Sabine Seymour
Áustria, “jovem para sempre”
SUPA
Como é que um atleta, com um estilo de vida e uma alimentação saudáveis, desenvolve problemas de saúde típicos de quem faz más escolhas e geralmente associados ao vício e ao sedentarismo? Os médicos nem sempre sabem dizer porquê. Para perceber a fonte do problema, seria necessário ter dados sobre os pacientes desde a juventude, ainda com a saúde intacta. Talvez assim fosse possível criar medicamentos personalizados. Este foi ponto de partida de Sabine Seymour, que em 2016 criou uma startup para concretizar a ideia. “A SUPA é uma empresa que recolhe dados para serem trabalhados por outras empresas, focada no estilo de vida da Geração Z e com o objectivo de usar esses dados para democratizar os cuidados de saúde”, começa por explicar. Como? “Pagando à Geração Z pelos seus dados biométricos com tokens, que depois podem ser trocados por dinheiro, produtos sustentáveis, doações solidárias, ou uma fracção da propriedade da SUPA.” A tokenização dos dados significa que a informação sensível, e que deve permanecer confidencial, é substituída por um equivalente que não tem valor nem significado fora do sistema que o produz. O que é parte fundamental na estratégia de sedução de utilizadores num tempo em que o destino dos dados é cada vez mais uma preocupação. Outra parte “Queremos perceber o impacto que o ambiente tem na nossa saúde.”importante é a monetarização dos dados por parte de quem os fornece e, por fim, há a finalidade de tudo isto. “Queremos perceber o impacto que o ambiente tem na nossa saúde e conhecer melhor os comportamentos de consumos da Geração Z no que diz respeito à saúde, à comida, ao desporto e ao bem-estar mental para responder ao crescimento dramático de doenças como a diabetes com programas de prevenção, ajudando a indústria farmacêutica a criar medicamentos personalizados”, esclarece Sabine Seymour, que se dedica a projectos de inovação tecnológica desde 1998. “Sou uma atleta 24 horas por dia. Tenho atenção ao que como, quanto tempo durmo, quanto me movo...” Mas, diz, essa atenção não é sistematizada nem pode ser usada em seu benefício caso venha a ter um problema de saúde no futuro. Até agora. Os jovens de hoje vão ter “SUPA poderes”. A austríaca já viveu em Viena, Paris, Sydney e Nova Iorque, onde foi distinguida como o prémio Women in Tech. Decidiu regressar à Europa para montar este negócio, depois de ponderar mudar-se para Los Angeles. “Lisboa é um íman para mentes criativas e confluentes no espaço digital.”