Aprender a escrever o tag, “o nome de rua”, a pintar com spray e até a fazer stencils em paredes. O Lata 65, projecto que desde 2012 transforma idosos em street artists, começou com um pequeno grupo do Centro Social e Paroquial de Alcântara, em Lisboa, e já chegou a Espanha, ao Brasil e aos Estados Unidos. A ideia foi de Lara Seixo Rodrigues, de 40 anos, depois de se aperceber que grande parte dos espectadores dos festivais de arte urbana que produzia pelo país tinham mais de 65 anos. “Aquilo que mais me despertava a atenção era as perguntas que nos faziam”, conta. “Perguntavam-nos coisas muito interessantes, sobre as histórias [das peças], o material que usávamos, se os artistas viviam disto, as autorizações que precisavam...”
Uma das experiências mais marcantes ao longo destes sete anos foi trabalhar com um grupo de idosos de Aberdeen, na Escócia. “Todos eles continuam a pintar na rua e até estão a dar aulas numa escola para miúdos.” Por cá, o próximo workshop, sempre pro bono, vai acontecer em Novembro, com idosos da Amadora. “Normalmente são as Câmaras e Juntas de Freguesia que nos chamam.” Há aulas teóricas que explicam a história do graffiti e outras práticas, na parede, “o ponto alto” do workshop com a ajuda de um artista local “escolhido a dedo”, continua Lara. Na altura de pegar na lata de spray, muitos “esquecem-se das bengalas” e divertem-se. Aliás, é essa “transformação da autoestima, num período tão curto, um dos impactos maiores do Lata 65.”