Do centro de Viseu a Silgueiros são cerca de 15 quilómetros, vinte minutos de carro, mais coisa, menos coisa. Na zona, é a Quinta de Lemos a principal atracção. Foi na década de 1990 que Celso de Lemos, com carreira feita na indústria têxtil, fez nascer a quinta com o objectivo de ali fazer o melhor vinho. O sonho foi ganhando forma e em 2014 no cimo das vinhas era inaugurado o Mesa de Lemos, com Diogo Rocha a chefiar a cozinha – haveria melhor forma de dar os vinhos a provar? Quase dez anos depois, o restaurante é paragem de apreciadores de todo o mundo e para isso muito ajudou a estrela Michelin conquistada em 2019 e, mais recentemente, a estrela verde. À mesa, são servidos apenas os vinhos e os azeites da quinta, já o menu conta com uma dose de ingredientes da horta, mas também de produtores locais e certificados. “Nós aqui temos uma horta/campainha, é uma horta que nos vai dando sinais do que é que há e do que é que não há”, diz Diogo, no final de um jantar, numa sala composta, num restaurante que tem tanto de bonito como de minimalista, idealizado pelo atelier de arquitectos Carvalho Araújo. “Eu digo sempre, eu não quero ser pescador, não quero ser queijeiro, eu quero entender e perceber a dificuldade dessas pessoas, para depois poder transmitir ao meu cliente e também poder ajudar a valorizar.” E é exactamente isso que faz em cada refeição. São dois os menus: um de seis momentos (105€/135€ com suplemento de vinhos) e outro de oito (135€/185€ com suplemento de vinhos). A cada prato, uma descoberta, num cruzamento entre tradição e inovação, sem grandes alaridos, numa cozinha tão autêntica e honesta quanto o seu chef.
Estão fora dos grandes centros urbanos, longe muitas vezes também das atenções mediáticas, percorrendo um caminho habitualmente mais difícil. São restaurantes que valem qualquer viagem, promovem a região, os seus produtos e produtores. O caminho pode ser longo e demorado, mas estas escapadinhas gastronómicas valem muito a pena e provam que quando é para se comer bem não há desvios. Há restaurantes com estrelas Michelin e chefs com ambições astronómicas, há comida de conforto e fine dining surpreendente. São programas para um dia ou para se deixar levar e ficar, quem sabe não acaba a descobrir outras boas paragens à mesa.
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