Abre-se uma porta, um aroma florestal invade as narinas. Abre-se outra e entra-se num espaçoso lobby, cheio de puffs, troncos e indicações para as restantes valências deste design hotel.
Num bar com luzes fluorescentes, oferecem dois shots pelo preço de um ao som de “Don’t Stop Believing”, dos Journey. À porta de uma casa que junta fado tradicional, patanistas e cheesecake está um predador de turistas que tenta a sorte também com alfacinhas. Uma loja de conveniência aberta 24 horas por dia amontoa numa única prateleira minis, batatas fritas e Nossas Senhoras de Fátima. Há roupa estendida nas varandas, estudantes a cirandar e homens a vender óculos escuros e drogas leves. É assim a agitada Rua do Diário de Notícias. Mas depois, no número 142, silêncio. A confusão fica do lado de fora, logo que as portas automáticas em vidro do The Lumiares se fecham suavemente. O boutique hotel que desde Maio de 2017 vive no antigo palácio do conde de Lumiares é um oásis de tranquilidade em pleno Bairro Alto.
A independência dos hóspedes é um dos pilares da casa: à chegada, juntamente com a pass do wi-fi, eles recebem um número através do qual podem trocar mensagens pelo Whatsapp, quer estejam dentro ou fora de portas (ligar o 9 para a recepção é tão 2016). Todos os quartos espaçosos – que se dividem entre loft-studios, T1s, T2s e penthouses com vista – estão equipados com cozinhas onde não falta nada: têm máquina de café e cápsulas Nespresso, torradeira e fervedor de água SMEG e serviço de pratos, talheres e copos completo, além de máquina de lavar a loiça. No frigorífico estão uma garrafa de vinho, um chocolate da Equador, refrigerantes e águas: tudo cortesia do hotel, paga apenas a partir da reposição. E, por falar em cortesia, as amenities são da portuguesa Claus Porto.
Portugal está aliás bem representado no luxuoso mas descontraído The Lumiares: as almofadas garridas, as mantas sobre as camas e os tapetes a fazer de quadros vêm de Reguengos de Monsaraz. Gostava de ter um em casa, mas uma viagem até ao Alentejo não está nos planos? Tudo o que está á vista, está á venda – do roupão turco pendurado na casa de banho aos quadros de fotógrafos e pintores portugueses; dos nortenhos tapetes Ferreira de Sá ao livro de receitas do chef Miguel Castro e Silva. É ele que comanda as tropas no quinto e último piso, onde fica o restaurante Lumni. Tal como será ele a coordenar o projecto do Mercado Café, na entrada do hotel pelo lado do Miradouro de São Pedro de Alcântara, por enquanto encerrada. Estão prometidos petiscos e pastelaria tipicamente portugueses, para hóspedes e não só.
Mas voltemos a apanhar o elevador até ao quinto andar: se for de manhã, é lá que vai encontrar o pequeno-almoço, servido até às 10.30, com vários tipos de pão, croissants, queijos, bolos caseiros, taças de fruta e sumos naturais espalhados pelo balcão da cozinha aberta. A pedido, há ainda ovos de todas as formas e feitios e panquecas, panquecas que chegam à mesa bem altas, leves e fofas, com maçã e açúcar. Obrigatórias e inesquecíveis.
Se for ao final do dia, o rooftop tranquilo, ainda quase desconhecido da cidade, convida a cocktails ao pôr-do-sol com vista para o castelo e para o Tejo. Não vá o Porto Souer cair-lhe na fraqueza, acompanhe com as empadinhas de Castro e Silva.
Antes do check-out, passe ainda pelo spa do The Lumiares. Não está reservado a hóspedes e tem o exclusivo da marca francesa La Sultane de Saba. No início da massagem de relaxamento de aromaterapia, será convidado de escolher entre três inspirações: Bali, Malásia ou Rota das Especiarias. Uma viagem infinitamente relaxante ao outro lado do mundo – a sério que continuamos em pleno Bairro Alto?
Faça a sua reserva aqui: The Lumiares Hotel & Spa. Rua do Diário do Notícias 142, Bairro Alto. A partir de 190€/noite.