Actor em filmes de cineastas como Gregg Araki, Olivier Assayas ou Lars von Trier, o americano Brady Corbet estreou-se a realizar em 2015 com A Infância de um Líder. E assina agora Vox Lux, a história de uma pop star (Natalie Portman) ao longo de 20 anos, tendo em fundo acontecimentos com o 11 de Setembro, os massacres nos liceus dos EUA e o advento do terrorismo global. A Time Out falou com ele.
Quando tinha 20 e poucos anos, M. Night Shyamalan era o menino bonito de Hollywood. O Sexto Sentido tinha sido um êxito surpreendente, e a seguir fez O Protegido, um filme de super-heróis original cuja lenda cresce de ano para ano. Hoje, tem 40 e tais. A sua carreira e reputação estavam na mó de baixo até há um par de anos, mas Fragmentado (2016) mostrou que ele ainda sabia o que estava a fazer. E o seu novo filme, Glass, é a conclusão de uma trilogia que mete O Protegido e Fragmentado num único universo narrativo e junta as suas três estrelas: Bruce Willis, James McAvoy e Samuel L. Jackson. É uma boa ideia, mas algo complicada. Ele explica.
Glass é uma sequela de Fragmentado e de O Protegido. Quando é que teve essa ideia?
Em retrospectiva, parece inevitável [fazer este filme depois de Fragmentado], mas não foi o caso. Havia dois problemas: primeiro, o Fragmentado tinha de ser um sucesso. Mas o maior desafio foi conseguir que dois estúdios diferentes concordassem com
isto. Porque eu queria fazer o filme à minha maneira [com um orçamento pequeno], mas tanto a Universal como a Disney queriam financiar isto.
Foi difícil escrever uma história com estes personagens?
Normalmente, escrever um argumento é uma tortura. Começo a questionar o meu valor enquanto artista e ser humano [risos]. Mas desta vez foi diferente, porque eu conhecia os personagens. Estava ansioso por escrevê-los.
Parece que a reputação e o reconhecimento de O Protegido cresceu com os anos. Sente o mesmo?
Isso é aquilo de que mais gosto nos meus filmes: têm um bom prazo de validade.
[O Protegido] tem muita integridade. Construímos cada cenário tal e qual
como eu queria. E foi um tanto ou quanto extravagante. Um filme artístico, mas para o grande público e sobre banda desenhada.
É surpreendente que não haja mais filmes de super-heróis sóbrios e realistas, como O Protegido. Talvez o mais próximo disso seja Batman – O Início.
Sim, e talvez o Logan. Mas é difícil fazer filmes de super-heróis realistas, porque a maioria adapta comics. Se o material original tiver personagens que disparam raios laser dos olhos é assim que o filme tem de ser.
M. Night Shyamalan à conversa com Bruce Willis
©The Walt Disney Company
Foi difícil conseguir reunir o elenco? Calculo que convencer o Bruce Willis tenha sido difícil.
O Bruce é famoso há uma eternidade, por isso é difícil conseguir que ele confie em nós. Mas depois é o primeiro a dizer que sim e que o filme tem de se fazer.
Os seus filmes passam-se todos na mesma realidade? Há um universo Shyamalan?
Houve um momento de traquinice em que pensei em fazer uma referência a A Visita, mas tive suficiente maturidade para não o fazer. Isto não é oportunismo, é o final de uma história que sempre quis contar. Não sou homem de sequelas.