Bartolomé Murillo (1617-1682) foi baptizado em Sevilha e aí foi iniciado na arte da pintura por Juan del Castillo. Em 1642, com 26 anos, mudou-se para Madrid, mas regressou três anos depois e ficou na cidade andaluza até à morte, aos 64 anos. Embora tenha deixado uma imensa quantidade de pintura religiosa, é hoje mais lembrado pelos quadros que captam a vida das classes populares e em particular das crianças pobres, que representou de forma realista, não omitindo a sujidade nem as roupas rasgadas, remendadas e puídas, e apresentando-as entregues a actividades banais e quotidianas como comer, jogar aos dados ou catar pulgas. Apesar da pobreza, o tom costuma ser bem-humorado e anedótico, algo que se perdeu com os imitadores de Murillo, que apenas exploram o lado amável e sentimental e criaram milhares de meninos pobres lacrimejantes e lacrimogéneos que, durante boa parte do século XX, foram peça indispensável da decoração doméstica (isto foi antes de haver IKEA, claro).
O tempo de Murillo foi pródigo em grandes pintores – Ribera, Velázquez, Zurbarán – mas também teve grandes compositores, embora os segundos estejam hoje longe de gozar da visibilidade dos primeiros.
Concertos de homenagem a Murillo no 43º Festival de Estoril Lisboa
O organista Andrés Cea Galán dá um recital preenchido por obras de compositores espanhóis do século XVII – Francisco Correa Arauxo, Pablo Bruna, Juan Cabanilles, Joséph Jiménez.
Igreja de S. Vicente de Fora, sábado 8 de Julho, 17.00, grátis.
O Sonor Ensemble, dirigido por Luis Aguirre, propõe um programa que inclui a estreia de Niños de Murillo, de Sebastian Mariné (n. 1957) e Cádiz e Sevilla, de Albéniz; sem relação com Murillo, ouvir-se-ão o Concerto para violino e piano op.21, de Chausson, e o Verano Porteño, de Piazzolla.
Palácio Nacional da Ajuda, segunda-feira 10 de Julho, 18.00, 12€.
O ensemble de música antiga Orphenica Lyra propõe obras de contemporâneos e conterrâneos de Murillo, como Juan Arañés, Sebastian Durón, Francisco Guerau, Juan Hidalgo, José Marín, Miguel Martí Valenciano, Antonio Martín y Coll e Gaspar Sanz. A interpretação é de Soledad Cardoso (soprano), Ventura Rico (viola da gamba) e José Miguel Moreno (guitarra barroca).
Palácio Nacional da Ajuda, sábado 15 de Julho, 18.00, 12€.