Os inscritos na plataforma 55+, tal como Teresa (em cima e à esquerda), passaram por um processo de selecção rigoroso, porque, diz Elena, “não podemos arriscar em prestar um mau serviço”. Teresa foi sempre a cozinheira da família, com filhos e netos à volta da mesa, e, antes de se reformar, trabalhava num restaurante. “Não é qualquer pessoa que cozinha, não é qualquer pessoa que monta prateleiras ou que dá aulas de música, por isso temos de segmentar muito bem o trabalho”, explica Elena. “O estar activo e a remuneração são as grandes motivações de quem se inscreve”, refere, elogiando o nível de compromisso. A plataforma 55+ ainda só opera em Lisboa mas já conta com mais de 400 inscritos em todo o país, “para uma posterior fase de expansão.”
“Uma verdadeira cozinheira traz sempre a sua própria faca”, diz Teresa Malta enquanto se prepara para começar a cortar os legumes para a sopa. Tem 62 anos e é uma das quase 100 inscritas na 55+, uma plataforma online que presta serviços em diversas áreas, todos feitos por pessoas com mais de 55 anos, desempregados ou reformados, mas com experiência e vontade de regressar ao activo.
O trabalho de chef em casa é um dos sete tipos de serviço que pode requisitar com um clique, e o mais provável é que uma Teresa lhe bata à porta para lhe tratar do almoço ou jantar, ou até das marmitas para a semana inteira. A plataforma 55+ surgiu pela mão de Elena Durán, espanhola a viver em Lisboa há dez anos – o pai reformou-se e o medo de que caísse na solidão e depressão levou-a a criar uma solução remunerada para uma faixa etária que é tida como passiva.
“Parece que estas pessoas deixam de ser válidas para a sociedade e isso não é verdade. Eles deixam de trabalhar mas não perdem a experiência, essa está toda lá. Trabalham num ritmo diferente e menos horas”, diz. “A solução foi criar esta plataforma onde além de porem em prática o que sabem, ainda partilham experiências e histórias, e criam laços com as pessoas das casas que visitam”, continua Elena, enquanto Teresa polvilha com parmesão o arroz de pato que está a preparar para o jantar, “um truque infalível que deixa o arroz bem estaladiço”, aconselha.
O serviço chef em casa (8€/hora; 38,50€/pack cinco horas) é um dos mais solicitados, sobretudo para jantaradas de grupo. Há uma ementa fixa, com opções de entrada, prato principal e sobremesa, mas na 55+ os clientes ficam à vontade para fazer outros pedidos. “Se for tudo combinado, os nossos trabalhadores podem cozinhar o menu que a pessoa desejar”, explica Elena, sendo que ao valor fixo deste serviço acresce um extra por esta opção. O mesmo acontece quando, além de cozinharem para si, quer que lhe ponham a mesa, limpem a cozinha ou lhe comprem os ingredientes.
Outras das possibilidades é chamar estas pessoas para lhe prepararem as marmitas para a semana – Teresa conta-nos que já tem clientes habituais e que até tirou um curso de cozinha vegetariana para responder aos crescentes pedidos.
Além do chef em casa, pode requisitar uma ajudinha para montar um móvel ou pregar prateleiras, na categoria “pequenas reparações”, marcar uma aula de música, agendar umas tesouradas com o serviço de jardinagem ou deixar sem preocupações o seu animal de estimação com o serviço de pet sitting.
Com sede na incubadora Casa do Impacto, a 55+ opera em cinco freguesias lisboetas: Campo de Ourique, Campolide, Estrela, Alcântara e Misericórdia. “Nestas freguesias conseguimos assegurar qualquer serviço, mas não excluímos as outras – tem de ser combinado com antecedência para conseguirmos arranjar um match entre o cliente e os nossos trabalhadores”, explica Elena.
Em baixo, pode perceber melhor como a 55+ funciona.