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Seis grandes filmes ucranianos e sobre Ucrânia

Sintonizados com a actualidade, recordamos aqui um punhado de filmes representativos do cinema feito na Ucrânia.

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O cinema ucraniano tem uma longa história. Já se rodavam filmes na Ucrânia ainda no tempo do mudo e quando o país era uma das repúblicas da antiga União Soviética. Alguns deles transformaram-se em clássicos da sétima arte, como é o caso de A Terra, de Alexander Dovzhenko. Vários desses filmes, feitos por realizadores locais ou lá rodados por cineastas de outras regiões, atreveram-se a contrariar o regime de Moscovo e foram cortados, proibidos e os seus autores presos. Esta lista abrange fitas ucranianas ou rodadas na Ucrânia, entre a década de 30 e agora, todas elas relevantes.

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Seis grandes filmes ucranianos e sobre a Ucrânia

‘A Terra’, de Alexander Dovzhenko (1930)

Este filme do autor de Arsenal, um dos mestres do cinema soviético, transcende a sua dimensão propagandística (é uma defesa da colectivização da agricultura na Ucrânia e um ataque aos kulaks, os proprietários rurais liquidados em massa por Estaline nos anos 30) para se afirmar como um magnífico poema lírico sob forma cinematográfica, plasmando a identidade dos ucranianos e a sua ligação profunda à terra, ao solo fértil onde nasceram e onde o trigo é cultivado e lhes permite a sobrevivência. A Terra acabou por ser mal recebido oficialmente e foi truncado pelo regime, o que perturbou Dovzhenko de tal forma que o levou a sair da União Soviética e a viajar pela Europa e lá mostrar os seus filmes. (Disponível no YouTube e na Netflix)

‘Shadows of Forgotten Ancestors’, de Sergei Paradjanov (1965)

Realizado pelo georgiano de origem arménia Paradjanov na Ucrânia, nos Estúdios Dovzhenko, esta arrojada e deslumbrante fita é uma actualização da história de Romeu e Julieta. Um rapaz e uma rapariga da etnia Hutsul, que vive nas montanhas da região, apaixonam-se, apesar das suas famílias se odiarem desde tempos imemoriais, e dele ter morto o pai dela. O filme foi um grande sucesso de público na Ucrânia e um dos raros falados em ucraniano nessa altura em que o país era uma das repúblicas da União Soviética, e não foi nada bem encarado pelo regime, que o viu como tendo um perigoso conteúdo nacionalista. A estreia na Ucrânia foi aproveitada para protestos políticos contra Moscovo, levando a uma onda de prisões, incluindo a do realizador.

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‘Asas’, de Larisa Shepitko (1966)

Morta prematuramente num desastre de automóvel aos 41 anos, em 1979, a realizadora, argumentista e actriz ucraniana Larisa Shepitko assinou aqui o seu primeiro filme. Asas é a história de Nadezhna Petrovna, uma mulher de 41 anos, ex-piloto de caças na II Guerra Mundial, muito condecorada e estalinista convicta, que se mostra incapaz de adaptar à vida civil e ao seu emprego como directora de uma escola no campo, bem como a relacionar-se com a filha e a nova geração de que ela faz parte. Este drama intimista protagonizado por uma mulher de meia-idade foi fortemente atacado pela imprensa comunista, já que os filmes soviéticos não deviam mostrar conflitos entre pais e filhos, nem os heróis de guerra ser representados como pessoas fracas, indecisas ou intimamente torturadas.

‘The Guide’, de Oles Sanin (2014)

Candidato pela Ucrânia à pré-nomeação ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, The Guide passa-se nos anos 30. Michael Shamrock, um engenheiro americano idealista instala-se na Ucrânia com o seu filho de dez anos, Peter para “ajudar a construir o socialismo” e apaixona-se por uma actriz local, que é também cobiçada por um comissário do povo. Michael é assassinado após lhe terem sido confiados documentos sobre a repressão comunista na região, mas o filho consegue fugir, com a ajuda de Ivan, um cantor ambulante cego. Para sobreviver, Peter torna-se no guia deste, que o vai protegendo dos perigos o melhor que pode, ao mesmo tempo que o rapaz lhe vai descrevendo o mundo em redor e contando histórias sobre os EUA.

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‘Julia Blue’, de Roxy Toporowych (2018)

Julia é uma jovem estudante e activista ucraniana que começou a estudar fotografia após ter participado nos protestos da Praça Maidan, em Kiev, em 2013 e 2014, que levaram à queda do governo pró-russo de então e do presidente Viktor Yanukovich. Enquanto espera pelo resultado da sua candidatura a uma famosa escola de fotografia na Alemanha, a rapariga começa a trabalhar como voluntária num hospital militar da cidade, ajudando a tratar soldados que chegam feridos da frente de combate, acabando por se apaixonar por um deles, que vem com feridas psicológicas e não apenas físicas. Julia Blue é um drama romântico intimamente relacionado com a situação político-militar vivida na Ucrânia, e a primeira longa-metragem de ficção da sua realizadora, que vive nos EUA.

‘Donbass’, de Sergei Loznitsa (2018)

Nascido na Bielorússia, Sergei Loznitsa foi viver com a família para Kiev quando ainda era novo, e é um dos mais importantes e prolíferos cineastas a trabalhar na Ucrânia e na Rússia nos tempos que correm, dedicando-se quer ao documentário, quer à ficção. Rodado na região separatista recentemente declarada independente por Vladimir Putin, Donbass é uma comédia negra anti-russa e anti-militarista dividida em 12 segmentos, na qual o realizador fustiga também a corrupção, a injustiça e a propaganda e a manipulação política na Ucrânia, mostrando a maneira o conflito é usado como desculpa e cobertura para que se abuse em todos os aspectos dos cidadãos comuns, que tentam aguentar e continuar a viver o melhor que podem.

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