrar-se despudoradamente da saliva em excesso.
4. O semáforo do Largo Camões
Não sabemos muito bem como resolver isto, mas o semáforo para peões que liga a Igreja do Loreto ao Largo Camões é um pesadelo a qualquer hora. O espaço de espera é pouco para o acumular de tanta gente que espera pelo ok da luz verde. Só valem a pena os momentos Marilyn de quem ao atravessar é apanhado pelo ventinho quente do respiradouro do metro.
5. O preço das casas
É para o menino e para a menina. Mas os meninos têm de ter um fundo de maneio simpático senão vão viver para os concelhos que circundam Lisboa. Com sorte, porque também vai precisar, consegue um tecto digno para habitar por um preço que não faz corar os não-investidores.
6. Crateras na estrada
OK, há-de haver muito lisboeta que não se importava de pôr os pés na Lua. Mas não era preciso termos buracos à la cratera Longomontanus.
7. Pessoas que fazem de conta que apanham o cocó do cão
Alerta polícia do cocó: andam de saquinho na mão, mas é só para despistar quem passa. Mas atenção que o modus operandi varia: ou se passeiam ostentando um único saco de plástico vazio ou então usam mesmo um saco cheio, mas não com o cocó do Milu, será de outra coisa qualquer que dá aquele volume.
8. Pedras da calçada fora do sítio
E pisar uma pedra da calçada que faz ricochete directo para o osso do tornozelo? Atenção, somos pela calçada (especialmente pela calçada artística portuguesa), mas bem acondicionada e anti-derrapante (sim, é possível, ver Calçada do Combro).
9. Ser atropelado a sair da carruagem do metro por quem quer entrar
Vamos lá ver se nos entendemos. É preciso haver algum tipo de escoamento antes de se atirar lá para dentro. Vai ver que há tempo para tudo, não precisa de fingir que é um muro intransponível à porta da carruagem que terá de ser contornado, às vezes por dezenas de pessoas que só querem é sair dali.
10. Carros estacionados na linha do eléctrico
Não temos andado muito no 28, safamo-nos mais depressa a pé e sempre nos podemos baldar a uma hora no ginásio. Mas recordamos os bons velhos tempos deste transporte público que serve um bairro complicado em termos de trânsito: a Graça. O que não tem graça nenhuma é ter de esperar por cidadãos que foram “só ali ao talho” ou que demoram “só um minuto, caraças”.