Selina Boavista Ericeira
©Duarte DragoSelina Boavista Ericeira
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Dois novos hotéis para conhecer na Ericeira

De pequena terra de pescadores a reserva mundial de surf, a Ericeira mudou de cara mas não de coração. Fomos até à terra dos ouriços saber das novidades e descobrimos uma vila a fervilhar e pronta para se fazer ao mundo.

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Houve uma altura, não há muito tempo, em que ir à Ericeira era mais ou menos como tentar furar uma fila de discoteca sem ter o nome na guestlist. Era preciso conhecer alguém que tratasse a vila por tu para saber que afinal não era obrigatório ir de prancha debaixo do braço para estar à vontade. Nunca foi segredo que o peixe e o marisco da Ericeira são dos melhores da costa portuguesa – quem nunca se fez ao caminho só para matar as saudades das amêijoas à Bulhão Pato da Marisqueira Mar à Vista? – nem que as praias de água gelada reúnem uma das maiores concentrações de gente gira por metro quadrado, mas foi só quando recebeu o título de primeira reserva de surf da Europa que se abriu para dar as boas-vindas a não praticantes da modalidade. Pode parecer contraditório mas foi precisamente esta entrada para o pódio do circuito mundial de surf que de repente transformou a pacata vila piscatória, terra sagrada de surfistas apaixonados pela causa, num destino cosmopolita, menos exclusivo, é verdade, mas muito mais preparado para receber novas tribos em passeio. O movimento da vila aumentou e trouxe na bagagem novas lojas, bares e restaurantes para acrescentar à oferta tradicional. Para celebrar o início da década, damos-lhe duas novidades fresquinhas que não vai querer perder no novo Havai à portuguesa. Há um hotel internacional pensado para nómadas dos tempos modernos e uma quinta ideal para famílias.

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  • Mafra/Ericeira

Já rodámos alguns milhares de quilómetros pelo país para perceber que a cada hotel corresponde um tipo de público muito específico. Os hóspedes não são todos iguais, não é isso, mas há sempre um grupo prevalente que encaixa na perfeição na oferta do hotel. Tipo velhotes nas termas. É uma estratégia de negócio que se tem provado eficaz embora o grupo Selina o rejeite veementemente. Presente em mais de dez países, chegou a Portugal com a ideia urgente de transformar a hotelaria num organismo vivo que existe para se adaptar ao ambiente e ao público. A fórmula é simples: chama-se a comunidade local, artistas emergentes e talentos escondidos, juntam-se os que vêm de fora e cria-se um espaço de partilha e convívio gerido ao ritmo de cada um.

No Selina Ericeira, que abriu no Verão a dois passos do centro da vila, assume-se orgulhosamente o surf como linha mestra mas isso não significa que seja um hotel “para surfistas”. Também é, como é para famílias, casais apaixonados e nómadas modernos que só precisam de wifi para trabalhar. No fundo é para toda a gente que gosta de sítios bonitos e descomplicados com vida própria onde tanto dá para passar o dia no mar entre surf e paddle na reserva da Pedra Branca e acabar a tarde a beber um copo no terraço do hotel como para começar a manhã com uma aula de Yoga antes de se sentar a trabalhar na sala de cowork com uma taça de açaí e um café americano.

No Verão dir-lhe-íamos para se apressar a guardar lugar à beira da piscina mas para já vale a pena subir ao topo do hotel para admirar o mural do ilustrador Peixe Pedro e a vista panorâmica da vila. Entretanto deixe-se ficar e sinta-se em casa. Há uma cozinha partilhada para preparar refeições e onde é provável que acabe a jantar com companhia, uma sala de estar com biblioteca e muito espaço ao ar livre para pôr a casa a mexer. O terraço do hotel vai funcionar com programação regular aberta ao público entre recitais de de poesia, concertos, debates, workshops ou Dj sets.

No meio disto tudo pode optar por uma via mais calma e aproveitar a viagem para descobrir o que mudou na Ericeira. Se vai à espera de encontrar uma estância balnear simpática e com bom marisco mas deserta, vai ficar agradavelmente surpreendido com a vida da vila. Ela é brunches fotogénicos, cocktails de autor, lojas de surf, sushi, comida mexicana e noites longas de dança com vista para o mar, e também é a tradição do mercado pela manhã, do cheiro a grelha e das montras dos restaurantes a arrumarem-se com o que o mar entregou no dia.

Ainda assim, genuína e equilibrada, a Ericeira não se livra de ter algumas armadilhas para turistas – e os portugueses também caem –, por isso passe pela recepção e peça umas dicas à equipa para saber das novidades e fugir do engano.

O Selina Ericeira tem 58 camas em dormitórios e quartos para dois, três ou quatro, incluindo os micro quartos só com espaço para uma cama de casal e uma mesa de cabeceira. Mesmo nos quartos mais pequenos, com pouquíssima margem decorativa, as paredes servem de tela a artistas nacionais e convivem, lado a lado, peças antigas com mobiliário nórdico e artesanato local. E muitas, muitas plantas e muito verde por todo o lado para ilustrar a selva urbana que o Selina acaba de criar.

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Quinta dos Raposeiros
Quinta dos Raposeiros

Esta é a história de um casal lisboeta que deixou a cidade para dar vida a um espaço de turismo rural e agricultura biológica em 11 hectares com vista para o mar. A Quinta dos Raposeiros fica a 7 quilómetros da Ericeira, no vale da Praia de São Lourenço.

O plano de fuga começou a ser traçado na década de 90 com a plantação dos primeiros pomares, mas só no início deste ano é que a parte de alojamento começou a funcionar. São quatro apartamentos e seis quartos duplos preparados tanto para férias em família ou com amigos como para escapadinhas a dois.

O pequeno-almoço está incluído e reúne uma colecção impressionante de compotas feitas a partir de fruta biológica da casa. Junto à piscina exterior, a Sala do Telheiro tem sofás, jogos de tabuleiro, vista panorâmica e um quentinho perfeito para o final do dia.

Se viajar com filhos, vai gostar de saber que existe um halfpipe no terreno, uma rampa simpática e relativamente moderada para umas voltas de skate ou patins e cuja utilização é da inteira responsabilidade dos adultos. Ou então junte-se às aulas de Yoga e sessões de meditação que acontecem na pérgola panorâmica do jardim e siga um dos trilhos pedestres até ao mar. Se quando lá chegar sentir o chamamento das ondas, marque uma aula de surf ou paddle directamente na recepção.

  • Viagens

À chegada parámos sobre a praia do Sul onde as pranchas coloridas sinalizam dezenas de fatos pretos dentro de água. Descemos ao centro, cabelos gastos pelo sal ocupam a moldura, gentes que preenchem ruas e becos, crianças em corrida atrás de uma bola que baptiza a sua principal praça. 

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