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Fotografia: Inês FélixFórum Grandela
Fotografia: Inês Félix

As 22 paragens obrigatórias na Estrada de Benfica

Entre as Portas de Benfica e o Jardim Zoológico, há 4 km de estrada e decidimos percorrer tudo a pé.

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Demos corda aos sapatos para lhe trazer um apanhado do que há de melhor para fazer na Estrada de Benfica, uma importante artéria da cidade que se estende ao longo de duas freguesias: Benfica e São Domingos de Benfica. Ainda se sente um forte pulsar da vida de bairro em cafés, restaurantes, mercearias, padarias e lojas de todos os tamanhos e feitios. Há também dois antigos palácios que estão à sua espera, os melhores locais para se sentar a descansar se decidir fazer o mesmo que nós e percorrer a estrada de uma assentada só. Eis as paragens obrigatórias na Estrada de Benfica.

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Paragens obrigatórias na Estrada de Benfica

  • Compras
  • Mercearia de bairro
  • Benfica/Monsanto

Já foi uma loja com produtos alentejanos e agora continua a ser. A antiga Alentejanicis fechou, mas o pequeno espaço foi ocupado por outro alentejano. Edgar Marim trabalhava na marisqueira Roda, na porta ao lado, e há muito tempo acalentava o sonho de ter um negócio com produtos da sua região. A oportunidade chegou com a saída do conterrâneo (mais ou menos, porque Edgar é do Baixo Alentejo) e em 2021 nasceu a mercearia Alentejano do Bairro, onde encontra encharcadas, rançosos, sericaias, empadas do Crato, vinhos, biscoitos, licores, chocolates, cestas e cadeiras tradicionais e, claro, pão alentejano fresquinho.

  • Atracções
  • Edifícios e locais históricos
  • Sete Rios/Praça de Espanha

Se já passou pela Estrada de Benfica, de certeza que reparou neste bairro comprido, nas casas pequenas e airosas e nas imponentes fachadas neoclássicas. Parece que, por uns breves instantes, estamos noutra cidade – ou noutro tempo. Nada disso, estamos à porta (número 419) de um bairro operário fundado no início do século XX: o Bairro Grandella. As casas e infra-estruturas circundantes foram mandadas construir pelo empresário Francisco de Almeida Grandella (esse mesmo, dos Armazéns Grandella, actuais Armazéns do Chiado) para alojar os seus trabalhadores – mais de 80 casas divididas em dois quarteirões que incluíam uma escola própria e um infantário. Daquelas casas os trabalhadores partiam para ir trabalhar na Sociedade Algodoeira do Fomento e nos Armazéns e Fábricas Grandela. Classificado como Imóvel de Interesse Público em 1984, o bairro é uma espécie de cápsula do tempo no meio de São Domingos de Benfica. Na fachada do edifício principal é possível encontrar o lema do grande empreendedor lisboeta do início do século XX: “Sempre por Bom Caminho e Segue”.

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  • Pastelarias
  • Sete Rios/Praça de Espanha

“Califa numa palavra? Croquetes”. Esta é uma das 50 frases escolhidas para figurar numa das paredes da casa, uma ideia nascida durante as comemorações dos seus 50 anos de existência. A Califa abriu em 1968 e é uma das mais altas referências pasteleiras (e croqueteiras) da cidade. Foi o primeiro café do bairro com projecção no resto da cidade e tem três pisos: no primeiro andar fica o restaurante (um upgrade com 45 anos), café no R/C e a magia acontece toda na cave. É daí saem as estrelas da companhia: além dos croquetes, foi aqui que nasceu o Pastel de São Domingos de Benfica, após um desafio lançado pela junta de freguesia às suas pastelarias de fabrico próprio. Condição? Ter alfarroba, em homenagem à vizinha Quinta da Alfarrobeira. A Califa venceu e vencedor também é o bolinho de chocolate Garibaldi. Uma delícia.

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  • Mercearias finas
  • Sete Rios/Praça de Espanha
Já se chamou Pérola da Selva, na Travessa das Águas Boas, a primeira morada. O nome mudou desde que inaugurou na Estrada de Benfica, em 1967, e há 20 anos que o homem do leme é Manuel Silva. É precisamente a simpática família Silva que encontra a vender cafés, vindos das torrefações alfacinhas Negrita e Flor da Selva, chás, chocolates, bolachas, mel, bombons e um número sem fim de doces. Tudo uma perdição. Com a Páscoa à porta chegaram os clássicos ovos de chocolate da bracarense Avianense, ideais para encher de amêndoas. “Tentamos sobreviver às grandes superfícies. Mas a qualidade no atendimento e nos produtos é sem dúvida melhor nestas lojas”, defende Sandra Silva, parte do clã d’A Casa da Selva.
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  • Mercearias finas
  • Benfica/Monsanto

É a loja mais bem cheirosa do bairro e vale muito a pena a visita, não só pela qualidade do que aqui se vende, mas também pelo atendimento de Sérgio e Rita Solposto que dão continuidade à loja de Pureza Solposto (mãe de Sérgio), a dona do negócio fundado em 1949. Essencialmente, vende-se a granel e ao café torrado a lenha na Flor da Selva, nesta mercearia fina encontra frutos secos, figos do Algarve, licores, broas, bombons, tudo do mais gourmet que há, arrumado ao milímetro. São 1300 produtos diferentes, o que faz da Solposto uma espécie de dispensa dos nossos sonhos.

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  • Mercearia de bairro
  • Benfica/Monsanto

Era uma vez uma casinha de madeira, cheia de doces. Mas calma, que esta história tem sempre um final feliz. A Casinha da Ginja está localizada na intersecção da Avenida Grão Vasco com a Estrada de Benfica há cerca de três anos e vende essencialmente guloseimas, de fabrico próprio, recheadas a ovos moles, ou não fosse esta família natural de Aveiro. Na terra dos moliceiros também têm uma loja, mas nesta que fica mais à mão dos alfacinhas encontramos barquinhos de ovos moles, papos de anjo, línguas da sogra, croquetes de ovos, ovos moles (o único doce que não é produzido pela casa) e uma invenção recente da Casinha da Ginja chamada Flautas de Benfica, uma delícia de massa crocante, que tanto pode ter recheio de ovos moles, como de Nutella, embora neste caso seja preciso encomendar. Aqui também se vendem licores e nas prateleiras destaca-se a marca própria de ginja, daí o nome, chamada Bate Fundo.

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  • Atracções
  • Monumentos e memoriais
  • Benfica/Monsanto

Quando foi construído, no século XVIII, Benfica ainda não era Lisboa. Isso só veio a acontecer um século mais tarde – mais coisa, menos coisa. O que explica o marco quilométrico que encontra ao lado do chafariz e onde se lê “Lisboa 8 km”. Um tirinho.

  • Cervejarias
  • Benfica/Monsanto
  • preço 2 de 4
Edmundo
Edmundo

Um incêndio no sistema de ventilação trocou as voltas ao negócio em Janeiro, mas o rés-do-chão do restaurante reabriu passados cerca de dois meses. Se só quiser provar uma coisa, lembre-se disto: há clientes que vêm de Sesimbra de propósito para comer o famoso arroz de tamboril com gambas.

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9. Farturas Mon Amour

Mesmo ao lado do Palácio Baldaya encontrámos uma rulote que mais parecia a doce casinha do conto de Hansel e Gretel. Mas o horário não é fixo, por isso é melhor fazer figas se lhe estiver mesmo a apetecer churros e farturas.

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  • Brinquedos e jogos
  • Benfica/Monsanto

Andamos todos colados aos ecrãs das consolas e telemóveis, vidrados nos jogos electrónicos, e parece que nos esquecemos da magia dos jogos de tabuleiro, aqueles que juntam amigos e família à volta de uma mesa, promovendo o convívio e estreitando laços. Ora, é mesmo isso que Ana e Hélio, os fundadores, querem que aconteça, a partir de um espaço que já criou uma verdadeira comunidade de entusiastas, no bairro e à distância – a loja também funciona online. Além dos jogos e de um catálogo bastante extenso, a grande aposta passa por um atendimento próximo do cliente que inclui o chamado “diagnóstico”. Ou seja, se não sabe qual o jogo ideal para si, é-lhe recomendado o tipo de jogo mais adequado à sua personalidade ou experiência.

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  • Coisas para fazer
  • Sete Rios/Praça de Espanha

O hashtag não está ali por acaso, é mesmo o nome desta nova loja – diz-se “vou à hashtag granel”. Já percebeu que aqui se vendem produtos a granel, num espaço folgado e com uma decoração simples que deixa respirar. O que também deixa respirar, mas o mundo, é a enorme panóplia de produtos que o casal Cátia e Pedro Carvalho escolheu para abrir o negócio, nascido em dezembro de 2017. O conceito é o low waste, convida-o a levar consigo os seus próprios recipientes, e vai das granolas, cereais, massas, frutos secos ou bolachas aos produtos de higiene: champôs, condicionadores, sabonetes, desodorizantes, escovas de dentes e cotonetes de bambu ou pensos higiénicos reutilizáveis. “Se pudesse haver uma lojinha destas em cada bairro seria óptimo”, sonha Pedro, enquanto explica que nas zonas residenciais as pessoas gostam de ir a pé às lojas de bairro, contribuindo para a pegada ecológica. Os produtos vendem-se, mas a sensibilização ambiental aqui é de graça.

  • Pastelarias
  • Sete Rios/Praça de Espanha

É uma loja dedicada ao croquembouche, um doce francês que agora tem casa própria em Lisboa. Filipa Vitorino, a fundadora da Marie-Thérèse Croquemboucherie, quer que todos caiam de amores por esta receita típica francesa que se traduz em torres compostas por conjuntos de bolos semelhantes aos profiteroles, chamados choux. O país de origem é o mesmo, mas a receita é outra: os choux são assados, e não fritos, não levam fermento e incluem variados recheios feitos com creme de pasteleiro. Na Marie-Thérèse Croquemboucherie encontra sabores como pastel de nata, frutos vermelhos ou merengados, que podem ser comprados avulso. Mas as estrelas da companhia são as típicas torres croquembouche, feitas por encomenda, que levam entre 21 a 23 choux na torre mais pequena, 31 a 33 choux na torre média e 55 a 60 choux na torre grande. Nesta loja decorada em tons de pêssego e cor-de-rosa, e muito instagramável, é também possível comprar éclairs; chouquettes, igualmente feitos com massa choux, mas sem recheio; ou paris–brest doces e salgados, outra sobremesa francesa feita com a mesma massa.

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  • Compras
  • Benfica/Monsanto

Tem O Padrinho gravado em VHS com os intervalos de 1993? Nesta loja pode passá-lo para DVD. Aqui também pode contratar serviços de fotografia e vídeo. E deixar de tirar fotografias tipo passe nas estações de metro.

  • Coisas para fazer
  • Sete Rios/Praça de Espanha

Mudou de instalações durante a pandemia, mas a magia continua a ser a mesma. A loja continua a morar na Estrada de Benfica e as prateleiras continuam recheadas de videojogos, consolas novas e antigas e outras pérolas perdidas no tempo. Um paraíso para os nostálgicos. Há jogos para todas as consolas e todos os gostos, de clássicos do Game Boy aos novos títulos da Playstation 5. As consolas estão todas a funcionar, da Super Nintendo ao Game Boy Color, passando pela Game Gear ou a Mega Drive. Quem gosta de tomar o seu tempo, pode também aqui beber um café ou comer uns snacks asiáticos. O horário está afixado na porta, mas faz-se acompanhar por um aviso: “Alguns dias abrimos mais tarde e outros fechamos mais tarde. Algumas manhãs não abrimos, mas geralmente estou na loja, exceptuando os dias em que não estou, mas que deveria estar cá. Estou a tentar melhorar nesta questão dos horários!”

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  • Sete Rios/Praça de Espanha

É conhecido por ser o primeiro a vender caracóis em Lisboa – o petisco é um dos chamarizes desta marisqueira. A sabedoria popular diz que se comem apenas nos meses sem érres, por isso enquanto não chega o aviso “Há caracóis”, lá para Maio, pode ir esperando com uma sapateira à Hoquista, umas gambas al ajillo ou, se preferir carne, uma morcela assada da Beira Baixa.

  • Pastelarias
  • Sete Rios/Praça de Espanha

Se não puder ir a Belém fica muito bem servido nesta freguesia. Os pastéis de nata que dão o nome à casa nascida em 1973 não ficam atrás dos famosos pastéis de Belém e aqui há a vantagem de ser atendido mais depressa.

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  • Compras
  • Antiguidades
  • Sete Rios/Praça de Espanha

O antiquário de José Cerqueira já existe há três décadas e é um mundo de preciosidades. Tem um armazém nas Laranjeiras, mas na loja encontra muitos artigos valiosos e também curiosos, como peças basculantes em cerâmica do tempo Raphael Augusto Bordallo Pinheiro – só a figura de uma ama, oriunda de uma colecção particular, fica-lhe por 680€. A ostentar também está um gigante alambique em cobre do século XIX por 950€. Isto durante a nossa visita, porque aqui tudo se vende.

  • Atracções
  • Edifícios e locais históricos
  • Benfica/Monsanto

Esteve fechado ao público por mais de um século, mas 2017 foi o ano da reabertura após obras de recuperação que o transformaram num pólo cultural do bairro. Tem uma biblioteca, uma ludoteca, um cowork, salas polivalentes e uma cafetaria instalada num pequeno jardim. O espaço, gerido pela Junta de Freguesia de Benfica, costuma ter uma agenda animada que inclui exposições, workshops, tertúlias ou concertos.

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  • Edifícios e locais históricos
  • Sete Rios/Praça de Espanha

Primeiro traduzimos: Beau Séjour significa “estadia agradável”. Era uma antiga quinta do século XIX e casa de veraneio de gente nobre e uma espécie de espólio museológico, onde se destacam elementos do chamado Grupo do Leão, com destaque para uma fonte/lavatório construída em estuque e faiança com fauna e flora portuguesa, uma obra de Rafael Bordalo Pinheiro. É também a morada do Gabinete de Estudos Olisiponenses e de algumas espécies de patos.

  • Cafeteria
  • Benfica/Monsanto

A pastelaria n.º 1 fica noutra artéria da freguesia, na Rua João Frederico Ludovice, mas sai igualmente bem servido neste espaço mais pequeno localizado na Estrada de Benfica. Afinal, em 2016 a Fim de Século sagrou-se vencedora do concurso “O melhor pastel de nata”, organizado pelo festival Peixe em Lisboa.

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  • Coisas para fazer
  • Benfica/Monsanto

Pintado de vermelho vivaço não passa despercebido na renovada praça junto ao centro comercial Fonte Nova. O Quiosque Caricato nasceu da vontade de Salvador Melo, João Figueiredo e Gonçalo Dominguez de trazer o rodopio dos quiosques do centro da cidade para um bairro tão residencial como Benfica. “Saímos da rota comum dos quiosques, mas estamos numa zona onde mora muita gente”, aponta Salvador. Na carta do Caricato há tostas e saladas, mas a estrela da casa são as bowls de iogurte e açaí. Além das bebidas habituais, o quiosque tem um menu jeitoso de cocktails e, quando a temperatura subir, haverá música ao vivo. 

  • Compras
  • Benfica/Monsanto

Natural de Viana do Alentejo, há meio século que Armando Reis aportou neste piso térreo, um dos últimos edifícios resistentes de uma época que já lá vai. Aqui vendiam-se móveis e electrodomésticos (o nome da loja vem de uma vida ainda mais antiga). Armando, que tinha sido electricista, decidiu ficar-se pelo mobiliário. E é assim até hoje. “Faço móveis a direito e laminados e tenho fábricas que trabalham para mim. Vendo camas, estantes, tudo. Fazemos cozinhas, muita coisa”, conta. Quer dizer: móveis por medida.

Bairros de Lisboa

  • Coisas para fazer

Alvalade é um bairro a ter em conta sempre que falamos do melhor da cidade. Andámos pelas suas ruas desenhadas a régua e esquadro e traçámos um roteiro para forasteiros e nativos. As novidades do bairro, as paragens obrigatórias, os pratos que não pode deixar de provar nos restaurantes locais e os espaços mais amigos das crianças – tudo o que precisa de saber para pôr Alvalade na sua lista de prioridades está aqui. Tudo num bairro que também pode ser apreciado num belo passeio de fim-de-semana, já que a sua arquitectura, em particular residencial, também merece especial atenção.

  • Compras

Paços de Ferreira está para o móvel como Campo de Ourique está para as lojas de bairro. Não há rua neste bairro sem uma montra que convide a entrar e que não desperte o gastador que existe dentro de cada um. Decoração para todos os gostos, moda de luxo em segunda mão e muitas lojas de criança é o que pode encontrar pelas ruas do bairro. Apanhe um autocarro ou o eléctrico para não ter de se enervar com o estacionamento, que não é coisa fácil por estas bandas, e descubra as melhores lojas de Campo de Ourique.

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