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Fotografia: Manuel MansoEstádio Pina Manique
Fotografia: Manuel Manso

A nova vida do histórico Casa Pia, que está de volta à primeira divisão

O Casa Pia Atlético Clube festejou este domingo, dia 15 de Maio, a subida à Liga Portugal bwin. Uma conquista alcançada apenas três anos após a subida à II Liga.

Renata Lima Lobo
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Pode ser considerada uma ascensão meteórica. Em 2019, o Casa Pia Atlético Clube festejou a subida à II Liga e agora, três anos volvidos, sobe à Liga Portugal bwin, a primeira divisão do futebol português, após uma vitória expressiva na casa do Leixões Sport Club (1-5). Os “gansos” (o animal mascote do clube) vão começar a próxima temporada no principal escalão pela primeira vez em 83 anos, e pela segunda ocasião em mais de 100 anos de história. A caminho, está também um museu.

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O jogo dos gansos

É rica a história fora das quatro linhas. Um clube que foi fundado e composto por glórias do futebol que passaram por outros grandes clubes nacionais. Mas a sua génese, e a qualidade dos seus primeiros atletas, estava umbilicalmente ligada à casa-mãe, a Casa Pia de Lisboa, fundada pelo Intendente Pina Manique em finais do século XVIII. Passado um século da sua fundação, e já transferida do Castelo de São Jorge para o Mosteiro dos Jerónimos, foi aí que nasceu o ensino da ginástica para os programas escolares: o primeiro ginásio, ao ar livre, foi instalado em 1834 nas traseiras do mosteiro, onde hoje está localizada a biblioteca do Museu da Marinha.

A ginástica serviu bem a condição física dos jogadores que iam dando chutos na bola, com a criação de uma primeira equipa escolar de futebol da Casa Pia em 1893. Responsabilidade dos alunos Januário Barreto e Bruno do Carmo, que levaram para a instituição o jogo da bola. A primeira partida foi realizada no ano seguinte no Campo das Salésias contra o Académico Football Club (0-0). A alcunha “os gansos” é, aliás, anterior à formação do Casa Pia Atlético Clube: um epíteto atribuído pelos lisboetas que por esta altura os viam a marchar em Belém, de farda e boné, hirtos que nem gansos. Em 1898, o grupo escolar de futebol venceu os então “mestres ingleses” do Carcavelos Club por 2-0, a primeira vitória registada de uma equipa portuguesa sobre uma equipa estrangeira, mais conhecedora dos cantos dos relvados. A paixão pela modalidade e a perícia dos atletas chegou a ser sublinhada por jornais e revistas, como a Ilustração Portuguesa, que em 1913 publica um texto em que se lê: “As associações de foot-ball, os clubs, depressa se formaram entre nós, tendo sido um dos mais distintos o que se organizou na Casa Pia de Lisboa e cujos membros tiveram bem justa fama.”

Foi já em 1920, no primeiro número da revista Football, criada por casapianos, que se concretiza em público a ideia da fundação de um clube desportivo composto apenas por ex-alunos da Casa Pia de Lisboa. Nesse mesmo ano, a 3 de Julho, nasce a Associação Pós-Escolar, o Casa Pia Atlético Clube – Ateneu Casapiano, por um grupo de gansos entre os quais se contavam o jornalista Ricardo Ornelas, o escritor David Ferreira, o primeiro nadador olímpico português, Mário da Silva Marques, e António Pinho, internacional de futebol pelo Casa Pia e pelas águias; a liderar a equipa, Cândido de Oliveira, futuro seleccionador nacional e jogador do Sport Lisboa e Benfica. O primeiro troféu do clube em futebol chega logo em Outubro, num dérbi frente ao Benfica: a vitória por 2-1 garantiu ao Casa Pia o Bronze Herculano dos Santos. O primeiro título acontece em Novembro com a conquista da Taça Associação. Este foi um ano em cheio, marcado também pelo primeiro desafio frente ao Futebol Clube do Porto no Campo da Palhavã, com um empate a 3-3.

A Biblioteca-Museu Luz Soriano

A caminho está um novo espaço dentro das instalações do Casa Pia, que vai reflectir toda a história deste clube lisboeta: a nova Biblioteca-Museu Luz Soriano. O espólio está a ser organizado numa sala provisória dentro das instalações do clube, recheada de artigos e documentos que contam toda a história da instituição e do clube, entre documentos, livros, fotografias, taças, gansos, cadernetas de cromos, selos de propaganda ou até num carimbo de Cosme Damião, casapiano. Um espólio de valor incalculável e que serviu ao vizinho Benfica para construir a história do Museu Cosme Damião.

Agora mexa-se

  • Coisas para fazer

Matas, parques e jardins ou zonas ribeirinhas. Em Lisboa, não faltam opções para se pôr a mexer – e, dependendo das horas, sem qualquer confusão, afinal a ideia é relaxar também. Basta escolher o cenário mais apelativo e o piso mais adequado para começar, ou continuar, a correr na cidade. Saiba onde correr em Lisboa, com as melhores sugestões de circuitos para amadores ou profissionais do jogging e do running. 

  • Coisas para fazer

O treino ao ar livre e em grupo deixou ser uma moda para passar a ser parte do cenário lisboeta. Depois de ler as nossas propostas, se vir um pelotão à beira-rio ou gente a subir e descer bancos de jardim, já sabe de onde vêm. Praticar exercício físico fora de quatro paredes pode ser a solução perfeita para quem não gosta de treinar enfiado dentro de um ginásio. 

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  • Música

Está numa missão de se exercitar? Uma corrida matinal parece-lhe melhor plano do que ficar pela cama a procrastinar e a pensar no sentido da vida? Aprovamos e damos uma ajuda. Reunimos alguns dos temas que fazem mexer a redação da Time Out Lisboa e atiramo-los sem pudor à lista que se segue. Se o que lhe faz bem é rock, temos. Se preferir um reggaeton, também temos. Sente-se super fierce e uma Beyoncé é que traz a motivação necessária? Não há remédio que falte na nossa farmácia musical. 

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