As Bodas de Deus (1999)
©DRAs Bodas de Deus de João César Monteiro
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João César Monteiro – de sábio e louco...

Diz-se que existe uma ténue linha que separa a genialidade e a demência. Pois se há, João César Monteiro foi decerto o cineasta português que mais trabalhou sobre esse traço imaginário.

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Em sete longas-metragens e uma curta poético-documental, o Ciclo Viva João César Monteiro, a decorrer no Cinema Monumental a partir de domingo, comemora os 80 anos do nascimento do autor que desafiou o consenso e dirigiu com uma energia, intrepidez e autenticidade uma mão cheia de filmes que para uns são de génio, para outros são de louco. Mas, para todos, obras singulares criadas por um espírito possuído pelo cinema. Oito dos seus 22 filmes são uma amostra a não perder. O autor de Recordações da Casa Amarela desapareceu há década e meia.

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João César Monteiro – de sábio e louco...

Recordações da Casa Amarela

Para começar em cheio, começa--se com um dos mais conhecidos, para muitos sua obra-prima. Um filme estreado em 1989, primeira obra da trilogia em que o realizador interpreta o seu alter ego mais popular, João de Deus. Esta película premiada com o Leão de Prata no Festival de Veneza conta a história de um pobre diabo, doente, o espírito alimentado a música de Schubert e cinefilia, que vai parar a um hospício. E de lá sairá homem livre com a missão sugerida por outro doente mental: vai, e dá-lhes trabalho!

Dom 17, 21.00

A Comédia de Deus

É com a segunda parte da trilogia João de Deus, realizada em 1995, com Cláudia Teixeira e Manuela de Freitas à ilharga, que prossegue esta homenagem. Aqui, com o costumeiro tom sarcástico característico desta fase da obra de Monteiro e o seu habitual humor maldisposto recheado de referências autobiográficas, prosseguem as aventurosas desventuras de um tipo que não tem onde cair morto. O que não impede o realizador de se atirar a um mundo que considera hipócrita, despejando tiradas e referências literárias e artísticas e filosóficas por tudo e por nada.

Seg 18, 21.00

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As Bodas de Deus

Com Rita Durão e Joana Azevedo por parceiras, João César Monteiro, em 1999, conclui, com As Bodas de Deus, a trilogia protagonizada pelo seu alter ego João de Deus. Desta vez encontra-se a infeliz personagem, por assim dizer, ruminando infortúnios entre as árvores de um parque frio, solitário, lugar de tristes lembranças. Até pela frente lhe surgir um enviado de Deus propriamente dito com uma mala cheia de notas por presente e, logo a seguir, o protagonista dar com a jovem Joana – que fundamental será para o enredo – prestes a afogar-se.

Ter 19, 21.00

Silvestre

Altura para andar uns anos para trás, até 1981, uma década depois de João César Monteiro se iniciar na realização, e conhecer uma faceta muito mais lírica da sua produção. Com argumento seu, diálogos de Maria Velho da Costa e um elenco com a muito jovem Maria de Medeiros, ladeada por Teresa Madruga e Luís Miguel Cintra, Silvestreconta como, lá para os séculos XV e XVI, Dom Raimundo combina o casamento de uma das filhas com um vizinho jovem e principalmente de posses, D. Paio. Acontecimentos insólitos vão-se sucedendo entretanto, e nem o banquete nupcial escapa.

 Qua, 20 Fev, 14.00

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À Flor do Mar

Com o seu elenco mais internacional (Laura Morante, Philip J. Spinelli e Manuela de Freitas nos principais papéis), em 1986, João César Monteiro criou a história, que conta à sua maneira, de como, no dia em que um dirigente palestiniano é assassinado no Algarve (o que realmente aconteceu com o responsável da OLP Issam Sartawi), uma viúva italiana a viver em Tavira encontra na praia um homem ferido e o ajuda. Claro, ainda sem saber como a presença do desconhecido criará uma desordem sentimental na casa onde vive com as cunhadas, e menos ainda que o homem é perseguido por um grupo de tipos armados que acabam por assaltar a casa.

Qua, 20 Fev, 16.15

Sophia de Mello Breyner Andresen/ Branca de Neve

Ao primeiro filme, em 1969, e com apenas 19 minutos para dizer ao que vinha, César Monteiro documentou, ilustrando com imagens, a obra da poeta Sophia de Mello Breyner Andresen. O resultado foi tão bom que o filme recebeu o Prémio da Imprensa. O prato de substância desta sessão, porém, é o filme mais controverso do realizador, Branca de Neve, a partir do original de Robert Walser, com Maria do Carmo Rôlo, Ana Brandão e, entre outros, Reginaldo da Cruz, actores que se ouvem sem se verem, pois a película é uma projecção a negro com raros e curtos planos inseridos. A bem dizer: só visto.

Qua, 20 Fev, 19.00

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Vai e Vem

O último filme deste, para dizer o mínimo, inquieto cineasta, dirigido em 2003 e estreado já depois da sua morte, primeiro no Festival de Cannes e depois em Lisboa, encerra o Ciclo Viva João César Monteiro. Mais uma vez, agora acolitado na interpretação por Rita Pereira Marques, Joaquina Chicau, Miguel Borges, mais a repetente, experiente e competente Manuela de Freitas, é um auto-retrato fantasiado, assumindo agora o autor o papel de João Vuvu, habitante de uma casa naturalmente decrépita que terá de partilhar com o filho acabado de sair da prisão.

Qua, 20 Fev, 21.30

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Três filmes iranianos (dois deles, A Lei de Teerão e Os Irmãos de Leila, assinados pelos mesmo realizador, Saeed Roustayi, um dos novos e mais entusiasmantes nomes do cinema do Irão), dois franceses, a nova realização de Steven Spielberg, uma fita fantástica vinda da Islândia e outra da Noruega, ou a ainda mais recente e oscarizada obra do japonês Ryusuke Hamaguchi. Estes são alguns dos melhores filmes que se estrearam em Portugal no ano de 2022.

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Primeira conclusão: há menos polícias – e os que há nem sempre são dos bons ou têm um papel importante – do que bandidos no cinema policial. Segunda conclusão: há muitos figurões, movendo-se na zona cinzenta da sociedade, manipulando o mal, mostrando as muitas formas do crime. Mais coisa menos coisa é assim neste género tão apreciado por Hollywood, por produtores de outras paragens, e principalmente pelo público, que tantas vezes simpatiza com o malfeitor, ou pelo menos com os seus motivos, como acontece em boa parte dos 25 filmes policiais que seguem e que ao longo do tempo marcaram o cinema.

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Quando Henry Ford começou a comercializar o Modelo T, a história do transporte mudou irremediavelmente. O carro passou a integrar o quotidiano, alterou hábitos, criou oportunidades e conduziu-nos a curiosidade, à medida que a tecnologia avançava. A sétima arte não lhe ficou indiferente, elevando-o ao patamar do quase-fetichismo em trabalhos como Velocidade Furiosa ou 60 Segundos, ou transformando-o numa parte indispensável ao personagem como em Taxi Driver ou À Prova de Morte. É certo que "um filme de carros" pode querer dizer muita coisa, e que o chapéu sob o tema é extenso, mas nesta lista dos melhores filmes de carros que o cinema nos deu mostramos-lhe o que de melhor foi feito, em jeito de homenagem, a esse quase-adereço fundamental a tantos.

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Estes filmes não são para crianças. São filmes para toda a família. Seja pequena ou numerosa, toda a família tem de ver (ou rever) estes 20 títulos obrigatórios para filhos, pais e até avós. Há filmes para todos os gostos e muitas décadas: do fabuloso technicolor de O Feiticeiro de Oz à animação de Encanto, passando por clássicos como Música No Coração ou Sozinho Em Casa. A sério, nem sequer se vai arrepender se optar por filmes mais antigos. Mesmo se isso significar aventurar-se por ficção-científica que já perdeu actualidade, mas não perdeu o pé no que importa: uma boa história.

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