No número 13B da Rua José d’Esaguy, em Alvalade, o primeiro piso dá ares de papelaria, daquelas modestas (como quem diz, a tender para o minúsculo) que se encontram por toda a cidade, mas afinal estamos mesmo no sítio certo. Ao contrário do que possa parecer, há um outro piso, uma “falsa cave” inundada de luz natural, que se espera encontrar cheia de leitores nos próximos tempos. Inaugurada em Agosto de 2015, a livraria de Maria João Nunes e Manuel Jesus já estava a rebentar pelas costuras no seu poiso original. A mudança era, por isso, inevitável. Quem o diz são os próprios livreiros, que agora não só estão mais perto de casa (vivem no bairro) como têm mais espaço – 140 metros quadrados, para sermos precisos – para oferecer aos clientes as últimas novidades, sobretudo de banda desenhada.
Se a banda desenhada nasceu na Europa, foi nos Estados Unidos que alcançou a maioridade. Rodolphe Topffer, um germano-suíço, foi o primeiro a perceber a potencialidade de contar histórias através de “estampas”, mas a “literatura desenhada” como hoje a entendemos surgiu nos jornais nova-iorquinos do princípio do século XX, com os personagens dos anos 30 e 40, como o Tarzan ou o Super Homem, que saltaram das páginas da imprensa para os comics.
Na Europa, a explosão deu-se mais tarde, nos anos 50 e 60, com Tintim e Lucky Luke. Em Portugal, a primeira história de banda desenhada foi publicada em 1850. As Aventuras Sentimentaes e Dramáticas do Senhor Simplício Baptista – importação e cópia abreviada de uma BD francesa – surgiram no número 18 da Revista Popular e contavam, de forma humorística, as desventuras amorosas de um pinga-amor de meia-idade.
Anos mais tarde, há muitos portugueses a desenhar e a escrever “arte sequencial”, como um dia a definiu o americano Will Eisner, já homenageado pela indústria com a criação de um prémio homónimo. E, entre as produções nacionais, também a identidade visual e arquitectónica da capital tem sido representada, como em Watchers, de Luís Louro, que retrata uma Lisboa surreal e futurista com traços vintage.
Não falando de obras, mas das lojas onde as podemos encontrar, há na cidade muitas sugestões sem fronteiras, onde comprar BD portuguesa, francófona, japonesa ou americana. Aventure-se nestas lojas de BD em Lisboa.
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