O melhor do Córtex – Festival de Curtas-Metragens de Sintra

O melhor é ir direito ao assunto. É, aliás, para isso que existe este departamento do Córtex dedicado a filmes que não temem abordar as vulgaridades mais obscuras da realidade e ousam provocar mitos e ideias feitas. As abordagens são decerto diferentes. O objectivo é, a bem dizer, o mesmo.

Nesta sessão encontram-se obras recentes da cinematografia portuguesa, como Pronto, Era Assim, de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues, Rhoma Acans (trailer), da premiada Leonor Teles, Primária, de Hugo Pedro, ou, de Tânia Dinis, Não São Favas, São Feijocas, e Coisa de Alguém, dirigido por Susanne Malorny.

Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra). Qua, 11, 16.30.

Neste segmento dos festivais é onde se costuma encontrar o mais ousado, o mais ingénuo e o mais brilhante, às vezes tudo de uma vez.

Alguns filmes em concurso já têm o seu passado ganho em outros eventos, o que de certo modo é um certificado de garantia, pelo que é departamento a visitar amiúde, nesta sessão encontrando Los Desheredados, da realizadora espanhola Aura Ferrés, Night Call (trailer) da norte-americana Amanda Renee Knox, e ainda Sog, dirigido pelo alemão Jonatan Schwenk, ou, da Polónia, realizado por Kordian Kadziela, Lockjaw, e, do director belga Anthony Schatteman, Hello, Stranger.

Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra). Qui, 12, 19.00.

Um prémio é um prémio e esta uma noite para obras premiadas (algumas das quais exibidas também noutras sessões), como, por exemplo, neste caso, Pronto, Era Assim. Além do filme de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues, o programa inclui Outubro Acabou (trailer), dirigido em 2015 por Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes, entre Portugal e o Brasil.

Cinema Ideal (Lisboa). Sex, 13, 22.00.

Nesta terceira sessão dedicada à competição nacional encontra-se logo a abrir as hostilidades Altas Cidades de Ossadas (trailer), de João Salaviza, Tudo o que Imagino, de Leonor Noivo, Surpresa, dirigido, como todos os outros o ano passado, por Paulo Patrício, mais Miragem Meus Putos, de Diogo Baldaia, e Thursday Night, com realização de Gonçalo Almeida.

Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra). Sáb, 14, 22.00.

Chegada a hora do convidado de honra é bom ir avisando que o cineasta austríaco é senhor para, através dos seus filmes, fornecer olhares sobre a marginalidade social e os seus protagonistas capazes de provocar reacções – vamos pôr isto de maneira suave – incómodas. Seja como for, as próximas entradas na lista são-lhe merecidamente dedicadas.

Em sessão que também inclui Noite, do português Flávio Pires, o prato de substância é The Bosom Friend (trailer), onde Ulrich Seidl, em 1997, observa a vida de um professor de matemática vivendo com a uma daquelas mães que não deita um cordel fora, quanto mais os jornais do século inteiro.

Cinema Ideal (Lisboa). Dom, 15, 22.00.

A última obra de Ulrich Seidl, realizada em 2016, com direito a estreia no Córtex e honra de sessão de abertura, regressa ao ecrã do festival para mais uma sessão. Sessão a não perder, que vai até África, a regiões ainda selvagens, onde gazelas e zebras e gnus (enfim, aqueles animais que conhecemos dos jardins zoológicos e das animações da Disney), pastam e passeiam como quem passa férias. É o que parece um Éden. Até chegar o momento morte-da-mãe-do-Bambi, isto é, quando turistas alemães e austríacos atravessam o mato, esperam e perseguem as suas presas, disparando com exaltação que não escondem quando posam com os animais mortos. Isto é: a natureza humana no seu melhor…

Cinema Ideal (Lisboa). Seg, 16, 22.00.

Com a terça-feira dedicada a entrega de prémios e outras comemorações, resta o último dia do Córtex – Festival de Curtas-Metragens de Sintra para pousar mais uma vez o olhar sobre a obra de Ulrich Seidl.

Particularmente generosa esta sessão, que abre com Nada Fazi (trailer), de Filipa Reis e João Miller Guerra, prosseguindo com os primeiros trabalhos do realizador austríaco. Ou seja: One Forty, de 1980, e, principalmente, The Prom, dirigido em 1982, onde Seidl, de regresso a Horn, a cidade da Baixa Áustria que o viu crescer, observa a preparação e o desenrolar de um dos eventos sociais mais importantes da cidade, ao mesmo tempo momento culminante do Carnaval, quer dizer, o baile de finalistas do ensino secundário. Momento fundamental da vida cinematográfica de Ulrich Seidl, pois foi este filme “a razão pela qual fui expulso da Escola de Cinema. Os professores não gostaram da sua estrutura ou edição, e pensaram que o filme prejudicaria a reputação da Escola.” E assim começou uma lenda.

Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra). Qua, 18, 22.00.