From
Chris Reardon/DR
Chris Reardon/DR

‘From’: terror ao anoitecer

Duas temporadas depois, o título da HBO Max continua a intrigar-nos, a assustar-nos e a manter-nos em suspenso – o que não se pode dizer de uma grande parte das séries, independentemente do género.

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★★★☆☆

Há um filme de 1976 chamado Pânico ao Anoitecer (The Town That Dreaded Sundown, no original) sobre um assassino psicopata que actuava sempre de noite numa cidade do Arkansas, aterrorizando os habitantes, que evitavam sair mal ela caía. A série From (HBO Max) é muito vagamente reminiscente de Pânico ao Anoitecer, tem algo do Stephen King de Under the Dome e uns pós de David Lynch. Mas faz lembrar sobretudo uma variante de Lost, salvo as devidas diferenças e com mais ênfase no fantástico e no terror sobrenatural. Esta referência não é despicienda, porque associados a From surgem os nomes do produtor e realizador Jack Bender, e do actor Harold Perrineau, que interpreta aqui uma das personagens principais, e que também participaram em Lost.

Em From, um grupo heteróclito de pessoas está presa numa cidadezinha de onde não conseguem sair e algumas das leis da física não funcionam, e onde à noite vagueiam monstros com aspecto humano, saídos dos bosques em redor, que matam e mutilam horrivelmente quem anda na rua, não se sabendo de onde vêm. E só não entram nas casas porque são impedidos por um talismã que os moradores penduram nas portas, descoberto pela personagem de Perrineau, Boyd Stevens, o xerife local.

A série já vai em duas temporadas e vai continuar, e é inegável que conseguiu instalar um clima sólido e constante de estranheza, medo e perplexidade quanto à natureza, à origem e aos responsáveis pela situação, bem como criar várias histórias individuais para as personagens, e dramatizá-las através da sua interacção naquele espaço limitado. Há, aqui e ali, certas implausibilidades e perguntas que ficam por responder (por exemplo, onde é que os habitantes conseguem arranjar certos produtos alimentares e coisas de uso quotidiano, caso das lâmpadas eléctricas). E sobretudo durante a segunda temporada, fica a sensação de que os autores estão a levar longe demais as situações e episódios desconcertantes ou abertamente surreais.

Dezanove episódios depois, From continua a intrigar-nos e assustar-nos, e a manter-nos em suspenso sobre o que irá acontecer a seguir – o que não se pode dizer de uma grande parte das séries, independentemente do género. Só esperamos que não lhe aconteça o que aconteceu a Lost, que se foi complicando demais e perdendo interesse e credibilidade à medida que acumulava temporadas, e na hora de explicar tudo e atar todas as pontinhas soltas, revelou-se profundamente decepcionante.

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