São as melhores séries disponíveis na Netflix em Portugal. Tudo o que tem de fazer é sentar-se e escolher.
97 anos depois de uma guerra nuclear ter dizimado quase toda a vida conhecida, os sobreviventes vivem em estações espaciais e 100 prisioneiros, com menos de 18 anos, são enviados para a Terra na tentativa de determinar se o planeta é novamente habitável. Seis temporadas depois, este drama pós-apocalíptico de ficção-científica tem as horas contadas –a última temporada estreia-se na segunda-feira, 25 de Maio, na Netflix. Falámos com Kass Morgan, a autora do livro em que a série se baseia, sobre a obra original, as mudanças do livro para a série, o processo de adaptação e as suas expectativas para o final cada vez mais próximo.
Como surgiu a ideia para The 100?
De uma forma pouco comum [risos]. A minha editora tinha uma ideia para um livro chamado The 100. Ela ainda não sabia exactamente sobre o que seria, mas gostava muito do título e da premissa de 100 miúdos com segredos obscuros a chegar à Terra, vindos do espaço. Quando me perguntou se eu estaria interessada em escrever a história, pedi para pensar no assunto durante uns dias, porque nunca tinha pensado em escrever ficção-científica. E acabei a enviar-lhe um e-mail sobre os personagens, o mundo a bordo da estação espacial, o mundo na Terra, tudo o que comecei a imaginar. Fui muito sortuda por ter a oportunidade de escrever e publicar o livro e de o ver adaptado à televisão. Não era nada que pudesse ter imaginado que aconteceria depois daquela primeira pergunta.
No livro, a história é narrada por vários dos personagens principais. Na série, não temos um narrador, mas na primeira temporada há claramente duas tramas. Porquê contar a história a partir de diferentes perspectivas?
Acho que é porque não gosto de tornar a minha vida demasiado fácil [risos]. Quer dizer, é um elenco enorme, estamos a falar de uma centena de personagens. Pareceu-me que seria uma oportunidade desperdiçada se não explorasse a história de diferentes pontos de vista. Eu sabia que queria escrever sobre um personagem que estivesse entusiasmado por ir para a Terra, um que temia essa viagem, um que estivesse verdadeiramente optimista acerca do futuro da Humanidade, um que fosse céptico e por boas razões. Comecei a imaginar como seria se nós fossemos confrontados, como sociedade, com uma segunda hipótese de estabelecer vida na Terra. As opiniões iriam divergir e eu queria capturar esses extremos.
No livro, sabemos o que está a acontecer na estação por causa de Glass. Apesar de a personagem não existir na série, continuamos a ter a perspectiva do espaço. Como é que esse enredo se liga à trama principal?
É muito curioso que me faças essa pergunta, porque no meu primeiro rascunho a Glass também ia para a Terra com os outros. Mas a minha editora perguntou-me se consideraria deixá-la para trás para que pudessemos ver mais através dos seus olhos. Claro que hesitei, porque dá imenso trabalho reescrever uma personagem inteira. Só que, quanto mais pensava nisso, mais sentido fazia. Era a coisa certa a fazer. Estou muito feliz por ter mantido a Glass e que possamos ver, no livro e na televisão, o que se está a passar lá em cima também.
Esteve envolvida no processo de adaptação do livro?
Não, não estive. E senti-me totalmente à vontade, porque não é a minha especialidade e não tem mesmo nada a ver com a forma como o meu cérebro funciona [risos]. Fiquei mesmo muito feliz por ver os especialistas a tomar o controlo, desde os argumentistas aos produtores, dos figurinistas aos responsáveis pela música. Todas estas pessoas incrivelmente criativas a interpretar a minha história e os meus personagens de maneiras que eu nunca poderia ter imaginado. Foi mesmo muito bom acompanhar o processo dos bastidores e depois ver o produto final como fã.
Acompanha a série e a actriz Eliza Taylor, que interpreta a líder Clarke, leu um capítulo do segundo livro assim que saiu, em 2014, não foi?
Sim, foi o melhor dia da minha vida [risos].
Qual é a sua opinião sobre as mudanças feitas? As grandes mudanças, como os personagens que não chegaram ao ecrã e os que foram criadas de raíz?
Acho as mudanças fantásticas. Adoro que tenham aumentado o elenco principal. Num romance, é muito difícil acompanhar, em simultâneo, mais do que quatro ou cinco personagens. Mas numa série de televisão é mais fácil e adoro a Raven e o Jasper e o Monty, acho-os maravilhosos. E também acho que as mudanças feitas aos meus personagens resultaram muito bem. Adoro que tenham tornado a Clarke queer, por exemplo. Quando temos uma centena de miúdos, estatisticamente, faz sentido não serem todos heterossexuais e é muito importante haver representatividade. A história dela com a Lexie é tão bonita e fiquei mesmo muito feliz com essa alteração.
Acho que me preocupo menos do que as outras pessoas. Estimo imenso os livros e os personagens que criei, mas olho para a série como qualquer outro fã. Não sinto que [os produtores] me devam ou aos meus personagens o que quer que seja. Estou genuinamente curiosa, mas não espero um resultado em vez de outro. Porque acho que fizeram escolhas muito interessantes e sinceramente só quero ver os personagens felizes, independentemente de como os argumentistas o façam acontecer. Estamos a falar de personagens que têm lutado tanto e feito tantos sacrifícios que só os quero ver a ter um momento de felicidade e paz. Vamos ver.