Tecnicamente as Termas de Monfortinho não fazem parte do Hotel Fonte Santa, mas os pouco mais de 100 metros que separam os dois edifícios justificam a história a dois tempos. Ali mesmo, à beira do rio Erges e a dois passos de Monsanto, encontram-se umas das termas mais antigas do país, famosas desde que os romanos descobriram uma nascente temperada a 29°C e perceberam que o contacto prolongado com a água favorecia o alívio dos sintomas da psoríase e do eczema atópico. Na altura talvez não soubessem identificar os males de que padeciam mas a simples observação a olho nu mostrava melhorias consideráveis no estado geral da pele e isso, só por si, valeu à nascente de Monfortinho a designação de Fonte Santa. Os anos passaram e as análises científicas à água revelaram boas notícias para outras patologias associadas ao cólon, à digestão, às hemorróidas (palavra feia para uma condição que também não é bonita), ao sistema urinário, às tendinites e à fibromialgia.O balneário é clássico na arquitectura, com grandes janelas panorâmicas, muito mármore no interior e um terraço que assume funções de solário ao ar livre, para descansar depois de ir a banhos. Os aquistas que aqui chegam têm à disposição dois tipos de intervenção terapêutica: a parte de balneoterapia, com imersões, duches, vaporizações e hidroginástica, e o spa propriamente dito, onde se cuida das questões associadas ao sistema musculoesquelético com massagens especializadas e pressoterapia. A passagem pela consulta de avaliação (40€) é obrigatória e a partir daí os tratamentos podem ser comprados avulso ou em pacotes de 20 ou 30, dependendo do objectivo. Um banho de imersão simples fica por 8,90€, o duche Vichy por 30€ e o banho antistresse por 20€.
No fim do dia, um caminho não oficial pelo meio das árvores pode levá-lo de volta ao hotel, onde terá à espera um quarto confortável, decorado ao estilo casa de campo chique, um restaurante tradicional com uns rasgos de modernidade (no Inverno aventure-se na apanha de cogumelos com a cozinheira) e um spa que completa a oferta do balneário vizinho com tratamentos de beleza que prometem devolver vitalidade e juventude à pele.
– Vamos aproveitar os feriados da Páscoa para ir dar uma volta?
– Não posso, já tenho coisas combinadas.
– Vais de férias?
– Vou para as termas.
– A sério?
Esta conversa podia remeter para meados do século passado com interlocutores que seriam, seguramente, pessoas de meia-idade, mas não foi assim que aconteceu. A troca de ideias deu-se entre duas pessoas com menos de 30 anos e deixou, como se percebe, uma delas num misto de espanto/desilusão/preconceito. Termas não é cool, nunca foi, e só agora é que a hotelaria parece estar a despertar para o fenómeno. Quem vai religiosamente todos anos às termas jura a pés juntos que é das melhores coisas de sempre e que não há tratamento de spa que consiga bater um banho de imersão com massagem ou as piscinas com jactos aquecidas a 36°C. Imagine-se sete dias de molho a cuidar de si. De repente não parece assim tão descabido tirar uns dias para ir às termas. Calha bem, já que a época termal acaba de abrir, mesmo a tempo de uma Páscoa alternativa. Na rota das águas milagrosas encontrámos três hotéis termais para onde íamos já outra vez.
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