Vila Galé Sintra
Tiago de Paula Carvalho
Tiago de Paula Carvalho

Vila Galé Sintra: um retiro no cimo da montanha

Tem 158 quartos, dois restaurantes e nove programas dedicados ao bem-estar físico e mental dos hóspedes.

Raquel Dias da Silva
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Sintra guarda os seus caprichos, mas nem o fresco nem a bruma habitual são capazes de ofuscar o healthy lifestyle hotel” de cinco estrelas, em plena Várzea. Com uma vista deslumbrante para a serra e para o emblemático Palácio da Pena, este não é um sítio só para ficar. O campo de ténis e polidesportivo, muito perto do acesso principal, é a primeira pista para um conceito inovador, voltado para a saúde, que propõe a todas as famílias o equilíbrio, há muito ansiado, de umas férias ou escapadinhas tão activas quanto relaxantes.

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Bálsamo para o corpo, alimento para a alma

Além de um edifício singular e dez blocos de apartamentos turísticos, emoldurados pelo verde da paisagem, o Vila Galé Sintra, a dez minutos de carro do centro histórico, destaca-se essencialmente por duas razões. Primeiro, a arquitectura, que não dispensa nem varandas nem filas de janelas, por onde o pouco sol deste postal vivo vai entrando e o enquadramento natural de conto de fadas está sempre presente. Por último, porque o melhor fica sempre para o fim, o Revival Medical Spa, o primeiro do grupo hoteleiro. Com nove programas diferentes, dedicados ao bem-estar físico e mental dos hóspedes, o projecto pioneiro promove um estilo de vida saudável, através de cuidados médicos, uma alimentação equilibrada, prática de desporto e terapias holísticas. Mas sem nunca esquecer as crianças, que até aos 12 anos, instaladas no quarto dos pais, não pagam nem alojamento nem refeições. A propósito, se o objectivo é cuidar do corpo e revigorar a mente, faz todo o sentido começar por um dos dois restaurantes do hotel, abertos ao público em geral, onde predominam sugestões de baixo teor calórico, pensadas em parceria com uma nutricionista.

No Versátil, o restaurante principal, as opções são servidas em buffet, uma ilha a meio da sala com comida leve e rápida: pão de sementes e uma selecção de pastelaria de açúcares não processados, iogurtes de soja com cereais, fruta fresca variada, carnes frias e pratos quentes. Para beber, sobressaem os sumos naturais e detox, que poderá provar mais tarde, no bar, numa zona onde se encontram várias áreas de descanso, com sofás, chaises longues e uma mesa de snooker. À noite, é o spot perfeito para se aquecer junto à salamandra suspensa, a apreciar um smoothie ou um cocktail sem álcool, como o Reiki, com sumo de romã e goji, sumo de laranja natural e espuma de ananás. Antes, é impossível resistir ao Inevitável, um espaço de degustação à la carte no quarto andar, onde se apresentam propostas gourmet com inspirações mediterrânicas, como o portobello gratinado com espargos verdes e tomate assado em tagliatelle de legumes, o risotto de morilles com lascas de parmesão e azeite de trufas , ou o peito de pato em puré de aipo, redução de Santa Vitória e framboesas. A seguir, a cereja no topo do bolo: a sobremesa. Se não for capaz de resistir, nos anjos confia-se sempre e o bolo de anjo com creme de matcha e morangos revela-se uma aposta certeira. Apesar de não fazer mossa na balança, não se livra da sensação de ter ido à despensa da cozinha procurar o mais doce dos doces.

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Estômago reconfortado, podemos dar-nos ao luxo de fazer uma pausa, por exemplo na biblioteca ou nas espreguiçadeiras em frente a uma das duas piscinas exteriores. Privilégios de não haver miúdos por perto. Nessa eventualidade, há um clube só para eles, o NEP, onde o monitor Dedé, que veio de propósito do Brasil, dinamiza a zona infantil até às 21.30 (22.30 durante o Verão), com uma série de actividades especiais, como sessões de cinema, ateliês de artes plásticas, workshops na horta pedagógica, guardada pelo Espantalho Zé, e até concursos informais para ver quem salta mais alto no parque de trampolins. Já para para não falar do carrossel, da piscina com escorregas e das aulas de fitness.

Com tanto para entreter os mais novos, a tarefa fica mais fácil para os adultos, que podem desfrutar de sessões de yoga e meditação, ginásio aberto 24 horas, um circuito de manutenção, que se estende por cerca de seis centenas de metros de jardim, ou do spa Satsanga, que convida ao relaxamento total através de vários tratamentos, desde sessões de fisioterapia e osteopatia até rituais ayurvédicos e esfoliações de frutos vermelhos, mirtilos ou zimbro. A ideia é deixar as irritações fora da marquesa, descomprimir e aprender a lidar melhor com os níveis de ansiedade e stress. Mas, como às vezes basta uma boa sesta, está também à vontade para aterrar na cama, sem pompa nem circunstância.

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Por entre os 158 quartos disponíveis (desde 160€), destacam-se 44 familiares e 15 suítes, todas com varandas espaçosas, muitas delas com monumentos emblemáticos da vila de Sintra como pano de fundo, outras viradas para os amplos jardins do hotel. No interior, as cabeceiras das camas são forradas a pele e veludo, num tom escuro a contrastar directamente com os lençóis brancos. A decoração, inspirada em mitos e lendas sintrenses, evoca noites oníricas, com princesas mouras, locais misteriosos e forças esotéricas. Mas, se o que queremos é enfiar a cabeça dentro de água, a solução é óbvia, basta voltarmos ao spa Satsanga. Embora também valha a pena o regresso para uma massagem relaxante com pindas aromáticas, o objectivo será explorar o resto do espaço: o jacuzzi, a sauna, o banho turco e a jóia da coroa, a piscina interior. Não, não é uma piscina interior qualquer. É infinita (essa ilusão magnífica) e panorâmica. À volta, vidro por todo o lado. É quase como se estivéssemos lá fora. A temperatura sempre quentinha é, contudo, muito mais agradável, mesmo à noite (a piscina está aberta das 07.00 às 22.00). O impulso para mergulhar é demasiado forte e, em menos de dez segundos a fazer de sereia, temos a certeza: não queremos ir a mais lado nenhum.

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No início não era o verbo, era a taberna: foi assim inaugurado o Búzio na Praia das Maçãs, em 1959, antes de se transformar em cervejaria e restaurante na década seguinte, em 1964. O mérito é de Alberto Mateus, que morreu em 2013, mas não sem antes envolver a mulher, Fernanda, o filho, Luís Alberto, e a filha, Dina, no negócio de família, que entretanto já vai na terceira geração e continua a prosperar para encanto de todos os sintrenses e visitantes.

Com vista para o areal, a casa espaçosa mantém-se do outro lado da estrada, depois de anos a ver a zona crescer. Além de uma vasta garrafeira, recheada de raridades, dispõe de esplanada e dois viveiros, um dentro do próprio restaurante e outro nas redondezas, junto ao mar. Mas é a carta a fazer cair o queixo. Na lista de especialidades, encontra lagosta frita (120€/kg) ou suada por encomenda (125€kg), açorda ou arroz de marisco (38€ a 45€), várias cataplanas e a frigideira do chefe, com garoupa, camarão, amêijoas e mexilhão (52€).

À mesa, António Mateus Cruz, neto de Alberto, conta-nos como, depois do avô morrer, começaram a abrir uma garrafa antiga por ano, em jeito de homenagem. As histórias, muitas e curiosas, vão-se desenrolando, sempre à volta d’O pai do Búzio, como lhe chamou Miguel Esteves Cardoso, em 2013, numa crónica para o jornal Público. António, orgulhoso, conta por exemplo como o avô promoveu um encontro entre as fadistas Ermínia Silva e Amália Rodrigues, que estavam zangadas na altura e acabaram por fazer as pazes durante um jantar de aniversário.

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O Quantum Park dispõe de uma espécie de santíssima trindade das diversões, ao dividir-se em três estações distintas, cada uma delas com níveis de dificuldade adaptadas à experiência (ou à falta dela) de cada um. À entrada somos bombardeados com um arco-íris transformado em parede de escalada com nove metros de altura, um verdadeiro recreio na vertical. São duas dezenas de paredes Clip’n’Climb, um sistema de rapel único em Portugal que não dá margem para riscos assim que começar a subir (aguenta com centenas de quilos), e até tem algumas com contadores, para competir com os seus amigos. Ao lado está um slide de queda vertical, que é mais ou menos a mesma sensação de estar num daqueles escorregas aquáticos.

A prata da casa são, claro, os trampolins, que ocupam a maior área do parque, onde se ergue um campo de basquetebol, outro de dodge ball e uma torre de saltos, para os mais corajosos, que caem directamente nas piscinas de esponja – assim ninguém se aleija. Mas há ainda um percurso ninja, com saltos, equilibrismo, corrida, suspensão, a fazer lembrar os Jogos Sem Fronteiras, que fazem parte da memória colectiva das décadas de 80 e 90.

Ao fundo do parque, está a zona mais radical, onde, ainda assim, será difícil sair com os joelhos esfolados. Há um half-pipe para quem quiser mostrar os dotes em cima do skate, mas não precisa de ser grande especialista porque ao lado, e para o proteger, está um air bag gigante em forma de rampa para aterrar depois de uma manobra sobre rodas. Quanto aos preços, as actividades são pagas à hora: os trampolins a 12€ e a escalada a 14€, se pagar mais 5€ em cada uma fica com acesso a uma hora na rampa de skate. 

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Praia e Restaurante das Azenhas do Mar
Praia e Restaurante das Azenhas do Mar

O miradouro das Azenhas do Mar, um ponto de paragem obrigatório para todos os caçadores de likes no Instagram, ganhou um novo visual. O acesso foi interditado aos carros e agora só se faz a pé ou de bicicleta. Há novos banquinhos, um passadiço de madeira e um parque de estacionamento. A vista continua a mesma. Cheira a mar, sabe a mar e não se vê mais nada senão mar. Suspenso sobre a praia e a piscina natural das Azenhas do Mar, encontra o restaurante homónimo, sempre com marisco e peixe fresco, para pedir ao quilo, no carvão ou ao sal. A esplanada tem novas mesas e cadeiras com paletes de madeira, para tardes com jazz e DJ sets. Aí, nessa zona exterior, mais perto do mar, levamos levemente com a rebentação das ondas.

O restaurante em pedra e madeira é imponente, como uma extensão da paisagem, primo do rochedo ao lado. As janelas à volta permitem uma vista panorâmica e no terraço vê-se mais mar a perder de vista. “Estamos a criar um novo espaço no terraço, com uma ementa diferente, para dar continuidade ao trabalho feito no bar da praia”, conta à Time Out o proprietário João Calas. “Queremos complementar o restaurante com uma zona de lounge, onde os clientes podem encontrar pratos mais leves e comer fora de horas, para continuar a explorar os finais de tarde, porque temos boas condições lá em cima para pôr um conjunto a tocar, por exemplo.”

No futuro bar, vão ter uma nova carta de gins, que irá incluir um 100% biológico de Mértola, da autoria do chef de bar e gin master, Ricardo Jesus. “Tem mais de dez botânicos diferentes, mas o predominante é o figo da Índia”, revela.

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A padaria que mais tarde viria a ser conhecida por Piriquita foi fundada em 1862. Trabalhavam lá Amaro dos Santos, padeiro de profissão e a sua mulher Constância Gomes. “A minha trisavó era uma senhora muito pequenina e o rei Dom Carlos chamava-a Piriquita. Foi ele que a encorajou a confeccionar as queijadas. Mas foi a minha bisavó a responsável pelos travesseiros e agora fazemos igual ao de antigamente para não perdermos a qualidade”, garante o actual proprietário, Rui Cunha.

“Têm uns pós de perlimpimpim que eu não digo o que é”, brinca. “São estaladiços e cremosos: levam creme de ovo, amêndoa e açúcar.” Posto nestes termos parece coisa fácil de reproduzir, mas não é bem assim. Actualmente com duas casas na vila de Sintra, há exemplares quentinhos sempre a sair (1,40€) e, para os menos puristas, já há versões com recheios de chocolate e maçã (1,30€).

Os travesseiros, contudo, não são os únicos doces à venda: também há tortas, queijadas, pastéis de Sintra, com ovo e amêndoa, e pastéis da Cruz Alta, com ovo, amêndoa e feijão. “Temos fabrico próprio”, acrescenta, guiando-nos até à cozinha onde o cheiro a torta de laranja nos entra pelo nariz. Ao mesmo tempo, leva-se travesseiros ao forno e molda-se a casca das queijadas à mão.

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Passeios com a Lynx Travel

A Lynx Travel dedica-se a viagens aventura, passeios culturais e experiências fotográficas. O guia de serviço é José Dias Pereira, que em registo de proximidade revela histórias e factos acerca dos percursos diversificados, ao longo de praias, na cidade de Lisboa ou na Serra de Sintra, em caminhadas nocturnas ou diurnas. 

“Há dez anos, fiz uma viagem à Serra da Malcata, que é considerada reserva nacional do lince ibérico, mas já é raro encontrar a espécie em Portugal”, começa por explicar José. “Nós também queríamos eventos raros, não massificados, que fossem mais íntimos, com dez, dúzia e meia de pessoas. Há pessoas que já vieram três ou quatro vezes e às tantas vamos jantar a casa uns dos outros e cria-se uma comunidade", comta. Com a crescente procura, José tem organizado grupos maiores. "A dinâmica é diferente, o programa é o mesmo, pode é demorar um pouco mais”, confessa. “Mas não caminhamos por caminhar. Temos sempre temáticas. Por exemplo, mitos e lendas de Sintra em noites de lua cheia, em que até fazemos um pequeno teatro e oferecemos uma bebida celta aos participantes. Temos uma produção mais ao menos caseira.”

Estes programas de noite de lua cheia começaram no ano passado e têm tido muita procura. “Vêm muitas crianças. Para este passeio, se vier um casal com filhos, nós oferecemos o bilhete das crianças até aos 12 anos, para que os pais não tenham de pedir a ninguém para ficar com os miúdos.” Os bilhetes normais custam 10€ (adulto), 7,50€/pessoa (numa inscrição para dois adultos) e 5€ para crianças dos seis aos 12 anos (excepto nas caminhadas nocturnas, em que é gratuito).

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Dois anos de obras e um milhão e meio de euros depois, o News Museum abriu na morada do antigo Museu do Brinquedo, em 2016, para contar a história dos media e da comunicação em Portugal e no mundo através de boas e más notícias.

No piso 0, junto à cafetaria Gazeta, há uma área onde pode fazer um directo de televisão: basta colocar-se em frente à câmara, com o pano verde por trás, escolher um tema de reportagem e fingir que é um verdadeiro repórter. A sua queda para a reportagem será partilhada com os fãs depois de ver o seu trabalho publicado no canal de YouTube do museu. Mas a visita propriamente dita começa apenas no piso 3: 37 segundos é o tempo que leva o elevador a subir. Depois há mais de duas mãos cheias de módulos temáticos para percorrer. Há uma sala dedicada ao jornalismo desportivo, outra ao de guerra e uma até para a propaganda, com vídeos e cartazes ideológicos, entre o Tio Sam, a Juventude Hitleriana e símbolos criados por António Ferro, director do Secretariado de Propaganda Nacional, durante o Estado Novo.

Há ainda uma sala com uma parede táctil, onde pode ler, ouvir e saber mais sobre as caras mais conhecidas do jornalismo, e uma espiral informativa que junta mais de meia centena de ecrãs com canais de todo o mundo em directo. Já para não falar do estúdio de rádio, onde poderá gravar um comunicado do Movimento das Forças Armadas portuguesas, e da experiência de realidade virtual, que nos leva numa viagem pelos media do futuro. Cuidado para não enjoar.

Escapadinhas

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