Rodado em vários locais, incluindo Valongo, a aldeia natal de Milhais, e no Campo de Tiro de Alcochete, onde foram recriadas as trincheiras portuguesas de La Lys, Soldado Milhões passa-se em dois tempos: na Flandres, em 1918, entre as tropas do CEP, das quais faz parte o jovem Milhais (João Arrais), e 25 anos mais tarde, em Valongo, onde o encontramos, já com família constituída, e personificado por Miguel Borges, a perseguir um lobo que lhe mata as ovelhas, acompanhado pela filha mais nova, Adelaide.
Jorge Paixão da Costa, um dos dois autores da fita, com Gonçalo Galvão Teles, contou à Time Out como nasceu este projecto: “Ele apareceu nesta forma há cerca de 5, 6 anos. O José Jorge Letria tinha gostado de A República, uma série que fiz para a televisão e sugeriu-me que a seguir devia pensar na I Guerra Mundial. Contou-me então a história do Milhões e praticamente fez-me o filme. E depois, o António Torrado, que escreve livros infantis, disse-me que a bisneta do Milhões é a Mafalda Milhões, que tem uma livraria em Óbidos, onde conta histórias a crianças. Fui lá e ela apresentou-me alguns familiares, caso dos tios-avós, um filho do Milhões e a filha, Adelaide. O guião final foi escrito pelo Mário Botequilha, mas tive outros parceiros de escrita antes dele. O que eles escreveram e nós tínhamos pensado era um bocadinho ambicioso, no sentido de ser caro demais. A partir daí, passámos a desenvolver este argumento. Tínhamos um realizador e continuei a acompanhar o projecto, sendo uma espécie de padrinho. E com a ajuda e muito mérito do Gonçalo, conseguimos fazer uma coisa digna, que não tem características miserabilistas.”