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Como a Heroína Independente do IndieLisboa 2018, Lucretia Martel, também Jacques Rozier, começou na curta-metragem, muito percorrendo ainda o cinema documental.
Neste filme de 22 minutos, interpretado por René Ferro, Francis de Peretti, Elizabeth Klar, Laure Coretti e Christian Besin, o realizador, com esta história de amores de Verão à beira-mar, de certo modo antecipa uma das suas películas mais conhecidas, Adieu Philippine. Foi esta narrativa condensada que fez Jean-Luc Godard descobrir o cinema de Rozier, dele falar ao produtor Georges de Beauregard, e assim lançar a carreira do cineasta. (Sex, 27, Cinemateca 19.00. Sex, 4, 18.30)
Outra curta a ter em conta, para o realizador – que considerou experiências anteriores apenas aprendizagem – é Rentrée des Classes, dirigida em 1955. Aqui acompanha-se a aventura de um rapazola (Marius Sumian) que resolve fazer gazeta no primeiro dia de aulas. Rapazola que, depois de atirar a mochila ao rio para vencer uma aposta, embarca numa aventura para a reaver. (Sex, 27, Cinemateca 19.00. Sex, 4, 18.30. Sáb, 5, Culturgest, 15.00).
Em Paparazzi, de 1963, estamos já no domínio do documentário. A imprensa sensacionalista é o alvo e a película resulta do material filmado durante a rodagem de O Desprezo, de Godard, com Brigitte Bardot. (Sex, 27, Cinemateca, 19.00). As mesmas imagens que serviram este documentário servem também para ilustrar, em oito minutos, o encontro cinematográfico entre o principal apóstolo da nova vaga e Bardot, a maior estrela do cinema francês, em Le Parti des Choses: Bardot et Godard. (Sex, 27, Cinemateca 19.00. Sex, 4, 18:30).
Ainda no capítulo documental, agora em formato longa-metragem, Jean Vigo, realizado em 1964, para a série de televisão de Janine Bazin e André S. Labarthe, Cinéastes de Notre Temps, é filme que não se deve perder. Principal influência de Rozier (com Jean Renoir, de quem foi assistente em French Can Can), o cineasta homenageia o criador de L’Atalante, “seguindo o mesmo método [de Orson Welles] em O Mundo a Seus Pés”, disse. Isto é: perguntando “quem era verdadeiramente o cidadão Jean Vigo?”, regista as memórias dos seus colaboradores e amigos, 30 anos depois da sua morte descobrindo um Vigo anarquista e farsante, ou seja, o oposto da sua imagem nas histórias do cinema. (Sexta, 27, Cinemateca, 15.30)